Ambiente sustentável


A educação ambiental nasceu com a proposta de gerar uma consciência ecológica que possibilite mudanças de comportamentos relacionados à proteção da natureza e ao desenvolvimento sustentável, num processo em que a escola assume papel fundamental. No Colégio Estadual Padre Anchieta, em Duque de Caxias, a preservação ambiental foi o fio condutor da 5ª Feira de Ciências e da Matemática.

Durante dois meses, as 24 turmas do Fundamental II e do Ensino Médio aprofundaram as pesquisas sobre variados aspectos dessa temática, analisando problemas e sugerindo soluções, a partir de ações e mudanças de hábito, visando uma relação mais harmoniosa com o planeta. O resultado dos trabalhos interdisciplinares foi compartilhado com a comunidade escolar em três dias de apresentações.

Entre os objetivos propostos pela equipe pedagógica estão analisar a relação homem/natureza, conscientizando sobre a necessidade de preservar os recursos naturais e promover o desenvolvimento sustentável. Cada turma contou com um professor responsável e um ajudante. Os grupos foram divididos e os subtemas, relacionados ao tema central, foram definidos. A partir daí, surgiram as ideias de como executá-los. A troca de sugestões entre os grupos e os docentes foi fundamental para ajustar o conteúdo às metas estabelecidas.

Uma das turmas do 1º ano do Ensino Médio abordou formas de conscientização ambiental. Os alunos promoveram uma palestra com apresentação de slides. “A ideia foi debater a poluição provocada por empresas em estradas, rios e lagos. Acreditamos que somente quando boa parte da sociedade despertar para o que vem ocorrendo com o planeta é que poderemos mudar o quadro atual”, analisa o estudante Alessandro Silva.

As professoras Valdenice Soares, de Língua Portuguesa, e Liliane Amorim, de Educação Física, foram as responsáveis pela turma. “A Feira de Ciências é uma oportunidade que cada aluno tem para expandir os seus conhecimentos e para se tornar um agente multiplicador, tanto no núcleo familiar quanto com os amigos”, afirma Valdenice. “Com o projeto, todos os professores se envolvem, criando um clima de cooperação e de troca”, complementa Liliane.

As professoras Marcia Iara – de Filosofia, Sociologia e História – e Adriana Clacídio – de Química – trabalharam com a turma 2.001 a legislação ambiental e o uso de agrotóxicos. “Partimos das resoluções oriundas da Rio Eco-92, a sua aplicabilidade na Rio +20 e a legislação do nosso cotidiano. Propomos à turma investigar que ações saíram dessas duas conferências e foram, de verdade, aplicadas”, destaca Marcia. Para a aluna Eshiley Koyama, algumas pessoas sabem que existem leis de preservação ambiental, mas não as cumprem. Outras, por desconhecimento, entram em lugares em que não podiam estar. E tem aquelas que frequentam espaços permitidos, mas não sabem preservá-los. “O que tentamos passar é a conscientização, pois algumas leis já existem e não são cumpridas. Por exemplo, a Lei Municipal 2.022, de 30 de dezembro de 2006, estabelece, em Duque de Caxias, a política de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente. Contudo, fomos a lugares onde essa lei não está sendo cumprida”, denuncia.

Participaram do projeto mais de 20 turmas, que aprofundaram as pesquisas sobre variados aspectos da temática, analisando problemas e sugerindo soluções

Um desses espaços é a reserva biológica do Parque Equitativa, em Santa Cruz da Serra, que abriga um dos poucos espaços de Mata Atlântica da Baixada. O grupo do aluno Ewerton Wagner foi lá e ficou desapontado: “É um ambiente para ser preservado, mas não foi o que vimos. Não adianta ter lei se ela não é aplicada. Penso que a comunidade precisa assumir a responsabilidade, tomar consciência do quão importante é esse espaço, plantar árvores e parar de vez com o desmatamento e com as queimadas”.

Os estudantes promoveram ações e mudanças de hábito, visando uma relação mais harmoniosa com o planeta

A aluna Gabrielle Flor acrescenta: “Para ajudar a frear os danos contra a flora e a fauna, projetos conservacionistas são criados ao redor do Brasil e do mundo. A ideia principal desses programas é preservar uma espécie animal ou um bioma e realizar pesquisas que contribuam com a recuperação do habitat. Creio que podemos fazer isso com o Parque Equitativa também”.

Com a turma 2.002, a professora de Inglês Oredes Rubens aproveitou o conteúdo da sua disciplina e montou um projeto de reciclagem: “Lancei mão de uma ideia publicada em uma edição da revista Educar que abordou a aplicação da língua inglesa em uma atividade com materiais recicláveis. A partir daí, desenvolvi um projeto que culminou com a montagem de um supermarket, em que todos os objetos, materiais e utensílios estão em inglês”, conta a professora.

O professor de Matemática Edmilson Leal propôs à turma 3.001 um estudo sobre as mineradoras. Atualmente, as companhias desse setor são obrigadas a cumprir normas ambientais. Contudo, alguns métodos de exploração antiquados continuam a causar, em países com fraca regulamentação, efeitos devastadores no ambiente e na saúde pública, podendo causar contaminação química grave do solo nas áreas afetadas. “A proposta é que o visitante tenha uma ideia geral sobre as mineradoras.

O primeiro grupo mostra quantas são e como elas se apresentam no país. Em seguida, outros apontam as vantagens, desvantagens e dão sugestões de como as mineradoras podem atuar sem danificar o meio ambiente. A nossa ideia é tirar os alunos da sua zona de conforto, sempre promovendo a interação e a união entre eles. Hoje mesmo, antes do início das apresentações, já passei por cada grupo e destaquei os pontos fracos e o que pode ser melhorado”, explica Edmilson.

Os alunos também contaram com a ajuda das professoras Monique Guedes, de Filosofia, e Andréia Barros, de Língua Portuguesa. “O projeto fez com que muitos alunos descobrissem que na região onde eles vivem também há mineradoras e que é preciso estar atento para os danos ambientais”, alerta Monique. “Eventos pedagógicos como esse fazem o estudante compreender o conteúdo de forma prática. É o momento para experimentar outras formas de conhecimento, de maneira mais elaborada. Eles saem das quatro paredes da sala de aula e vão para um aprendizado mais vivenciado”, arremata Andréia.

O grupo da aluna Alice Vieira apresentou um trabalho sobre os areais de Duque de Caxias. Com maquetes e cartazes os alunos demonstraram como a extração de areia e minerais provoca o desmatamento, a poluição sonora e a contaminação do solo e da água da região.

A turma 3.002 realizou na escola um projeto de jardim sustentável, com o auxílio da professora de Sociologia e Filosofia Priscila Pires. “Inicialmente, foram organizados três pequenos jardins e uma horta nos fundos da escola. Começamos com as plantas e depois tentaremos implementar outras práticas, propiciando uma escola sustentável e um ambiente mais agradável para os alunos”, conta Priscila.

Já a turma 3.003 explorou o tema “Seu lixo te incomoda?”, com a orientação da professora de Biologia Andréia Mantovi: “Este é um problema que preocupa todas as sociedades do mundo. Esses alunos trabalharam apontando alternativas relacionadas à reciclagem, aterro sanitário, compostagem e incineração”.

Já as professoras Solange Leiros, de Língua Portuguesa, e Elizangela Ribeiro, de Geografia, também auxiliaram a turma na execução dos projetos. A 3.004 e a 3.005 contaram com as professoras Elaine Marinho, de Matemática, e Stella Correa, de Física, para produzir um jornal escolar. “Há dois anos estamos desenvolvendo esse periódico. Desde então, a cada projeto interdisciplinar, a turma que eu trabalho lança uma edição. Este ano, enfocamos a Barragem de Saracuruna, por ela estar localizada na região e correr o risco de romper. Caso isso aconteça, vários bairros do município podem ser atingidos”, declara Elaine.

A feira interdisciplinar também contou com a participação do Sesc de Duque de Caxias, que trouxe para a escola, nos dias de culminância, dois projetos: o “Sesc + Verde: plantio e troca de mudas” e a “Casa sustentável”. Os alunos participaram de uma oficina de compostagem e acompanharam as etapas que vão da semeadura ao plantio. Ao final, cada estudante levou uma muda para casa.

Após a conclusão das apresentações, o diretor da instituição, professor Renan Oliveira, fez uma avaliação da feira deste ano: “O projeto abordou um tema atual, que provocou a reflexão e despertou o senso crítico do aluno. Nesse contexto, creio que o papel social da escola é fundamental, pois possibilita ao estudante conhecer a sua região e compreender a realidade em que vive. Faz ele se situar e atuar como cidadão”.


Por Tony Carvalho
Colégio Estadual Padre Anchieta
Av. 31 de Março, s/nº – Parque Paulista – Duque de Caxias/RJ
CEP: 25261-000
Tel.: (21) 3666-1278
Site: www.cepadreanchieta.com.br
Diretor-geral: Renan Oliveira
Fotos cedidas pela escola


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