Um mergulho na cultura indígena
Educação infantil aprende sobre diversidade, empatia e sustentabilidade em projeto inspirador

Com o objetivo de promover o respeito, a valorização e a preservação das culturas e conhecimentos dos povos originários, o projeto Circuito de Vivências Indígenas, idealizado pela educadora Luciene Albernaz Dias, trouxe uma imersão rica e sensível sobre a história e o modo de vida indígena para as turmas da Educação Infantil do Espaço de Desenvolvimento Infantil Fernão Dias, localizado em Marechal Hermes. Mais do que um conjunto de oficinas, o projeto se propôs a integrar a história, a língua, os costumes e as visões de mundo indígenas ao currículo escolar, promovendo uma educação inclusiva e antirracista, em consonância com a Lei 11.645/08, que determina o ensino da História e Cultura Indígena e Afro-brasileira nas escolas.
Resgate cultural e novas formas de aprender

Inspirado no PPA da unidade “EDI Fernão Dias viaja no tempo: dos dinossauros à inteligência artificial”, o circuito foi desenvolvido durante o segundo bimestre, dentro da temática “Povos Originários: nossas raízes, nossa cultura”. Como material norteador, as atividades se basearam no livro Kijetxawê Zabelê: Aldeia Kaí – produzido por estudantes e professores Pataxó – e no álbum Nãnde Reko Arandu, que reúne cantos e músicas tradicionais guarani. O projeto envolveu pesquisa, formação dos profissionais e intensa participação da comunidade escolar. Famílias contribuíram com materiais e recursos pedagógicos, fortalecendo o vínculo entre escola e território.
Uma semana inteira de descobertas
A culminância do projeto foi realizada ao longo de uma semana na sala de leitura, transformada em um verdadeiro espaço de vivências. Cada turma participou de estações temáticas repletas de experimentação, arte e ludicidade. As atividades começaram com as turmas do maternal II, que exploraram a Estação do Faz de Conta, tendo o urucum como elemento central. As crianças puderam conhecê-lo em diferentes formas, fruto, semente e pó e manusear utensílios do cotidiano indígena, como cestos, panelas e gravetos, em um jogo simbólico que estimulou a curiosidade e as sensações táteis.
Na sequência, as turmas da pré-escola II vivenciaram um mergulho artístico ao reproduzirem grafismos indígenas inspirados no livro Kijetxawê Zabelê. As turmas da manhã utilizaram giz e carvão, enquanto as da tarde criaram com tintas naturais produzidas com urucum, café, açafrão e beterraba. Já as turmas da pré-escola I participaram de uma experiência sensorial com alimentos de origem indígena, explorando o nome, a textura, a cor, o peso e o aroma de alimentos como mandioca, mamão e melancia, que depois foram degustados coletivamente em roda.
Outro momento marcante foi a Estação de Modelagem, em que as crianças da Pré-escola II colocaram a mão na argila para criar panelas, vasos e outros objetos inspirados em artefatos indígenas, exercitando a criatividade e o senso estético. Encerrando o circuito, a Estação Rio e Natureza apresentou a história “Iamani, a mãe d’água”, produzida por estudantes da Escola Indígena Kijetxawê Zabelê. Após a contação, os alunos participaram de uma pescaria simbólica e de uma brincadeira cantada sobre as marés, encerrando a semana de forma lúdica e cheia de aprendizados sobre a relação entre natureza e cultura.
Educação que transforma

De acordo com a idealizadora, o Circuito de Vivências Indígenas ampliou o repertório cultural e cognitivo dos participantes, fortalecendo o respeito à diversidade, o senso ambiental e a empatia. As crianças passaram a compreender que os indígenas fazem parte ativa da sociedade contemporânea, utilizam tecnologia e vivem em contextos variados, desconstruindo estereótipos e visões folclorizadas. Para os educadores, o projeto se consolidou como inspiração para novas práticas pedagógicas pautadas em respeito, identidade e valorização cultural.
A experiência vivida no Circuito de Vivências Indígenas também marcou os profissionais envolvidos. Para a diretora-adjunta Nathally da Silva Santos, participar do projeto foi uma oportunidade única de valorização da diversidade cultural e de promoção do respeito às tradições dos povos originários. Ela destaca que a vivência foi profundamente enriquecedora tanto para os professores quanto para as crianças, despertando curiosidade, interesse e consciência sobre a importância da preservação ambiental e cultural.
A professora Fabiana Ennes Lima, por sua vez, ressalta o encantamento e o envolvimento das crianças durante as oficinas. Segundo ela, a cada vivência era possível perceber o crescimento do respeito e da admiração pela cultura indígena. Fabiana afirma que foi emocionante acompanhar o entusiasmo dos alunos ao manusear os materiais, ouvir as histórias e se expressar por meio das artes. Para ela, iniciativas como essa plantam sementes de aprendizado, troca e afeto que permanecem na trajetória de cada participante.
Educação para o presente e o futuro
Com uma abordagem transdisciplinar, o Circuito de Vivências Indígenas reafirmou o papel da escola como espaço de transformação social e de construção de conhecimento coletivo. Mais do que ensinar sobre os povos indígenas, o projeto ensinou com eles, valorizando suas vozes, saberes e modos de existir, e formando cidadãos mais conscientes, empáticos e críticos.
Espaço de Desenvolvimento Infantil Fernão Dias
Rua Marapendi, 257 – Marechal Hermes – Rio de Janeiro/RJ
CEP: 21557-130
Tel.: (21) 3018-2118
E-mail: edifernaodias@rioeduca.net
Fotos cedidas pela escola












Deixar comentário