Arte e reinvenção na terceira idade
Inspirado em Henri Matisse projeto de artes visuais combate o etarismo
Na E. M. Machado de Assis, um projeto inovador está desafiando preconceitos e promovendo a criatividade entre os alunos. Intitulado Desafiando o Etarismo com Henri Matisse e o ‘Papier Découpé’, o projeto utiliza a obra tardia do renomado artista francês como inspiração para discutir o etarismo e a reinvenção na terceira idade. Idealizado pelo professor de Artes Visuais e História Eduardo Madeiro Bastos de Santana, em colaboração com a coordenadora Aline Pimentel da Silva Lopes, o principal objetivo do projeto foi conscientizar os alunos sobre o preconceito etário, discutindo a marginalização dos idosos e promovendo uma visão mais inclusiva da terceira idade.
Além disso, o projeto buscou fomentar a criatividade dos alunos, incentivando-os a experimentar a técnica de Matisse, ao mesmo tempo em que reflexionavam sobre a importância da valorização dos idosos na sociedade. “Queremos que os estudantes compreendam que a arte e a criatividade são atemporais e que o envelhecimento é uma etapa natural e rica de experiências”, destaca o professor Eduardo Madeiro.
Arte inspiradora
Famoso por suas cores vibrantes e formas expressivas, Henri Matisse (1869-1954) é considerado um dos mais influentes artistas do século XX. Após os 80 anos, com a saúde debilitada, ele adotou uma nova forma de expressão artística: o papier découpé, ou “recortes de papel”, criando obras vibrantes e revolucionárias que provaram que a criatividade não tem limite de idade. De acordo com os especialistas, a técnica revolucionou a arte contemporânea, desafiou as convenções artísticas e tornou-se uma metáfora poderosa de reinvenção e superação pessoal.
Desenvolvido nas aulas de Artes Visuais e com integração aos temas de História e Sociologia, o projeto envolveu turmas do 6º ao 9º ano do EJA (Educação de Jovens e Adultos). Durante o processo, os alunos foram introduzidos à biografia de Matisse e à sua obra tardia, especialmente à técnica do papier découpé. Ao mesmo tempo, participaram de discussões sobre etarismo e o envelhecimento, trazendo à tona suas próprias experiências e visões sobre o tema. Em seguida, os estudantes foram convidados a criar suas próprias obras, utilizando recortes de papel colorido, inspirados no estilo de Matisse. O resultado foi uma série de trabalhos criativos, que culminaram em uma exposição aberta à comunidade escolar.
Impacto e resultados
De acordo com a comunidade escolar, a exposição final foi um sucesso, reunindo alunos, professores e familiares. As obras destacaram a capacidade dos alunos de traduzir em arte os conceitos discutidos em sala de aula. Para muitos, o projeto foi uma oportunidade de se conectar com a própria criatividade e repensar estereótipos sobre o envelhecimento. “Gostei muito de aprender sobre Matisse e como ele não deixou de criar mesmo quando já era bem velhinho”, comenta Nilda Angélica Silva Barros, aluna do 8º ano. Maria Lúcia da Conceição Costa, do 9º ano, também compartilhou sua experiência: “Essa atividade me fez acreditar que posso ir além e seguir para a faculdade. Já trabalho com criações e não vou parar de desenvolver coisas novas”.
Segundo a equipe pedagógica, o projeto alcançou efeitos expressivos tanto na criação artística quanto na conscientização dos alunos. Os estudantes demonstraram um maior entendimento sobre o etarismo e a importância de valorizar a terceira idade. “As obras criadas refletiram a liberdade e a expressividade que a técnica de Matisse proporciona, mostrando que a arte pode ser um poderoso meio de expressão em qualquer fase da vida.”, ressalta o professor Eduardo Madeiro.
A discussão sobre etarismo permitiu que muitos refletissem sobre o papel dos idosos na sociedade, enquanto a técnica de Matisse ofereceu uma nova perspectiva sobre a arte e suas infinitas possibilidades. “Foi um processo transformador, tanto para os alunos quanto para nós, educadores. A arte tem esse poder de provocar mudanças significativas no olhar e na percepção de mundo”, destaca a coordenadora Aline Pimentel.
A reinvenção é possível
O projeto Desafiando o etarismo não apenas celebrou a arte, mas também promoveu uma reflexão essencial sobre a idade e a criatividade, mostrando que nunca é tarde para se reinventar. A E. M. Machado de Assis tem se tornado um espaço de aprendizado e valorização das contribuições dos idosos, incentivando os alunos a enxergarem a arte como uma forma de expressão atemporal. A iniciativa da instituição foi bem além de uma simples experiência artística. “Ao trazer à tona questões importantes como o etarismo e a valorização dos idosos, o projeto reafirma o papel transformador da educação e da arte na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Através de Matisse, os estudantes aprenderam que a idade não é uma barreira para a criatividade e que, como o próprio artista provou, a reinvenção é possível em todas as fases da vida”, finaliza Eduardo Madeiro.
Por Antônia Figueiredo
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