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Ano25–142-2022-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DISTRIBUIÇÃOGRATUITA Saibacomoutilizaraliteraturadecordelparadesenvolversenso críticoereflexivosobreasrelaçõesentreescritaeoralidade

2 Língua Portuguesa Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistentes de Editorial Jéssica Almeida e Richard Günter Designer e Assistente Gráfico Luiz Cláudio de Oliveira Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Andréa Schoch Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE

Língua Portuguesa Por Sandro Gomes* LATIM PRESENTE! A Língua Portuguesa é um dos vários idiomas que se formaram a partir do latim empregado na grande porção da Europa onde o Império Romano se estabeleceu. Porém várias palavras ou parte delas estão ainda aqui vivas e nós as empregamos no uso cotidiano do idioma. Um bom exemplo são os prefixos que utilizamos emmuitos vocábulos e que foram, na maior parte dos casos, preposições latinas. Vamos ver como isso se deu? – Ad é uma preposição latina que indicamovimento para a frente, algo como “emdireção a”. Encontramos, por exemplo, na expressão ad aeternum, isto é, “emdireção à eternidade”. Hoje ela está presente em palavras como admirar, administrar e ad-rogar. – Ex é uma outra preposição muito presente em nosso vocabulário atual, podendo ser traduzida como “a partir de”. Presente também em expressões latinas como ex nunc (a partir desse momento). Como prefixo, figura em várias palavras que empregamos, como exterminar, expropriar e, seguido de hífen, antecedendo palavras e dando a ideia de mudança, como se pode ver em vocábulos como ex-jogador ou ex-mulher. – Ab indica, entre outras ideias, movimento de um ponto a outro, principalmente no sentido de procedência. São conhecidas expressões como ab ovo e ab origine. E, em nosso cotidiano, palavras como abduzir e abstrair. Às vezes o sentido de movimento está presente de maneira bem sutil, como no caso de ab-rogar, que quer dizer algo como “tirar uma norma de circulação”. – De é outro caso bem conhecido entre nós. Essa preposição pode expressar a ideia de ummovimento de cima pra baixo, como vemos em palavras como decapitar e demitir. Uma curiosa competição Durante os muitos séculos em que o latim da Antiguidade foi se transformando nas línguas vernáculas, uma interessante luta foi se travando entre três preposições: de, ex e ab. O processo de deriva de uma língua em geral é impulsionado pelo falar das grandes massas, empregadas frequentemente sem utilizar a chamada norma culta, no caminho da simplificação. Foi o que ocorreu no caso dessas três preposições. Observe os usos nas expressões latinas. De lege lata (proveniente de uma lei que foi criada) Ab Lusitaniae (vindo de Lusitânia – sentido de proveniência) Ex tunc (a partir de uma lei ou norma anterior) Repare que nos três exemplos está presente a preposição de do nosso português. Ela venceu a competição, ou seja, no idioma que falamos, as diferentes ideias que eram expressas pelas preposições latinas passaram a ser figuradas por uma única delas. As outras duas sobreviveram apenas como prefixos. Até a próxima, pessoal! *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira, Portuguesa e Africana de Língua Portuguesa, Revisor da Revista Appai Educar, Escritor e Mestre em Literatura Brasileira pela Uerj.

O imediatismo e o TDAH Opinião  Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. Por Nathália Balduino* Como surgimento e aumento de tantos transtornos, nossa sociedade vem se preparando cada vez mais para receber essas novas crianças, sejamos pais ensinando seus filhos sobre inclusão ou os próprios colegas quebrando as barreiras preconceituosas. Mas quando esse assunto chega em sala de aula, observamos o despreparo de professores diante da situação. Esse problema se dá pelo fato da pouca capacitação ou falta de atualização sobre o assunto. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno considerado “novo”, sendo muito associado ao uso de telas precocemente. Porém, este problema realmente é causado por esse dado biológico ou tem, como muitos outros, origem neurológica? Até qual ponto afeta em sala de aula a aprendizagem dos alunos com ou sem o transtorno? Qual(is) conduta(s) deve(m) ser tomada(s) pelos educadores diante dessa proposta? O TDAH é um transtorno neurobiológico, portanto só a justificativa do uso precoce de tecnologias não se encaixa. É coerente dizer que a aprendizagem do aluno com esse problema é afetada, assim como a de seus colegas e a produtividade da regente de turma também. Segundo um artigo publicado pelo coordenador da Especialização em Neurociências Aplicada à Linguagem e à Aprendizagem da Universidade de Caxias do Sul, Lucas Fürstenau de Oliveira, doutor em Neurociências, a Geração Z evidencia o imediatismo e a necessidade do ritmo acelerado refletido nesse grupo ao longo dos últimos 15 anos. Sobre alguns trechos destacados de relevância para este artigo, posso iniciar por: “A Geração Z cresceu exposta a estímulos variados ocorrendo simultaneamente – conversas paralelas, vídeo no YouTube, música ao fundo, redes sociais. O termo ‘atenção parcial contínua’ foi cunhado para descrever este hábito. Mas é necessário distingui-lo de ‘executar tarefas simultâneas’. São coisas bem diferentes”, ressalva. Segundo ele, estudos mostram que os Z estão limitados a duas tarefas simultâneas, como quase todas as outras pessoas. Ou seja, o excesso de estímulos desde a infância fez comque fossemcapazes de realizar várias tarefas aomesmo tempo. Todavia, o que é posto emquestão é a qualidade dessas atividades e não a quantidade. Outro elemento surgido da cultura digital (e que se relaciona à ansiedade verificada na Geração Z) é a expectativa de gratificação instantânea – que abrange adeptos frequentes de ambientes virtuais, independente de idade. Aqui entendemos essa necessidade e, atrelado a isso, vem o sentido de competição não saudável, pois surge a precisão em realizar tarefas mais rápido que o próximo e também a ideia de se sentir produtivo a todo instante, a qualquer custo. A exposição a jogos eletrônicos e smartphones pode provocar insônia, aumento da sensação de tédio, prejudicar a atenção e outros problemas associados a isso. Explicando, é um hábito visto como consequência e não como causa: apesar de não ser possível afirmar que isso em si cause o distúrbio, há evidências de que pessoas com predisposição genética ao transtorno, expostas aos impulsos digitais constantes, podem acabar, de fato, desenvolvendo a condição. Concluindo, conforme estudado até aqui, é possível analisar que as causas do TDAH vão além de uma oferta precoce às tecnologias, mas isso não impede de afetarem negativamente a criança. *Nathália Balduino é formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica. Está concluindo uma pós-graduação em Alfabetização e Letramento e iniciou uma Especialização em Educação Especial e Inovação Tecnológica. Quando concluir seus estudos, pretende ajudar crianças com necessidades educativas especiais que foram, em algum momento, rotuladas como incapazes de aprender.

DIA DO FOLCLORE Campeonatos de adivinhas, diversidade regional, contação de histórias e cantigas. Descubra como utilizar esses recursos para abordar o tema nas escolas! Calendário O folclore representa a identidade de uma nação. No caso do Brasil, é sobre a relação das etnias tradicionais com os portugueses e com o povo africano. A arte-educadora Beatriz Gimenes explica que na mitologia indígena já existiam os seres protetores da floresta, que garantiam a natureza diante do mal e da ação do homem. Quando vieram os povos africano e português, isso se misturou com o conhecimento deles. Ela ressalta ainda que mais do que celebrar o Dia do Folclore, comemorado no dia 22 de agosto, é importante trabalhar o tema durante todo o ano letivo. Segundo a docente, as escolas acabaram se acostumando a tratar o folclore a partir de lendas, que não deixam de ser legítimas, principalmente com as crianças pequenas. Mas o tema pode e deve ser explorado de forma ampla e interdisciplinar. “Se entendermos o folclore como cultura popular, vamos poder trabalhar com os professores de história, de filosofia, de português e compreender por que esse conjunto de crenças é a base da nossa sociedade”, acredita.

Confeccionar brinquedos: espiga de milho, pano e meias erammateriais utilizados para fabricar bonecas. Pedir para os estudantes confeccionarem esse tipo de brinquedo pode ter um resultado muito divertido. Imagine um desfile de moda de bonecas de pano? Essa ideia se estende para a fabricação de diversas outras diversões, como pipas, estilingues ou figurinhas. Esta dinâmica, além de trabalhar com a criatividade e a concentração, pode ser utilizada para abordar temas como: a atemporalidade das brincadeiras, qual comparação pode ser feita com os jogos virtuais e qual o espaço dessas atividades no cotidiano dos alunos. Contar histórias: o folclore é uma cultura oral e por isso começa nesse tipo de manifestação. “Contar uma história vai muito além do ‘era uma vez’. Você está exercendo uma função ancestral que vem de todos os povos. O simples fato de contar algo já é trabalhar o folclore, já é movimentar a cultura popular”, lembra Beatriz Gimenes. Um exercício interessante é pedir para que os alunos também participem da contação da história inserindo suas experiências. Falar sobre a “cultura caseira”, aquilo que o estudante vive A educadora selecionou algumas sugestões de atividades para abordar o tema em sala de aula. Confira! todos os dias, faz parte da noção de folclore e, às vezes, funciona melhor do que simplesmente apresentar mitos e lendas.

Organizar campeonatos de adivinhas: as adivinhas folclóricas são algo que marcam a diversidade brasileira, sendo faladas em todas as regiões do país, de formas diferentes. É mais comum os netos escutarem as adivinhas folclóricas com os avós, ou ainda aprender boa parte dessas histórias divertidas na escola. “O que é que dá um pulo e se veste de noiva?”, “Tem asa, tem bico e fica embaixo da cama”. “O que é, o que é? Tem coroa mas não é rei, tem espinho mas não é peixe?”. O importante desta atividade é se divertir juntos a partir de perguntas como essas! Cantigas folclóricas: “Atirei o pau no gato, to. Mas o gato, to. Não morreu, reu, reu”. Esta é uma das cantigas de roda mais conhecidas no Brasil. As cirandas não possuem um autor, ou seja, as letras consistem em textos anônimos que se adaptam e se redefinem ao longo do tempo. Elas permitem que as crianças consigam explorar cotidianos de diversas regiões do país. Recital de poemas: não é só de lendas que vive o folclore brasileiro. Nossa cultura popular também tem poemas, poesias, promessas, parlendas e quadrinhas. Abordar este tema é algo muito rico, pois essa literatura está entre as produções mais importantes de nossa cultura.

Diversidade regional: os fantasmas de Belo Horizonte, o coco, o bumba-meu-boi, os presépios do Rio Grande do Norte, a cultura candanga de Brasília são alguns exemplos da riqueza popular do Brasil. Que tal trazer uma discussão sobre as particularidades regionais do folclore brasileiro? Esta dinâmica poderá estimular o interesse pela diversidade cultural do nosso país. Danças folclóricas: quadrilha, samba de roda, frevo, baião e maracatu são algumas das danças que fazem parte das práticas populares no Brasil. Mas como as danças surgiram? Elas também vêm acompanhadas de algum figurino característico. Por quê? Utilizar as danças e suas vestimentas é uma boa estratégia para abordar a cultura daquele local e a sua história. Uma dinâmica interessante é mostrar para os estudantes vídeos e fotos dessas manifestações.

Matéria exclusiva Está achando que acabou? Que nada! Vamos relembrar uma matéria da Revista Appai Educar sobre o folclore, que também servirá de inspiração para você trabalhar o tema em sala de aula! Envie o seu projeto para a revista Para conhecer outros projetos ligados ao tema ou demais disciplinas, acesse a página da revista no site da Appai. E não esqueça de enviar o seu projeto para a nossa equipe através do e-mail redacao@appai.org.br. Vamos adorar conhecer seu trabalho e quem sabe divulgar nas próximas edições da revista. Por Jéssica Almeida Fotos: Banco de imagens gratuitas do Freepik. Fonte: Portal Aprendiz. A raiz de uma nação Nos quatro cantos do mundo, o folclore se faz presente na história raiz dos povos. No Brasil, quem nunca ouviu falar de Saci-Pererê, Curupira e Boto-cor-de-rosa? Podemos refletir sobre a importância da nossa história como parte de um legado. Quer saber como? Então leia a matéria completa na página da revista.

REDESCOBRIND SANTA CRUZ História

Projeto resgata memória histórico-cultural do bairro e promove apropriação cultural dos alunos História Quem disse que Santa Cruz não tem história? Os alunos do Ensino Médio do Ciep 392 Mário de Andrade puderam conhecer de perto pontos históricos importantes que serviram de cenário para uma atividade pedagógica de tirar o fôlego. Em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil e alinhado com o projeto de lei nº 630/2021, que reconhece Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, pela sua importância histórica e cultural, como bairro Imperial, professoras propuseram ações pedagógicas a fim de buscar a apropriação cultural dos alunos. O projeto “Descobrindo Santa Cruz: resgatando a memória histórico-cultural do bairro” promoveu uma caminhada cultural com a colaboração de uma guia turística. No desenvolvimento da atividade, as docentes envolvidas realizaram uma pesquisa sobre os pontos históricos do bairro, incluindo a sede da Fazenda Imperial, que atualmente é ocupada pelo Batalhão Villagran Cabrita, criado em 1855. Em decorrência da caminhada, desenvolveram o trabalho com a participação dos alunos. DO

No primeiro momento, os estudantes assistiram uma palestra com a guia turística Andressa Lobo, que expôs uma introdução histórica e social do bairro enaltecendo a valiosa importância de Santa Cruz para o Brasil. Os jovens puderam tirar dúvidas e levantar discussões mediante um debate. Em um segundo momento, foi realizada uma culminância na escola onde foram expostas fotografias, vídeos e trabalhos desenvolvidos pelos discentes trazendo os conhecimentos adquiridos na caminhada para os demais alunos. Por fim, os estudantes foram levados para conhecer o município de Vassouras, no sul do Estado, local que fazia parte das terras da antiga Fazenda Imperial. A caminhada cultural prestigiou o seguinte roteiro: Hanggar do Zeppellin, Palacete do Exército, Fonte Wallace, Mirante, Matadouro e Palacete Princesa Isabel. O pontapé inicial ocorreu propositalmente por pontos que muitos alunos desconheciam de Santa Cruz. O bairro, que apresenta ummuseu a céu aberto, foi palco de uma aula passeio para reconhecimento do lugar onde moram. Leia mais: Guia Histórico SEDE DA FAZENDA REAL: A PÉROLA DA COROA O projeto foi idealizado pela coordenação pedagógica do Ciep, juntamente com as professoras Marialda Duarte de Souza Baptista, Marcia Regina Miguel e Maristela Boaventura Fonseca. O intuito da atividade foi promover a conscientização para a mudança de atitude do aluno morador do bairro de Santa Cruz. “Através desse estí-

mulo, introduzimos argumentos importantes para melhorar a autoestima deste cidadão, em especial a sua apropriação cultural”, diz trecho da metodologia do projeto. De forma multidisciplinar, a atividade envolveu história, matemática, filosofia, sociologia e geografia, colocando em prática uma das obrigatoriedades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que incentiva projetos únicos em comum com demais disciplinas. De acordo com as professoras, o resultado do projeto foi um sucesso, pois os alunos reconheceram o bairro como parte importante da história do Brasil. Além disso tiveram melhor percepção sobre o lugar onde vivem, conhecido como extremo oeste, tendo impactado até mesmo no aumento da autoestima dos estudantes moradores de Santa Cruz. ■ Por Richard Günter Ciep 392 Mário de Andrade Estrada Vitor Dumas, s/nº – Santa Cruz – Rio de Janeiro/RJ CEP: 23550-550 Fotos cedidas pela escola

SARAU LITERÁRIO E SUAS VARIADAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS Literatura O segundo semestre do Colégio Estadual Manoel Bandeira, localizado em Duque de Caxias, começou com muita interatividade através do projeto Sarau Literário, idealizado pela professora de Língua Portuguesa, Literatura e Arte, Simone Fintelman de Oliveira, e pelo coordenador pedagógico Marcelo Antônio da Silva. O tema trabalhado entre as turmas dos ensinos Fundamental e Médio do colégio contemplou as mais variadas expressões artísticas, cujas narrativas contribuíram para um aprendizado ainda mais envolvente e colaborativo. É o que afirma a professora Simone, ao explicar que o objetivo do projeto foi, sobretudo, atrair os alunos, valorizando os talentos culturais presentes na comunidade escolar. “É, na verdade, um espaço para sair da rotina, permitindo maneiras diferentes de interação e uma maior autonomia dos nossos alunos, onde saberes, experiências e curiosidades são trocados. Mais do que sair da rotina, o Sarau é ummétodo que pode ser usado para conhecer melhor a nossa clientela. E, dessa forma, a escola passa a ter uma função social, que não é apenas a de informar, mas formar cidadãos críticos e capazes para o exercício cons-

tante da cidadania”, assegura a docente de Língua Portuguesa, Literatura e Arte. Ícones da literatura ganham vida no projeto O eixo que norteou a temática explorou a vida e a obra de vários baluartes da literatura brasileira e também a de cordel. Seguindo essa trilha, os alunos tiveram um tempo para pesquisar sobre os personagens e cada docente, de acordo com sua disciplina, trabalhou o tema de forma interdisciplinar. “As turmas foram orientadas com cerca de dois meses de antecedência por professores da área de Linguagens (Português, Arte, Inglês e Educação Física) e houve uma divisão por subtemas, como: Personagens do Sítio do Pica- -pau-amarelo, Personagens das obras do poeta Manuel Bandeira, O Navio Negreiro de Castro Alves, Personagens da obra O Cortiço, entre outros”, revela o coordenador pedagógico Marcelo Antônio da Silva. Ao final da fase teórica, alunos e professores se prepararam para as apresentações dos trabalhos, avaliação e exposição da mostra literária. Divididos entre os dois turnos, eles organizaram vários ambientes temáticos. “As apresentações ocorreram nos dois turnos (manhã e tarde), somando 12 salas, cada uma com o seu devido tema, pesquisado, trabalhado, ornamentado e exibido de forma que representasse adequadamente o seu assunto”, relata Simone Fintelman relembrando que, além de despertar o interesse dos alunos pela leitura de toda a criação cênica, alguns deles materializaram-se como personagens.

Projeto Sarau Literário desperta o interesse dos alunos pela leitura Ao frisar a importância dessa manifestação literária entre os mais jovens, os professores foram unânimes em dizer que, além de trabalhar a cultura e a arte como foco motivador da aprendizagem plena e satisfatória, o conhecimento da riqueza literária que possuímos no Brasil foi essencial. Ao ser questionado acerca da diversidade na expressão artística literária, Marcelo Antônio da Silva pontuou que a presença de debates, músicas, poesias, danças etc., aliados à oralidade, só favoreceu ainda mais a comunicação entre alunos e professores e a comunidade escolar. “Esse tipo de atividade promove uma interação muito mais forte entre todos, facilitando a aprendizagem de forma mais dinâmica e versátil. No entanto, trabalhar com projetos é sempre uma saída para a valorização da educação, além de ser algo enriquecedor, já que os próprios estudantes são inseridos como protagonistas da ação. Todo esse processo busca movimentar positivamente a comunidade escolar”, completa o coordenador pedagógico.

Alunos e professores enaltecem o resultado Além do sucesso pedagógico, com uma ampla aquisição dos conhecimentos entre os estudantes, o projeto também conquistou os jovens alunos. “Participar desse tipo de atividade é muito gratificante, e com certeza ficará marcado para sempre em nossas memórias. Pude aprender muito mais e vivi a experiência que foi relatada na obra literária estudada. Já estou aguardando os próximos projetos com bastante ansiedade”, elogia Otávio Felix, aluno do 2º ano do Ensino Médio, do turno da tarde. Para Dyogo Yvis, do 1º ano do Ensino Médio, turno da manhã, o projeto e suas manifestações literárias, da maneira como foram desenvolvidos, se situaram no universo narrativo jovem de uma forma muito interessante. “Esse tipo de atividade é bem legal, pois, além de aprendermos de uma forma melhor, fazemos coisas diferentes do dia a dia das aulas. Sei que foi um desafio para mim, mas garanto que valeu muito a pena”, afirma o aluno.

Para os professores envolvidos no projeto, a reunião de diferentes manifestações artísticas tem sido continuamente um caminho de aproximação entre os educandos, sobretudo nos dias de hoje. “Indubitavelmente a literatura e a arte, como são atemporais, promovem um conhecimento muito relevante atualmente, levando os jovens a uma reflexão sobre os acontecimentos políticos, econômicos e sociais”, afirma a professora Simone, em consonância com o coordenador pedagógico Marcelo. Por Antônia Lúcia Colégio Estadual Manoel Bandeira Rua Itaguaçu, s/nº – Santa Lúcia – Duque de Caxias/RJ CEP: 25271-210 Diretora: Maria da Penha de Souza Vieira Fotos cedidas pela escola

Matéria de Capa / Literatura Saiba como utilizar a literatura de cordel para desenvolver senso crítico e reflexivo sobre as relações entre escrita e oralidade C onhecida como poesia popular, a literatura de cordel conta histórias a partir dos eixos folclóricos regionais de maneira simples, possibilitando que toda a população entenda. Foi assim que ela surgiu e conquistou os nossos corações! Essa expressão, na verdade, ficou assim conhecida devido à forma como os escritos eram expostos para o público. Isso porque os livros eram pendurados em cordas, barbantes ou cordel, como roupas em um varal, tornando-se, então, ummeio de expressão cultural onde as obras são tradicionalmente vendidas em pequenos folhetos, nas grandes feiras e mercados públicos. Ao transportarmos para a sala de aula, a temática pode contribuir no processo de aprendizagem do aluno, pois ela concede a chance de um entendimento social e crítico por parte dele. Vale ressaltar também a importância da leitura no processo de letramento a partir da realidade apresentada nos cordéis. E você, professor, de que forma vem desenvolvendo essa temática em sala de aula? A equipe da Revista Appai Educar reuniu informações, vivências, cases de trabalhos realizados e dicas que podem te inspirar. Confira! CORDEL ENCANTADO

Cordel: Literatura doBrasil Umcordel comcriatividade transversal No Colégio Cesf (Centro Educacional Silva Florêncio), localizado em Bonsucesso, Zona Norte do Rio, por exemplo, a professora de Literatura Juliana Sandy, bacharela, licenciada e especialista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, coloca de maneira bem objetiva a importância da literatura de cordel no Sudeste, por ser tratar de uma manifestação literária do Norte e do Nordeste brasileiro. Segundo ela, como todo texto literário, permite-se que o aluno conheça, através dos olhos do artista, uma realidade que muitas vezes não lhe pertence. “Com isso, esse educando irá ter a curiosidade de pesquisar mais não só sobre o gênero textual, mas também a respeito de uma nova cultura. Partilhando do mesmo contexto, a professora de língua portuguesa, literatura e língua espanhola Tatiane Vasconcelos, que também leciona no Cesf, e é formada pela Faculdade de Educação, enfatiza o valor histórico-cultural desse gênero textual originado em Portugal pelos trovadores medievais, entre os séculos XII e XIII, e trazido pra cá pelos colonizadores. “A literatura de cordel é patrimônio cultural imaterial do Brasil, então tem importância em todo e qualquer cantinho do país”, aponta Tatiane, reafirmando o valor indelével desse gênero textual em qualquer região. Essa presença de norte a sul do país da literatura de cordel ganha ainda mais força no Sudeste, sobretudo nas feiras e centros culturais, entre elas o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, localizado no Rio de Janeiro, também chamado de Feira de São Cristóvão ou dos Nordestinos. Mantendo acesa a entrega da literatura de cordel há mais de cinco décadas, o espaço oferece aos visitantes ummuseu com as memórias múltiplas desse gênero literário, além da presença diária de repentistas e trovadores com suas cordas e livretos carregados de poemas, alegria e musicalidade. Mesmo fazendo uso de toda a musicalidade que cerca os estudantes, aguçar ou despertar a poesia métrica entre os educandos nos dias atuais ainda requer bastante criatividade entre os professores de todas as áreas, sobretudo na inserção de elementos da cultura brasileira, principalmente nordestina, seus costumes e tradições, conforme explica Tatiane. “Com exceção de bem poucos alunos, eles não costumam se interessar pelo modelo poético tradicional. Uma tática que costuma funcionar é fazer associações commúsicas e com a atualidade, ou seja, encaixar nossas propostas aos gêneros musicais dos quais eles gostam”, sugere a professora. Para Juliana, ainda se pode fazer mais para que o movimento da literatura de cordel esteja ainda mais presente no convívio da sociedade, e não somente em áreas muito restritas, como feiras culturais e datas temáticas. “Ao encaixá-lo nos conteúdos ministrados em sala de aula, através de projetos interdisciplinares, é possível trazer e expandir esse conhecimento. É necessário que esse gênero seja trabalhado emHistória e em Educação Física, além das matérias que abrangem linguagens”, sentencia. Ao som de repentistas e violeiros o cordel ecoa a sua história Embalada e crescida em berço baiano, aqui no Brasil a literatura de cordel se popularizou por meio de repentistas e violeiros, que se assemelham muito aos trovadores. E partindo da condição de que atualmente os jovens são bastantes musicais, as professoras do Cesf Tatiane e Juliana destacam essa aproximação e influência através da musicalidade.

“No Trovadorismo, uma das poucas formas de entretenimento era a música. Para isso, trovadores faziam suas cantigas com objetivo de conquistar e animar um público específico. Na contemporaneidade, mesmo que já tenhamos outros meios de diversão, a música não perdeu seu espaço e continuamos a utilizá-la para nos alegrar. O cordel também tem seu papel nessa prática, mas ainda está inserido apenas em festas com temáticas regionalistas”, reconhece a professora Juliana, juntamente com a colega Tatiane, que lamenta o fato de que infelizmente, aqui na nossa região, os alunos conhecem a literatura de cordel apenas dentro das salas de aula. Todavia, de acordo com as docentes, o fato de se tratar de um gênero literário feito em versos commétrica e rima e ser caracterizado pela oralidade informal, facilita sobremaneira a interação entre os que ouvem. No dia a dia da escola, a professora Tatiane pontua que as aulas sobre esse assunto costumam ser sempre muito prazerosas e com participação efetiva do alunado. “A musicalidade presente nesse gênero desperta o interesse e motiva os estudantes a tentarem produzir seus próprios cordéis”, observa a professora de Língua Portuguesa. Já Juliana lembra que “Cordel se assemelha ao poema e à canção, e essa geração atual se sente atraída pela musicalidade. Com seus versos de fácil absorção mental e os refrões que podem ser decorados, o discente acaba tendo mais prazer em ouvir cordéis”, constata a docente. Literatura de cordel e suas muitas referências A historiadora Alice dos Reis explica que a literatura de cordel junta referências portuguesas, africanas, indígenas e árabes para criar textos e narrativas em prosa, inicialmente difundidos oralmente e depois transcritos em pequenos folhetos. “O cordel retrata momentos profundos de quem compõe, e através dos versos deixa claro que o cordelista está falando com o ouvinte. Muito mais do que rimas escritas, a literatura de cordel é poesia falada, muitas vezes cantada, que serve para encher os olhos de quem aprecia”, completa.

Como essamanifestação começou a fazer parte da nossa história? De acordo com a historiadora, a literatura de cordel entrou para a nossa história ainda no século XII. “Ele tem sua origem em Portugal contando situações através de rimas para as pessoas que não sabiam ler. A transcrição em folhetins vinha depois, para que assim os letrados, mas que não estiveram na presença do cordelista, pudessem ter acesso”, afirma Alice. Ainda segundo a historiadora, já no século XVIII começou a se popularizar aqui no Brasil usando o folclore e os acontecimentos cotidianos para encantar quem ouvia. Com o tempo, os cordéis passaram a servir como forma de divulgação de outra expressão artística e cultural tipicamente brasileira: a xilogravura, usada para ilustrar as poesias, conforme veremos mais à frente. Os rappers e o cordel brasileiro Há quem diga que os rappers atuais, com suas letras em cima de um discurso rítmico com rimas e poesias, representem um viés do cordel brasileiro. Para a historiadora, não seria necessariamente algo desse tipo, mas pode haver uma influência, ainda que sem a intenção. Isso porque o rap é caracterizado pelas letras de rua, que falam de problemas sociais e trazem críticas contundentes à realidade de quem está falando. O cordel também carrega essa bagagem cultural e social, mas vem com a intenção de entreter e narrar histórias antes de apresentar críticas à sociedade. “Ambos usam da rima e do caráter popular para alcançar o público que desejam, mas seguem caminhos diferentes quanto à sua construção”, explica Alice. As docentes do Cesf, Juliana Sandy e Tatiane Vasconcelos, traçam um paralelo entre os gêneros musicais. “Como os cordéis, o rap tem a musicalidade como um dos elementos básicos de seus textos. Os dois gêneros atraemmuito o público por serem de fácil absorção, no entanto não podem ser considerados derivados um do outro”, esclarece Juliana. Compartilhando dessa mesma premissa, a professora Tatiane também afirma que tanto um quanto outro trabalham seus discursos carregados de críticas sociais através de um ritmo cadente que facilita a assimilação da letra. “Nas minhas aulas, eu costumo fazer um paralelo entre o rap e a poesia, e isso funciona bem”, garante a docente, afirmando que é importante mostrar que a arte é um veículo de expressão transformador do indivíduo e da sociedade, uma vez que a literatura cria cidadãos críticos.

Inspiração para os alunos Aqui no Brasil, a literatura de cordel popularizou-se por meio dos repentistas (ou violeiros), que se assemelham muito aos trovadores. E isso pode ser uma influência para os educandos. A historiadora ressalta que o cordel é uma excelente ferramenta para explorar a criatividade dos alunos, em todos os níveis educacionais. “Os repentistas e trovadores servem como exemplo da utilização do improviso e da naturalidade, o que se faz útil durante as aulas, apresentações de trabalhos e relacionamento com os colegas. Sem contar que os temas abordados por esses artistas sempre fazem sentido à realidade de quem os acompanha, o que desperta o interesse dos estudantes em tais temáticas”, pontua a especialista. Abordagem criativa Alice conta que se apaixonou pela literatura de cordel ainda nas aulas do Ensino Médio e, em todas as oportunidades que tem, gosta de estar mais próxima dessa forma de expressão. “Mesmo com influências estrangeiras, acredito que ela carrega tudo que há de mais brasileiro da nossa cultura e sociedade. Sem contar que vem ganhando cada vez mais capilaridade dentro da música e da arte popular. Ela merece o mundo!”, garante. A historiadora compartilha o seu dia a dia e experiências docentes através de um perfil no Instagram (@euprofealice) dedicado ao ensino da História. Alice conta que, em seus planejamentos, sempre busca relacionar as temáticas apresentadas pelos cordelistas nas aulas de literatura com a realidade social brasileira vista nas aulas da disciplina. Muitos desses artistas recontam acontecimentos históricos através desse tipo de expressão cultural, o que transforma a literatura de cordel em fonte de estudo para os historiadores.

linguístico, aumentando, por sua vez, a consciência de ortografia e de fonemas, que são essencialmente os sons que compõem as palavras. Nesse sentido, fazer a leitura oral de textos rimados pode se tornar divertido, mas acima de tudo colabora para que os pequenos entendam melhor os significados das palavras, permitindo de forma ampla a compreensão da linguagem e da língua portuguesa. Vale ressaltar que, com os poemas, os alunos se atentam para a construção cuidadosa das sentenças e percebem o uso da pontuação. Essa prática faz mais sentido do que apenas apresentar um conjunto de regras, por exemplo, pois eles passam a enxergar a gramática como uma escolha, ajudando a aplicar as normas da língua, de forma mais eficaz e até estilística. De acordo com a professora Beatriz Morais, que leciona no Fundamental I, para que a leitura se torne um hábito, deve ser introduzida o quanto antes na vida das crianças. “Dessa forma, é provável que ela se torne parte da sua rotina, já que passam a enxergar esse costume como algo natural e prazeroso. E quem lê escreve melhor, sem dúvida alguma!”, ratifica. Aprendendo com a musicalidade dos versos Repletas de ritmo, sensibilidade e musicalidade, as rimas são perfeitas para inserir os estudantes no universo literário, principalmente por sua capacidade de alfabetizar. Isso porque elas facilitam o aprendizado, fazendo com que o exercício de ler e escrever poemas seja uma excelente estratégia de alfabetização e desenvolvimento SUGESTÃO DE ATIVIDADE A professora de história sugere, como uma maneira mais criativa de abordagem desse tema na sala de aula, levar os alunos a produzir seus próprios cordéis retratando momentos históricos importantes e as suas críticas sociais. A atividade relaciona história, literatura e também artes, já que os cordéis são ilustrados com xilogravuras.

Com leitura cadenciada, linguagem simples e lúdica, os poemas e textos com rimas são uma ótima maneira de introduzir as crianças no mundo da literatura. “O professor pode começar com aqueles mais curtinhos e simples. E, conforme o aluno for se desenvolvendo, é possível apresentar textos maiores e mais profundos. Inclusive incentivando-os a escrever seus próprios versinhos”, exemplifica. Sem sombra de dúvidas, os poemas contribuem com o aprendizado e o processo de alfabetização e possibilitammúltiplas interpretações, fazendo com que os alunos se engajem em suas próprias reflexões, despertando também a sensibilidade. “Eles são ferramentas poderosas para ajudar a entender a linguagem, desenvolver as habilidades de fala e escrita e se conectar a eventos culturais ou históricos”, enaltece Beatriz. O CORDEL FOLCLÓRICO Comemorado no dia 22 de agosto, o folclore é marcado por se tratar de ummomento mágico com ricas lendas, histórias, “causos”, entre outras expressões culturais, por isso é uma importante data comemorativa que deve ser abordada nas escolas. Considerando a riqueza de conhecimentos existentes no folclore brasileiro, o ideal é que o professor busque as mais diversas formas de trabalhar esse tema com seus alunos. Ao inserir o cordel folclórico nas atividades escolares, é necessário seguir uma hierarquia em relação às informações a serem passadas ao alunado. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), primeiramente o docente deve fazer com que o estudante compreenda o conceito de folclore, seguido da identificação de diferentes manifestações culturais, respeitando e considerando a faixa etária escolar, consequentemente ampliando o vocabulário de seus alunos.

Considerando que as músicas, parlendas, jogos e brinquedos são elementos fundamentais do folclore infantil brasileiro e da memória cultural popular, é fundamental que sejam apresentadas até mesmo para garantir a preservação da cultura. Ao utilizar jogos folclóricos, favoreça a entrada da criança na sociedade de forma lúdica, podendo ensinar modelos de comportamento, regras, rituais, fatores esses indispensáveis para o amadurecimento emocional. O documento ainda sugere que sejam realizadas pesquisas sobre brincadeiras antigas, seguida da prática dessas, dispensando o uso de brinquedos de alta tecnologia e valorizando o trabalho com o corpo da criança, propiciando seu desenvolvimento. Em outro ponto, se propõe trabalhar o respeito à realidade de cada aluno solicitando que ele mencione algo que faz parte da sua cultura, entre outras coisas. É preciso salientar que cultura, diversidade, pluralidade e aceitação são conceitos que devem ser trabalhados no ambiente escolar a todo tempo, e o folclore é só mais um dos meios de colocar em prática a teoria. De acordo com Rosana Valente, pedagoga da rede municipal de educação de Nilópolis, os alunos mais novos têm uma forma única de aprendizado e, instintivamente, desconhecem o tom arbitrário dos julgamentos ou a pressa dos acontecimentos, permitindo-se absorver o conteúdo histórico com ingenuidade e curiosidade típicas da idade. “Esse é o melhor momento de introduzir, nas práticas pedagógicas, as brincadeiras coletivas que tão bem retratam o universo lúdico do folclore”, avalia. Rosana destaca que os alunos contemporâneos são virtualizados, imediatistas e costumam rejeitar o estudo de acontecimentos remotos. “A melhor maneira de envolver e despertar a curiosidade deles para temas aparentemente velhos é criar um ambiente rebuscado dos tempos que o folclore representa, intercalando com as épocas atuais. Por isso, as cantigas e as brincadeiras, além das histórias contadas com riqueza de detalhes, são atividades aliadas das práticas pedagógicas”, comenta. XILOGRAVURAS DE SUCESSO O uso da técnica de xilogravura criou e propagou a literatura de cordel. Afinal, sua produção era simples e seu custo bastante baixo. Logo, foi fundamental para sustentar a tradição e manter fortes as raízes das histórias e das pessoas que as contavam. Com uma tradição centenária, ela foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Iphan. Isso aconteceu por meio de decisão unânime dos membros do conselho da agência no Rio de Janeiro. Poetas, desenhistas, ilustradores e artistas visuais, de xilogravura e vendedores de livros comemoraram essa conquista. Afinal, além de ser um forte elemento cultural, esse gênero representa o sustento de muitos brasileiros. De forma simples, a xilo-

gravura é uma técnica em que o artista entalha a madeira, pinta as suas partes elevadas e, por fim, pressiona a madeira em papel ou tela. Trata-se de um método quase rudimentar de reprodução de imagens e textos e essa sua característica foi fundamental para sua aplicação como “técnica de impressão”. Simples e fácil, a xilogravura na literatura de cordel tambémnão exigia a aplicação de nenhumtipo de tecnologia, além, é claro, da tinta paramarcar a madeira e o papel utilizado. Essa tradição só surgiu e se fortaleceu porque, emuma realidade de seca e pobreza vivida nas regiões nordestinas, uma técnicamais cara e sofisticada dificilmente poderia ser adotada. Inovando nas rimas e na distribuição de suas produções, a vida e a obra do poeta terminaram por marcar no calendário nacional uma homenagem: o Dia do Cordelista, celebrado em 19 de novembro, data de nascimento de Leandro Gomes. Algumas de suas obras estão em domínio público e podem ser vistas de forma gratuita. ■ Acesse a literatura de cordel sob a autoria de Leandro Gomes de Barros Ao escrever e imprimir suas histórias, a xilogravura nordestina e o cordel se tornaram um só elemento e, assim, se transformaram em uma linguagem de expressão, contando e documentando uma história. O gênero traz temáticas do cotidiano, cultura popular, a região onde é produzido, temas políticos, críticas sociais e através delas são difundidas ideias, fazendo o cordel se tornar ummeio didático e educacional. Sua linguagem é popular, oral, regional e informal. Os poetas Leandro Gomes de Barros e João Martins de Athayde estão entre os principais autores do passado. Leandro Gomes de Barros Nascido em 1865, no município de Pombal (PB), foi um dos primeiros poetas a se preocupar com a questão dos direitos autorais dos folhetos de cordel, iniciativa relevante para a consolidação da circulação regular dessas publicações. Segundo dados da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, estima-se que o cordelista tenha deixado um legado de cerca de mil folhetos.

Leia mais sobre literatura de cordel: ■ Esse é meu Brasil (Diversidade cultural brasileira) ■ Folclore brasileiro: raiz de uma nação ■ Exposição em cordel dos problemas ambientais ■ Por Antônia Lúcia, Jéssica Almeida e Richard Günter –Alice dos Reis De David é formada em Licenciatura em História e pós-graduanda em Tendências Educacionais. Atua como professora da rede privada, ministrando aulas de História, Sociologia, Filosofia e Projeto de Vida para turmas do Ensino Médio. Oferece tambémmentorias personalizadas, volJoão Martins de Athayde Poeta e editor, João Martins de Athayde foi um dos autores que mais contribuíram para a divulgação da literatura de cordel produzida no Brasil no século XX. Ele é conhecido como o desbravador da indústria do folheto de cordel no país, aclamado na década de 1940 como o maior poeta popular do Nordeste. Com o autor, o gênero teve inúmeras mudanças, como na relação entre os poetas e o proprietário da gráfica e na apresentação visual dos folhetos. Athayde fez surgir os contratos de edição com o pagamento de direitos de propriedade intelectual, o uso de subtítulos e preâmbulos em prosa e a sujeição da criação poética ao espaço disponível, fixando-se o padrão dos folhetos pelo número de páginas emmúltiplos de quatro. As obras dele ainda não estão em domínio público, mas algumas podem ser conferidas de forma gratuita no site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), além de outros autores. ■ Acesse o site da ABLC Curiosidade Em 2011, a TV Globo produziu uma novela das 18 horas sobre o cangaço que teve sua abertura inspirada na literatura de cordel. Assista: tadas para professores de história, auxiliando no relacionamento com os alunos, na prática docente e em experiências inovadoras em sala de aula. Contato através do Instagram (@euprofealice) ou pelo e-mail alicereisdavid@outlook.com. –Juliana Sandy é bacharela, licenciada e especialista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e atua como professora de Literatura no Colégio Cesf –Centro educacional Silva Florêncio. –Tatiane Vasconcelos é professora de Língua Portuguesa, Literatura e Língua Espanhola, formada pela Faculdade de Educação São Luís e pós-graduada pelo Liceu-Uerj. Colégio Cesf – Centro Educacional Silva Florêncio Avenida Teixeira de Castro, 111 – Bonsucesso – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 4104-6182 https://www.facebook.com/cesfrj https://www.instagram.com/cesfrj/ Fontes: Brasil Escola | MEC | ABLC.

CAMINHOS DE TIRADENTES Circuito percorrido pelo herói militante se tornou ponto turístico no centro do Rio Guia Histórico O centro do Rio de Janeiro é repleto de história. Cada cantinho tem uma vasta representação histórica que poucos conhecem, mesmo passando todos os dias por ele. O Palácio Tiradentes, por exemplo, era conhecido com a “Cadeia Velha”. Foi aqui que Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, cumpriu parcialmente a pena política por participar da revolta separatista, organizada pela elite socioeconômica de Minas Gerais. Ao caminhar no sentido norte, passando pelo Largo da Carioca, local repleto de lagoas, morros e manguezais, chegamos à Praça Tiradentes, que já teve outros diversos nomes. O atual foi escolhido em 1890, dois anos antes do centenário da morte do inconfidente, que aconteceu perto dali, na esquina da Rua Senhor dos Passos com a Avenida Passos. Próximo está localizada a Igreja Nossa Senhora da Lampadosa, edificação pequena em estrutura, mas grande em importância histórica, pois foi ali que Tiradentes realizou a última oração antes da sua execução. A poucos metros da Igreja está o imponente Real Gabinete Português de Leitura, considerado uma das vinte bibliotecas mais lindas do mundo, tal sua grandiosa arquitetura e elegância.

Conheça o roteiro CAMINHOS DE TIRADENTES ■ Por Richard Günter Fotos: Divulgação/RioTur AlémdaestátuadeDomPedro, aPraçaTiradentes temmaisquatromonumentos, que representamaJustiça, aLiberdade, a UniãoeaFidelidade. Próximoao local, estão os teatrosCarlosGomes eJoãoCaetano, alémda tradicional ruadoLavradio. Historicamente, Tiradentes comandou por muito tempo a tropa que monitorava o Caminho Novo, estrada que ligava a já então capital da colônia, o Rio de Janeiro, ao ouro de Minas Gerais. Esse caminho era conhecido por seus recursos medicinais, com a presença de ervas e outros tratamentos, incluindo o de arrancar dentes, o que lhe valeu o apelido entronizado pela história. Através do Passeio Cultural, a Appai realiza uma caminhada por esses locais, sob a supervisão de historiadores que relatam os caminhos que Tiradentes percorreu no centro do Rio. Darlan Cavalcante, do benefício, ressalta que cada atrativo desse roteiro constrói a história, e os associados reconstituem esse caminho feito pelo herói inconfidente. “Impossível não causar um certo desconforto, mas, ao ouvirem as reflexões deste passado como instrumento de aprendizado, os professores interagem com o presente e o replicam dentro de suas salas de aula para erguer um futuro consciente para os seus alunos”, afirma Darlan. Ele ainda ressalta que as informações culturais são relevantes para o aperfeiçoamento dos participantes, tanto pessoal, quanto profissionalmente. “Assim como nos demais roteiros, nosso objetivo é que os associados sejam estimulados ao envolvimento ativo para a construção do conhecimento e a formação da cidadania”, enaltece. É um passeio que vale cada minuto!

JOGO DE CARTAS PARA ENSINAR GEOGRAFIA Professor cria jogo inspirado em Uno e ensina a alunos conceitos da disciplina de forma mais dinâmica e lúdica Geografia Todo professor sabe que nem sempre é fácil prender a atenção dos alunos em sala de aula. Pensando nisso, o educador Thiago Ribeiro desenvolveu um jogo voltado para a Geografia inspirado no Uno, que chamou de “Uno Geo”. A iniciativa vemconquistando os estudantes do 3º ano do Ensino Médio do Ciep 198 Professora Roza Ferreira de Mattos, localizado em Duque de Caxias. O sucesso temsido principalmente pelo aprendizado mais fácil, dinâmico e lúdico. A reformulação do jogo aborda 15 temáticas distintas da disciplina, entre elas a taxa populacional, o crescimento vegetativo, as migrações e os setores da economia. O professor de Geografia explica que a ideia surgiu com o objetivo de estimular aprendizado e aguçar a curiosidade dos estudantes. “O jogo de Uno foi escolhido por ser analógico e poder ser jogado em qualquer ambiente. Resolvi fazer a adaptação, pois sou adepto da ideia de trabalhar com a aprendizagem significativa. Gosto de proporcionar para os meus alunos um ensino mais prazeroso e diversificado”, afirma.

O educador explica que, antes de iniciar as partidas, são colocados os 15 conceitos no quadro e entregue um deck de carta para cada grupo, que pode ser de 4 a 8 jogadores. Com esse material, eles procuram os conceitos e respondem. “Essa parte serve para se familiarizarem com os conceitos”, completa Thiago. Conforme cada grupo vai terminando sua parte, vai iniciando o jogo em si, que funciona basicamente como um Uno convencional, com eles tendo de seguir os conceitos ou a cor. As cartas de ação trazem conceitos que lembram a ação realizada no jogo. Por exemplo, a taxa de natalidade, que é o número de nascimentos, é a carta +4; já a de migração pendular, que é o movimento de ida e volta diária do trabalhador, é a de reverso, enquanto o êxodo rural, percurso de saída do campo em direção às áreas urbanas, é representado pela carta que dá direito a mudar de mão com outro jogador. “De modo geral o jogo percorre a trajetória de maneira similar à do Uno só que, em vez de números, procurei agregar conceitos de Geografia da população”, pontua o professor.

Os estudantes falam que a abordagem de ensino tornou as aulas mais produtivas e leves. “Estou adorando! Acho que essa iniciativa veio para agregar ao nosso aprendizado. Nesse processo a gente aprende de forma mais fácil”, conta Rayssa Martins. Já a estudante Daiane Souza afirma que, sem dúvida, está sendo muito interessante aprender assim. “Fica diferente, dinâmico e bemmais legal estudar Geografia”, pontua. O Secretário de Estado de Educação, Alexandre Valle, destaca a importância e a responsabilidade dos docentes da rede para a formação de jovens com um futuro de sucesso. “A partir de iniciativas como as do professor Thiago Ribeiro, temos estudantes mais animados, focados e dispostos a seguirem estudando e se tornarem cidadãos promissores. Esses projetos dão muito orgulho para a educação do estado”, afirmou o secretário. Baixe o UNO GEO Se você é professor ou ficou interessado em conhecer o método de ensino, baixe o conteúdo aqui. Por Jéssica Almeida Fotos cedidas pela secretaria e banco de imagens gratuitas do Freepik. Fonte: Secretaria de Estado de Educação.

Leitura LITERATURA JUNINA Conhecer mais as nossas tradições fortalece a cultura regional

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