Revista Appai Educar
5
Pais e professores precisam
aceitar e organizar rotinas
diversificadas para que
sejam respeitadas as
diferenças e todos possam
efetivamente aprender
isolados, crianças e adolescentes contemporâneos correm o
risco de saírem das férias mais estressados do que quando
estavam no período letivo.
Relax total também pode trazer problemas no retorno es-
colar. Por isso, durante as férias, a família deve reservar uma
hora do dia para leituras, atividades de concentração, jogos de
tabuleiro e atividades em grupo. Já nos dias mais próximos da
chegada do início ou reinício do ano letivo, torna-se essencial
organizar a rotina para que o corpo se acostume com os novos
horários e necessidades. Entretanto, estabelecer o momento
de dormir, das refeições e a organização do espaço de estudo
são atividades fundamentais para que tudo ocorra de maneira
menos conflituosa. Existem escolas que propõem atividades
de reforço
on-line
e também grupos de estudos semanais,
como rodas de leitura, exibição de filmes com debates, ciclo
de palestras, que podem ajudar na reestruturação da rotina
que antecede o retorno ao ano letivo.
Ritmos diferentes estão presentes até entre irmãos.
Ninguém é igual a ninguém. Por isso, pais e professores
precisam aceitar e organizar rotinas diversificadas para
que sejam respeitadas as diferenças e todos possam efe-
tivamente aprender. Mas, na escola, no ensino formal, no
fazer docente cotidiano, isso fica mais evidenciado, pois
nem sempre aquilo que é ensinado é apreendido por todos
da mesma forma. Trabalhar focado nas teorias da aprendi-
zagem pode ajudar a entender melhor essas necessidades
e alavancar soluções viáveis para as questões.
A Teoria de Vygotsky fala sobre a Zona de Desenvol-
vimento Proximal e o papel do mediador, o “par mais for-
te” neste contexto. Desta forma, para que o aluno possa
transpor tais obstáculos, por vezes invisíveis, mas reais, o
professor deverá ficar atento às potencialidades e necessi-
dades discentes, buscando atividades variadas que possam,
ao longo do ano letivo, favorecer a superação dos desafios.
Assim, oferecer momentos para tarefas diversificadas é
importante e deve ser considerado uma estratégia eficaz.
“Trabalhos em grupos ou em duplas ajudam a quebrar a
rotina e fortalecem a necessidade de interação entre os
pares. Variar a arrumação das carteiras escolares é uma
atitude simples, que também traz benefícios. Atividades
em laboratórios são fundamentais para criar um clima de
ensino e pesquisa, que privilegiam os diferentes ritmos.
Visitas técnicas, palestras com profissionais de variadas
áreas, exibição de filmes, gincanas, exposições de trabalhos,
criação de feiras de ciências, festivais de poesia e música
podem amenizar a rotina, possibilitando diferentes formas
de aprendizagem”, ratifica Tinoco.
Embora a família seja uma instituição social milenar,
percebê-la como integrante do processo de aprendizagem es-
colar de crianças e jovens é um fenômeno novo, que demanda
aceitação, diálogo e muito estudo. Por um lado, as escolas
fantasiam com tipos de famílias que não existem, pelo menos
não no contexto social contemporâneo. Isso faz com que dei-
xem de fora a maioria das pessoas que podem contribuir com
o processo de aprendizagem dos alunos, durante o período
escolar. Por outro lado, os pais, por vezes sobrecarregados com
a rotina dura pela sobrevivência, se acomodam e se omitem
na tarefa de educar ao lado da escola. Eles podem ajudar