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rais, sociais, políticas, econômicas e científicas existentes nas

localidades nas quais o mesmo emergiu. Ainda, a localização

geográfica também pode nos indicar algumas motivações

relacionadas a tal conceito, visto que, em um dado período

histórico, diferentes conceitos matemáticos são desenvolvi-

dos em cada parte do mundo, em certos casos, inclusive, de

diferentes ramos da Matemática.

Utilizada como instrumento didático, a História da Mate-

mática auxilia no desenvolvimento da criticidade ao permitir

aos discentes um olhar sobre os objetos do conhecimento,

conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997). Dessa

forma, desconstroem-se os mitos em relação à Matemática,

expondo-a como ciência desenvolvida pelo homem ao longo

da sua história e, assim, conforme Lopes e Ferreira (2013),

“geram-se atitudes e valores mais favoráveis do aluno frente

aos saberes matemáticos”.

Vejo como necessária a utilização da História da Matemá-

tica para além do sentido da curiosidade, como abordada pela

maior parte dos livros didáticos existentes. De encontro a esta

necessidade, o estudo da História da Matemática, por Ferrei-

ra (2001), [...] dá a este aluno a noção exata dessa ciência,

como uma ciência em construção, com erros e acertos e sem

verdades universais. O entrelaçamento dos contextos cultural,

social, político, econômico e científico é capaz de cobrir a lacuna

gerada pelo ensino algorítmico ainda prevalente na Educação

Matemática. Santos (2009) afirma que isto se torna possível

a partir da utilização, interpretação e discussão dos registros

históricos da Matemática.

A História da Matemática possibilita a interdisciplinaridade,

tendo em vista a contextualização por ela proposta, fazendo a

disciplina se tornar integrada às demais e, consequentemente,

mais agradável. Alémdisso, possibilita estabelecer aMatemática

como uma construção sócio-histórico-cultural desenvolvida por

métodos específicos de pensamento que contribuíram de forma

particular para o desenvolvimento da sociedade.

No que diz respeito à visão epistemológica do ensino, Vailati

e Pacheco (2011) nos instigam a refletir acerca da produção do

conhecimento humano, ao expor que este é fruto de umprocesso

derivado das interações do homem com o meio em que vive.

Nesta perspectiva, são elencados três aspectos como basais: a

necessidade de sobrevivência do homem, a busca da compre-

ensão do mundo que o cerca e a procura de “ser” humano em

sua ânsia de libertação. Embasados desta premissa, podemos

corroborá-la com a visão de Brito e Miorin (1999), visto que, ao

passo que o professor possui conhecimentos históricos e filosófi-

cos dos conceitos matemáticos, se torna capaz de diversificar as

técnicas pedagógicas e tornar-se mais criativo no planejamento

e execução de suas aulas e, com isso, oportunizando o despertar

do interesse quanto ao estudo da Matemática aos seus alunos.

A reflexão sobre a importância da História da Matemática

é essencial, dada a sua natureza e pela necessidade de ser

vista como única ciência fruto exclusivamente da criação hu-

mana. Ademais, a necessidade da compreensão dos contextos

social, político e econômico envolvidos para o surgimento de

um conceito matemático denota a interdisciplinaridade possi-

bilitada pelo uso da História nas aulas de Matemática. Nesta

perspectiva, torna-se favorável o desenvolvimento de projetos

temáticos de forma a abranger diferentes disciplinas e áreas

de conhecimento. A busca pelo conhecimento histórico deve

ser constante, para que se construa um elo entre a realidade

e a formalização dos conceitos.

Dado o contexto educacional da atualidade, os educadores

matemáticos buscam criar novas propostas e ideias a serem

aplicadas em sala de aula. Além disso, são desafiados a iden-

tificar as mudanças necessárias na sua prática pedagógica,

de modo a proporcionar as oportunidades mais adequadas à

realidade onde estão inseridos.

O conhecimento dos aspectos relacionados à História

da Matemática possibilita tanto o desenvolvimento do olhar

crítico do aluno quanto o docente e, neste segundo, em dois

aspectos essenciais: o desenvolvimento da ciência matemática

relacionado a sua prática pedagógica e a desmistificação e hu-

manização do processo de desenvolvimento do conhecimento

matemático, com vistas à sensibilização do discente no que

tange a sua compreensão e aprendizagem. Desta forma, o

processo de ensino-aprendizagem matemática toma formas

diferentes das tradicionais, observadas a partir do Movimento

da Matemática Moderna, iniciado na década de 1960, estabele-

cendo o ensino da Matemática numa concepção estruturalista

e abstrata com uma abordagem lógico-dedutiva.

Em uma rápida pesquisa a trabalhos apresentados em

diferentes mídias, encontramos uma infinidade de possi-

bilidades de contextualizações para o ensino de conceitos

matemáticos fazendo uso de conhecimentos da História da

Matemática. Dessa forma, é clara a capacidade do educador

dessa disciplina de desenvolver estratégias inovadoras que

promovam a aprendizagem significativa. Além disso, por

mais que o contexto histórico não seja aplicado diretamente

no ato docente, o mesmo contexto pode influenciar positiva-

mente o planejamento e a execução da prática pedagógica.

Entretanto, o desafio enfrentado pelos autores, aproxima-

dos de suas percepções quanto à ampliação de horizontes

metodológicos, mostra-se recompensador e enriquecedor,

no que se refere a sua prática.

*Diogo Israel Schwanck

é professor de Matemática, licen-

ciado pela PUC-RS e especialista em Metodologia do Ensino

de Matemática e Física, pena Uninter (SMED-PMPA).