Revista Appai Educar
3
*Denis Gerson Simões
Mestre em Ciências da Comunica-
ção pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos);
Professor do Centro Universitário Univates para os cursos de
Comunicação Social e Fotografia.
dominam os mecanismos de instrução e compreensão dos
audiovisuais são seus próprios produtores; o público segue
encantado com a “caixa de luzes” e a “sacraliza” por não
a entender.
Observando a contemporaneidade, onde as “telas” repletas
de vídeos povoam o cotidiano dos espaços urbanos, visua-
liza-se a urgente necessidade da aptidão da sociedade ao
diálogo equilibrado com as mídias audiovisuais, conhecen-
do-as e compreendendo seus processos. Além disso, com as
facilidades tecnológicas permitidas ao cidadão, destacados
aqui os equipamentos captadores de imagens – de câmeras
fotográficas a aparelhos de telefonia móvel –, a possibilidade
de uma pessoa passar de mero expectador a produtor de
conteúdos audiovisuais se ampliou à quinta potência. Canais
de transmissão de vídeos, webTVs e redes sociais na internet
abriram espaços de visualização desses dados, o que pos-
sibilitou que os produtores amadores saíssem das sobras.
Frente a isso, ficam questionamentos: a quem compete a
instrução à “leitura” e produção do audiovisual? Trata-se de
um conhecimento voltado somente a graduandos? Seria o
ambiente escolar o espaço adequado para promover essa
“alfabetização” para as mídias? As escolas necessitam pri-
meiramente de uma legislação sobre o tema para, a partir
desta, iniciarem um trabalho com seus alunos? E o corpo
docente das instituições de ensino básico, em geral, está
apto a compreender esse universo dos meios de comunica-
ção? Temas há muito discutidos e com poucas resoluções
efetivadas.
A televisão de tanto tempo que acompanha os expectadores
no seu cotidiano parece ser uma “amiga” sem mistérios,
conhecida e despretensiosa; contudo, é através dessa inge-
nuidade que se fecha os olhos a sua potencialidade de induzir
tendências e conduzir mercados. Além disso, privados do
conhecimento dos mecanismos do “conceber” o audiovisual
a população, ao produzir seus próprios materiais amadores,
replica os modelos tradicionais da mídia sem perceber que
podem implementar alternativas. Entram no círculo vicioso
do “mais do mesmo”.
Aos colegas docentes fica um desafio: conhecer melhor a
forma como o mercado audiovisual produz seus materiais,
vendo “forma” e “conteúdo”, estando aptos a transmitir
aos estudantes conceitos pertinentes a novas “leituras” e
“escritas”. Não se trata de aderir à proposta de uma nova
disciplina no colégio voltada à Análise Crítica das Mídias,
mas sim perceber que o olhar analítico e aprofundado do
professor mobiliza direta e indiretamente seus alunos, seja
em qual campo do conhecimento for.
Não há obviedades no que passa nas telas; há sim aquilo
que o público já naturalizou como normal e não questiona
mais, crendo ser “assim mesmo”. Qual o papel da escola
neste contexto? Um indivíduo vê mais filmes em um ano do
que lê livros. Este é um dado irrelevante? Que não se crie a
conformidade com o “analfabetismo audiovisual funcional”,
tornando-nos Trumans em nossos Shows.
* Professor do Centro Universitário Univates para os cursos de Comunicação
Social e Fotografia; Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade do
Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e bacharel em Comunicação Social – Publicidade
e Propaganda pela mesma instituição; licenciado em História pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A história da matemática
no processo de ensino-
aprendizagem
Diogo Israel Schwanck*
Ao passo que avançamos na carreira docen-
te no contexto da Matemática, deparamo-nos com diversos
questionamentos por parte dos alunos. Dentre as tantas
interrogações recorrentes, podemos elencar duas como mais
frequentes: “Para que serve isso?” e “Por que estudar este
conteúdo?”. Muitos de nós, educadores matemáticos, fize-
mos essas perguntas no decorrer de nossa formação inicial
e, alguns de nós, ainda que inconscientemente, buscamos
explicações palpáveis para tais questionamentos. Mas, então,
como responder tais dúvidas, justificando de forma plausível,
consistente e interessante ao nosso aluno? As respostas po-
dem aparecer ao reconhecermos o contexto histórico-cultural
do período de construção de um conhecimento.
No ensino da Matemática, não podemos desvincular a
ciência do seu desenvolvimento ao longo do tempo, assim
como da humanidade, desenvolvidas paralelamente e em
relação de dependência. Tanto a Matemática quanto o homem
evoluíram intimamente ligados à cultura, e não sozinhos
e isolados. Porém, não se torna pertinente utilizar-se da
História da Matemática como elemento exclusivamente de
motivação inicial ou, ainda, para exaltar nomes famosos ou
datas, pois isso limita a sua utilização a pontos isolados e
enaltece a ideia de que apenas em certas localidades podem
ser gerados novos conhecimentos e, mais que isso, de que,
conforme Lopes e Ferreira (2013), “o saber matemático está
destinado a poucos escolhidos”.
Conforme Eves (2004), Santos (2009) e Lopes e Ferreira
(2013), um conceito matemático pode ser mais facilmente
compreendido através da conscientização das relações cultu-