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2

Revista Appai Educar

Opinião

Conselho Editorial

Julio Cesar da Costa

Ednaldo Carvalho Silva

Jornalismo

Antônia Lúcia Figueiredo

(

M.T. RJ 22685JP

)

Colaboração

Sandra Martins, Jéssica Almeida, Richard

Günter, Leonardo Mega e

Marcela Figueiredo

Fotografia

Marcelo Ávila, Tony Carvalho

Design Gráfico

Luiz Cláudio de Oliveira

Marcel Schocair Costa

Revisão

Sandro Gomes

Periodicidade e tiragem

Bimestral – 67.000 (

Sessenta e sete mil

)

Impressão e distribuição

Gráfica Ediouro – Correios

Professores, enviem seus projetos para a

redação da Revista Appai Educar

:

End.:

Rua Senador Dantas, 117/229

2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ.

CEP: 20031-911

E-mail:

jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br

Endereço Eletrônico:

www.appai.org.br

Tel.:

(21) 3983-3200

Os conceitos e opiniões emitidos em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores.

Expediente

Leituras audiovisuais: forma,

conteúdo e desafios

Denis Gerson Simões*

“O televisor está ligado, luzes e sons psico-

délicos transbordam pela sala de estar. O

silêncio toma a cena, só se ouve o ruído de tímidos passos.

Em instantes na tela um personagem entra em cena. Como

que seu ponto de vista, a câmera gira 180º, mostrando o

ambiente em plano geral: ele espirra, olha para os lados.

Fecha um superclose: uma lágrima rola pelo rosto. O plano

detalhe destaca um envelope e seu bolso traseiro: a mão

leve tira-o e, pelo canto já rasgado do papel, cai um fino e

leve pó branco. O homem chora.”

Mesmo sem uma única palavra verbal as imagens e os sons

transmitiram ao expectador informações que o fizeram aces-

sar seu “banco de dados” da memória, criar relações entre

elas e tentar desvendar os códigos visuais e auditivos que

ali recebeu. Desse conjunto o indivíduo constrói narrativas

e presume seu significado. Em algumas situações os dados

recebidos são insuficientes para aquela pessoa identificar

uma lógica no vídeo e esta não o entende; em outras al-

guns detalhes podem induzir ao erro de compreensão para

surpreender o público – o famoso “acha que é uma coisa

e não é”.

Assim, os audiovisuais podem se mostrar como jogos de

adivinhação ou mesmo como trilhas, que conduzem passo a

passo o expectador a um desfecho da trama. Se assemelham

a livros, onde as palavras são cuidadosamente escolhidas a

fim de trazer ao leitor as informações pertinentes, ao gosto

do escritor. A apresentação de dados ou a supressão dos

mesmos são importantes para atingir os objetivos do autor

frente aos seus “consumidores”. Um processo que vale

tanto em um romance quanto em um suspense. As antigas

histórias contadas ao pé da fogueira nas mais distintas

civilizações já tinham o intuito de transmitir as tradições e

aguçar a curiosidade, dando um toque lúdico ao conteúdo.

Tem-se, assim, um olhar sobre “forma” e “conteúdo”. O

modo como se transmite uma informação altera-a frente à

percepção do receptor. Na cena anteriormente descrita o

“superclose”, que evidencia a face, tem a função de destacar

www.appai.org.br

Saúde:

Descubracomoo

conhecimentoestá

vencendo a guerra no

combate aoAedes

aegypti, responsávelpela

transmissãodaDengue,

ZikaeChikungunya

Gestão Escolar:

Síndromede Burnout, ummalque

atingeoprofessordentro e fora

da salade aula. Saibaoque fazer

para tratar e evitar adoença

Especialistaorientapais e

professores acercadoquepode

ser feitopara ajudaro aluno a se

adaptar à volta às aulas

As

férias

acabaram, e

agora?

MalaDiretaPostal

Básica

9912341218/13/DR-RJ

APPAI

CORREIOS

Ano 18 –Nº 98 – 2016 – CIRCULAÇÃO DIRIGIDA – DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

o sentimento do personagem, assim como o plano geral

apresenta o ambiente onde este está inserido; as cenas

anteriores devem ter dado a “deixa” do que estava por

vir; o silêncio, sem trilha sonora, pode evidenciar o risco

do pó branco contido no envelope, assim como o contexto

histórico da produção do audiovisual permitir presumir que

se tratava de Antrax, arma biológica letal evidenciada no

início dos anos 2000. Indícios que compõem a narrativa.

Não são novidades esses dados, mas para muitos passam

imperceptíveis quando do consumo de um audiovisual. A

sequência de imagens; a forma como a câmera enquadra o

contexto; que objetos aparecem; o ângulo e a proximidade

como a cena é captada; os momentos de silêncio ou de sons

difusos; cada dado não é ocasional – pelo menos isso não

ocorre na maior parte das produções comerciais. O que ca-

rece por parte do público, em muitos momentos, é conhecer

os códigos para interpretar a linguagem dos audiovisuais.

Os nazistas souberam se aproveitar bem destes detalhes

em suas produções, como no épico “O triunfo da vontade”

ou em outras propagandas.

Diferente da alfabetização formal, em que as escolas seguem

modelos de ensino e aprendizagem das “primeiras letras”,

instruindo o estudante a ler e escrever textos verbais, a

decodificação do audiovisual, até o momento, ocorre via

um processo informal, onde através da fruição e da convi-

vência – com familiares e amigos – o indivíduo “aprende”

a entender o que “as telas” transmitem. Um vídeo ensina a

decodificar o outro, desde a tenra infância do espectador.

Nos primeiros filmes, por exemplo, o público fugia do trem

que vinha de encontro à tela ou vomitava ao ver closes –

pensando ser cabeças decepadas – já que não compreendia

os códigos básicos do cinema. Com o tempo isso mudou;

“nós aprendemos a ler”!

Dessa forma, distintamente do que acontece com o meio

de comunicação “livro”, que é analisado e classificado in-

tensamente durante os ensinos Fundamental e Médio, os

filmes e programas de televisão – só para citar dois famosos

exemplos – são vistos de modo mais simplório e não rece-

bem a mesma atenção que as literaturas por parte do corpo

docente. Seria por considerá-los subprodutos se comparados

aos livros? Artes menores? Na maioria dos casos, os que