Há dez anos, o mundo preparou-se para uma grande explosão da mídia eletrônica. Desde então, expressões como CD-Rom, multimídia e Internet ganharam súbita notoriedade e hoje são pronunciadas com certa intimidade por professores e alunos. Para o mercado editorial, esta expectativa não se realizou. "O mercado se expandiu de maneira menos intensa do que se esperava", diz João Guizzo. Em razão disto, a produção não aconteceu na velocidade e na quantidade para as quais as editoras se prepararam. "A porcentagem da mídia eletrônica nos catálogos das editoras hoje é insignificante", diz ele, acrescentando que não se produzem mais materiais novos nem há um investimento muito significativo.
O motivo desta retração é o custo alto dos produtos, aliado ao fato de que seu uso é individual. Este é o maior entrave à utilização desta mídia em salas de aula, segundo Guizzo: "Cada aluno precisa de um computador, ou todos terão que se organizar em grupos para estudar". Para ele, tão cedo o livro de papel não será relegado a um segundo plano, porque o professor percebe que o ensino através da mídia eletrônica não surte efeito. "Há um computador, um teclado, todo um equipamento entre o professor e o aluno, e a aula perde seu caráter coletivo", completa. O editor arrisca um prognóstico ao identificar a Internet como a mídia que pode vir a promover reais mudanças no conceito de ensino. Conectando tudo e todos, facilitando acesso a informações e dados, e tendo um infindável material gravado em um servidor em que todos podem capturá-lo, a Internet pode tornar-se uma verdadeira modificadora. "Mas será sempre, como a multimídia, um material de apoio. O básico é o professor em sala de aula", reafirma Guizzo.
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