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Interdisciplinaridade

Marcela Figueiredo

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Revista Appai Educar

Vozes e olhares

“A

o chegar à escola, encontro um ambiente

muito fragmentado, uma comunidade

escolar completamente dispersa, com os

segmentos que a constituíam literalmente

posicionados em campos opostos, sem uma real comu-

nicação. Noto então o enorme desafio que estava posto:

transformar esta comunidade escolar em uma unidade, em

uma equipe, que compartilhasse objetivos e estabelecesse

integração entre si, resultando em um espaço acolhedor,

afetivo e propício à construção de conhecimentos”.

O relato acima foi dado por Monica de Azevedo, que há

três anos assumiu o cargo de diretora do Colégio Estadual

Rubens Farrulla, localizado na Baixada Fluminense. Apesar

do cenário polarizado descrito por ela, a educadora tinha o

objetivo de colaborar para a transformação positiva daquele

contexto e fazer a diferença no cotidiano dos que compõem

a comunidade escolar. No primeiro momento, a diretora

traçou metas e adotou ações que fossem ao encontro dos

seus objetivos. O desenvolvimento de projetos pedagógicos

foi a estratégia escolhida para fazer da escola um espaço

integrado.

Faz parte do mesmo cenário o professor Thiago Santos,

que há cinco anos leciona na Rubens Farrulla. Ele começou

a fotografar sem compromisso e com o passar do tempo

decidiu utilizar sua produção como meio para propor um

novo olhar sobre o aluno. O tema de uma das conversas

entre diretora e professor foi a distância existente entre

docentes e discentes e a vontade que ambos tinham de

provocar no educador um olhar sobre o estudante sem

valores preconcebidos. Assim surgiu a

Exposição Vozes

2015

, um projeto fotográfico utilizado como estratégia de

sensibilização e integração da comunidade escolar.

“Meu objetivo com a exposição foi quebrar estereóti-

pos. Queria dar voz ao aluno para ele poder mostrar o que

realmente é e não apenas se submeter à visão que o outro

construiu sobre ele. A ideia foi romper com a noção que

existe sobre o estudante de escola pública, que muitas vezes

é o de um indivíduo marginalizado, mal-educado, feio, que

Educador utiliza fotografia e produção textual para dar voz aos

alunos e promover uma transformação no olhar colocado sobre eles