Tornar alunos, pais, professores e funcionários cada vez mais participantes, tanto na escola como na sociedade, a fim de formar cidadãos críticos e conscientes de seu papel de agentes transformadores. Esta é a meta do projeto político-pedagógico da Escola Municipal Telêmaco Gonçalves Maia, que vem sendo cumprida com sucesso. Segundo a diretora Gilda Braz, a escola, desde 1980, vem incentivando a participação da comunidade em suas atividades. Hoje, a idéia amadureceu. Também mais maduros, os alunos tomam parte em todas as decisões da direção da escola, somando esforços aos de professores, funcionários e pais.

A conquista não foi difícil, mas gradativa. Em 1996, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação concedeu o direito de elaborar os próprios projetos político-pedagógicos a todas as unidades municipais, de forma autônoma. O colégio, então, oficializou sua "política de participação" elaborando seu projeto e pondo-o em prática.

Preocupados com as grandes mudanças advindas da informatização e da influência cada vez maior dos meios de comunicação sobre crianças e adolescentes, os professores sentiram necessidade de reavaliar a trajetória da escola, repensar a sociedade e atualizar o projeto: "Ele não é estático, precisa se adaptar à realidade, que está em constante transformação. Por isto, traçamos novos objetivos", diz a diretora, que, juntamente com outros educadores e pais, chegou à conclusão de que a clientela da escola está muito mais engajada do que a de épocas não tão remotas.

A professora de sala de leitura, Solange Castellano, que atualmente presta assessoria à diretoria da escola, conta que o primeiro passo foi ter em mente que tipo de sociedade se desejava construir, que cidadãos se pensava em formar e a quem as instituições deveriam servir. Só depois, foi possível estabelecer como e com quais fins a escola atuaria.

"Fazer política é contribuir para transformar o que está aí. E o projeto é instrumento de vital importância neste processo de transformação. Aqui, em nossa escola, entendemos por projeto todos os acontecimentos do dia-a-dia, e não um documento que fique engavetado", argumenta Solange.

"Portanto, a implantação do projeto, na escola, compreende as aulas profissionalizantes de Informática, Artes, música, marcenaria, ministradas como complemento à grade curricular do aluno, e as atividades extracurriculares cria-das para os alunos, como passeios, participação em manifestações culturais, sociais e cívicas e mesmo e conquistas obtidas fora dos portões da escola".

Desde o início da década de 80, por exemplo, começou-se a questionar por que o índice de freqüência era tão baixo, na escola, e a taxa de evasão escolar, tão alta. Descobriu-se que um terço dos estudantes morava na Baixada Fluminense. "Na época, ainda não existia passe livre nos ônibus intermunicipais. Por isto, articulei, com alunos, professores e funcionários de outras escolas municipais da Pavuna, um movimento de reivindicação. A participação foi geral. Sentamos, muitas vezes, nas escadarias da Assembléia Legislativa", recorda-se. Em 1993, após muita militância, o passe livre foi aprovado, beneficiando todos os estudantes da rede municipal do Estado e os da Escola Municipal Telêmaco Gonçalves Maia, que se tornaram assíduos.

Entre outras conquistas resultantes do trabalho desenvolvido na escola, enumeram-se, também, a melhoria do desempenho escolar, o zelo dos alunos pela escola e seu engajamento político. "Um ex-aluno é, atualmente, representante dos pais aqui. Existe algo mais político que isto?", pergunta Gilda, orgulhosa.

A participação dos alunos em tudo o que diz respeito à escola culminou na rea-lização, por eles, sob orientação do professor de Informática, da primeira homepage de uma escola municipal do Rio de Janeiro. Ali, divulgaram o "Telêmaco de cara limpa", campanha criada por estudantes e funcionários contra a pixação na escola e relataram todas as conquistas realizadas até então.

Agora, a escola persegue uma nova conquista, a assessoria de um coordenador pedagógico para a direção do colégio. "Há muitos anos, os professores da escola cumprem tal função, mas estamos providenciando um profissional para nos ajudar nessa empreitada", diz a diretora. Diante da nova ordem mundial de constantes transformações, na pauta de prioridades do "Telêmaco" estão, também, o estímulo à integração dos estudantes nos grêmios, que já são bastante organizados, militantes, e defendem o respeito às diferenças individuais e a formação de cidadãos aptos a lidarem com máquinas, sem, no entanto, desumanizarem-se.

"Queremos uma escola atraente, orien-tada por princípios e valores democráticos; uma educação que nos faça cidadãos conscientes a ponto de abraçarmos a modernidade, sem nos esquecermos das relações humanas. Ainda estamos longe do que sonhamos. Porém, as conquistas já realizadas são alavancas que nos impulsionam a continuar tentando melhorar sempre e tornar o projeto pedagógico da escola uma realidade concreta e viável para a comunidade em que a instituição de ensino está inserida", afirma Solange.

Escola Municipal Telêmaco Gonçalves Maia Dir. Gilda Braz / Profª Solange Castellano Tel: (0xx21) 474-1864

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