E-BOOK REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 155

NOVASTECNOLOGIAS NAEDUCAÇÃO E-BOOKEXCLUSIVO Paraotimizaratecnologianasescolas,éesencialsuperardeficiênciasna infraestruturaepromoverusoresponsáveldedispositivosmóveisemsaladeaula. Ano26-155-2023-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA-DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

2 E-book Revista Appai Educar Novas tecnologias na educação E - B O O K E XC L U S I VO Confira! Muitos recursos digitais disponíveis, porém falta de estrutura em algumas instituições e uso indevido de celular em sala de aula. Como lidar com essas questões e tornar efetivo o emprego da tecnologia nas escolas?

3 E-book Revista Appai Educar A tecnologia em sala de aula revolucionou o cenário educacional, proporcionando inúmeras oportunidades para o aprendizado. Permitindo que os educadores personalizem o ensino, adaptando-o às necessidades individuais de cada estudante e promovendo um aprendizado mais eficaz e engajador. No entanto, é fundamental equilibrar o uso da tecnologia com abordagens pedagógicas tradicionais, garantindo que os alunos também desenvolvam habilidades, como pensamento crítico e resolução de problemas. O papel do educador em orientar e motivar os alunos é fundamental para o sucesso do uso dessas ferramentas e para preparar os estudantes para um mundo cada vez mais digital e conectado. Mas, afinal, como alinhar tudo isso com a falta de estrutura das escolas, ausência de preparação de alguns educadores e o uso indevido do celular em sala de aula? A Revista Appai Educar conversou com especialistas para trazer dicas e possíveis soluções. Descubra!

4 E-book Revista Appai Educar Dificuldades encontradas pelo professor Quando falamos das dificuldades encontradas pelo professor para trabalhar de forma efetiva com a modernidade em sala de aula, a analista de tecnologia educacional na Rede Santa Marcelina, com mais de 20 anos de atuação na área, Graziele Cestarolli Ortega, afirma que a dificuldade vai desde a infraestrutura à formação docente, não sendo possível focar somente em um outro tópico. “Haja vista que na pandemia tivemos cenários muito divergentes no uso da tecnologia para a oferta das aulas remotas e, ainda hoje, com as presenciais, há desigualdade neste sentido. De qualquer modo, ainda acredito que seria possível minimizar esta dificuldade se fosse iniciada uma atuação lá na raiz do desenvolvimento da prática docente, ou seja, na formação”, pontua.

5 E-book Revista Appai Educar *No âmbito educacional, sabemos que as possibilidades oferecidas pelos recursos digitais são vastas, mas, junto com as oportunidades, surgem desafios significativos que educadores, alunos e instituições educacionais precisam enfrentar. Para a professora de educação infantil da rede pública Ana Vale, as dificuldades mais significativas encontradas pelo professor passam, sobretudo, pela falta de treinamento adequado para os docentes. Segundo ela, muitos educadores não receberam a formação necessária para utilizar efetivamente a tecnologia em suas aulas, uma habilidade essencial no século XXI. “A solução para esse problema envolve investir em programas de desenvolvimento profissional, capacitando os professores a incorporarem as ferramentas digitais de maneira eficaz”, pontua acrescentando que, além disso, algumas escolas enfrentam a falta de recursos tecnológicos adequados. Segundo ela, é crucial buscar parcerias, financiamentos e apoios governamentais para melhorar a infraestrutura tecnológica nas instituições de ensino.

6 E-book Revista Appai Educar Aplicativos educacionais, e-learning e plataformas de ensino on-line De acordo com Ortega, para que a tecnologia seja inserida de forma eficaz no ensino é preciso que o uso seja pensado com propósito, e isso se dará no planejamento. “Antes de o professor pensar em como integrar essas novidades, ele deve repensar a organização de suas aulas no sentido de ofertar um conteúdo de qualidade e que seja atrativo aos estudantes. E aí, sim, neste quesito a tecnologia pode ser inserida de forma eficaz, porque ela terá um papel assertivo no processo de ensino-aprendizagem e não será somente parte de um protocolo a ser cumprido”, destaca.

7 E-book Revista Appai Educar Para isso, a especialista em tecnologia educacional sugere que o educador esteja antenado com as opções de recursos que estão à sua disposição, tanto o que é ofertado pela instituição de ensino, como também os recursos gratuitos disponíveis na web. Outro aliado é ter conhecimento do que seus estudantes consomem, com quais dispositivos se familiarizam e usam com mais frequência. E quando o assunto é o uso ou a incorporação dos milhares de aplicativos educacionais, e-learning e plataformas de ensino on-line, parece que o tema desafio permanece ancorado nos manuais didáticos de muitos professores, sem muita força para movimentar-se com a rapidez com que o mundo dos softwares e IAs se desloca. “Temos que estar preparados não só para aplicar a usabilidade, mas também avaliar com propriedade, cuidadosamente, os aplicativos e plataformas disponíveis. Isso é essencial”, garante Ângela Mota, especialista e Mestre em Educação. Nesses cenários de tantas ofertas de aplicativos educacionais, vídeos e uma enxurrada de conteúdos ligados ao tema, é primordial que os professores escolham ferramentas que estejam alinhadas com os objetivos de ensino e aprendizado da sua sala de aula. A integração das ferramentas digitais deve ser feita de forma estratégica, não apenas como um complemento, mas como parte essencial do currículo, enriquecendo a experiência de aprendizado dos alunos. “Além disso, é importante considerar o potencial da personalização da aprendizagem e do acompanhamento aperfeiçoado oferecido por essas tecnologias”, frisa.

8 E-book Revista Appai Educar Proibição do uso de aparelhos celulares é a solução? Passou a valer a partir de agosto o decreto que regulamenta a proibição do uso de aparelhos celulares dentro das salas de aula nas escolas da rede municipal do Rio de Janeiro. A decisão está em consonância com o recente Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023 da Unesco, que aponta que o uso desses dispositivos pode prejudicar a aprendizagem e a concentração. O intuito da medida é evitar distrações e interrupções durante o processo de aprendizagem. Para Ortega não é a medida ideal para evitar esse problema em sala de aula. Isso porque, segundo ela, eles não são os únicos causadores das distrações. “Acho que neste ponto vale uma reflexão acerca de frentes distintas: a qualidade da aula, definição de diretrizes de uso e o potencial de utilização de dispositivos móveis em prol do processo de ensino-aprendizagem. Se a aula que está sendo dada vai prendendo a atenção dos estudantes, se o docente está apresentando uma proposta atrativa, estes provavelmente não voltarão sua atenção para os celulares”, explica.

9 E-book Revista Appai Educar Ainda neste ponto, a especialista ressalta que a instituição pode determinar diretrizes de uso do dispositivo, deixando claro quais as regras e consequências. Ela afirma que esta definição é importante até mesmo para os estudantes levarem para a vida, afinal não é em qualquer local e nem em todos os momentos que devemos ficar mergulhados no celular. O local de trabalho é um bom exemplo. A especialista destaca ainda sobre o potencial educacional que estamos perdendo ao banir os celulares. “Já que é sabido que nem todas as instituições de ensino têm infraestrutura para que os alunos realizem pesquisas, acessem conteúdo ou até mesmo realizem produção autoral. Neste caso, os dispositivos podem sim ser um grande aliado, obviamente quando seu uso é planejado e adequado à proposta pedagógica da atividade ou o projeto ofertado pelo docente”, explica. A questão central da proibição perpassa por uma linha tênue que divide as opiniões da comunidade escolar. Para alunos que já nasceram conhecendo essa dependência a proibição pode ser uma solução para a melhoria da qualidade da aprendizagem dos educandos. Para Ana Vale, impedir o uso de celulares em sala de aula pode parecer uma solução simples, mas nem sempre é a mais eficaz, uma vez que a proibição total pode ser impraticável e limitar o potencial educacional dos dispositivos. “Em vez disso, é preferível estabelecer regras claras sobre o uso de celulares em sala de aula, definindo períodos específicos de utilização e finalidades permitidas. Com supervisão adequada, os dispositivos móveis podem ser usados para fins educacionais valiosos, contribuindo para a aprendizagem colaborativa e desenvolvendo habilidades digitais essenciais”, comenta a docente.

10 E-book Revista Appai Educar Como usar o celular de forma efetiva em sala de aula? Ortega destaca que os alunos podem facilmente acessar qualquer tipo de conteúdo com o celular e criar uma variedade de criações autorais. “O TikTok por exemplo, que está em alta com os jovens, pode ser um recurso a ser explorado pelo professor em qualquer componente curricular, seja gravando uma série de vídeos curtos com o conteúdo abordado como se fosse uma websérie ou como um resumo ou curiosidades referentes ao tema proposto”, explica. Ela sugere também fazer registros exploratórios de experimentos científicos em fotos com a câmera do celular e postá-los dia a dia no Instagram com um texto explicativo ou elaborar umvídeo evolutivo com ajuda do Canva.

11 E-book Revista Appai Educar * Outra sugestão dada pela especialista é gravar um podcast com a turma, onde cada conteúdo gravado traz um tema ou assunto tratado em aula, sendo discutido com estudantes e professores. “As possibilidades são muitas e muito variadas. O que é preciso é sair da caixinha e, para isso, o docente pode inclusive construir essa proposta de trabalho colaborativamente com os seus estudantes, questionando o que gostariam de fazer ou o que poderia ser feito com o celular dentro da proposta de aula ou projeto”, destaca. Mas como equacionar o uso correto? Existe um padrão? Uma receita secreta que, associado ao tempo de aula e mesmo com a falta de maturidade de boa parte dos alunos no uso consciente do celular em sala, resulte na fórmula perfeita? Para maximizar o uso de aparelhos em sala de aula, alguns especialistas afiançam que é importante definir regras claras e expectativas. “Além disso, práticas interativas, como o uso de aplicativos educacionais e recursos on-line, podem envolver os alunos em atividades de aprendizado, como pesquisas, jogos educacionais e discussões em grupo. Os dispositivos também podem ser utilizados como ferramentas de pesquisa, incentivando os alunos a buscarem informações relevantes durante a aula”, afirma Ângela Mota.

12 E-book Revista Appai Educar Tecnologia nas escolas: uma realidade para todos? Ortega destaca que a tecnologia não é um fator essencial, e sim um facilitador com grande potencial. “Ainda que não haja muitos recursos disponíveis, o professor pode e deve propor atividades que tirem os alunos da mesmice de sempre, de estar em uma posição de mero expectador para uma posição de participação do processo. Crie experimentos, explore o entorno, utilize as informações e recursos que estão ao seu redor, afinal uma tesoura também é uma tecnologia. O aprendizado não pode e não tem que estar limitado entre quatro paredes. O docente deve buscar por abordagens onde o estudante consiga aprender e evoluir de forma participativa e autônoma”, finaliza. Um dos pontos levantados é a questão da equidade. Garantir que todos os alunos tenham acesso igualitário à tecnologia é um desafio importante, pois mesmo fazendo parte da Constituição essa lacuna ainda está muito longe de fechar, por vários fatores. “É fundamental um esforço conjunto de governos, escolas, comunidades, setor privado e organizações sem fins lucrativos. Medidas como a alocação de recursos para infraestrutura de conectividade, fornecimento de dispositivos para estudantes carentes, treinamento de professores em tecnologia educacional e desenvolvimento de conteúdo acessível são cruciais para promover a igualdade de oportunidades de aprendizado”, alerta Ana Vale.

13 E-book Revista Appai Educar Ao refinar sua linha de pensamento, Ângela Mota enfatiza que, para abordar essa preocupação, escolas e governos podem buscar soluções, como fornecer dispositivos para alunos de famílias com recursos limitados. “Além disso, é essencial que tanto professores quanto estudantes tenham acesso ao treinamento e ao suporte necessário para utilizar a tecnologia de maneira eficaz. O futuro da educação digital também se mostra promissor, com tendências como realidade virtual, aprendizado de máquina e inteligência artificial, que têm o potencial de revolucionar ainda mais a forma como ensinamos e aprendemos”, conclui. O que fica muito claro ao entendimento de todos é que a integração da tecnologia na educação é uma jornada em constante evolução, com desafios e oportunidades intrínsecas. O sucesso nessa empreitada depende do comprometimento de todos os envolvidos na educação, desde educadores até autoridades governamentais e pais. Com uma abordagem cuidadosa e estratégica, a tecnologia pode ser uma ferramenta poderosa para aprimorar a qualidade da educação e preparar os alunos para um futuro digital em constante mudança. Por Antônia Figueiredo e Jéssica Almeida Fotos: Freepik e Firefly

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