PCNs e Temas Tranversais querem revolucionar as regras da Educação e fazer adultos mais conscientes

Desde que o Ministério da Educação lançou os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), termos como “construir conhecimento”, “Temas Transversais” e “interdisciplinaridade” provocaram uma grande agitação no meio educacional e muitas dúvidas para o professor de como agir na sala de aula. Os PCNs são um conjunto de orientações para melhorar a qualidade do Ensino Fundamental e contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes, críticos, autônomos e participativos. Eles orientam sobre o que e como ensinar. Baseadas em estudos pisicopedagógicos, em experiências de currículos internacionais e até de alguns estados brasileiros, estas orientações colocam a pedagogia tradicional de “cabeça para baixo”.

O modelo do professor que apenas repassa conhecimentos para alunos está sendo repensado. Inspirados nas experiências da pedagogia construtiva, os PCNs sugerem que o conhecimento pronto e as etapas rígidas de aprendizado dêem lugar a ações que levem a criança a buscar o seu próprio conhecimento. Ela deverá ser estimulada a levantar hipóteses, tirar conclusões, criticar, interpretar e criar. Um professor de Geografia, por exemplo, em vez de incentivar a memorização da localização de estados, terá melhor resultado se levar seus alunos a descobrirem como manipular mapas para saber onde as regiões estão situadas.

Estas inovações adaptam o que se ensina nas escolas às mudanças sociais e econômicas do país e do mundo. Temas como preservação do meio ambiente, sexo e cidadania são cada vez mais debatidos e a escola não pode ficar fora da discussão.

O mercado de trabalho mudou.

Computadores e máquinas substituem trabalhadores em fábricas e escritórios. Mais do que nunca, a boa formação pode garantir a conquista profissional da criança de hoje.

Outro objetivo desses parâmetros é eliminar as causas da repetência e do abandono dos estudos. Cerca de 5 milhões de alunos do Ensino Fundamental são reprovados todos os anos no Brasil, segundo o MEC. A situação é assustadora se somarmos estes estudantes aos que abandonam a escola durante o ano: um em cada três não conclui a série em que se matricula. A repetência, além de trazer gastos ao governo, não contribui para o aprendizado. Segundo estudo do Sistema de Avaliação do Ensino Básico, alunos que estão na série adequada à sua idade tiram notas mais altas do que os que repetiram uma ou mais vezes.

 

A Vez dos Ciclos

Uma das sugestões dos PCNs é a divisão das séries em dois ciclos: o primeiro, formado pelas 1.ª e 2.ª séries e o segundo, formado pelas 3.ª e 4.ª séries. A mudança permitiria aos professores trabalhar o conteúdo dos currículos num período maior de tempo e respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos. Alguns poderão estar mais avançados no aprendizado do que os outros; e os ciclos, por serem mais contínuos, possibilitariam trabalhar melhor essas diferenças. Organizar trabalhos em duplas ou em equipes, método pouco utilizado nas primeiras séries do Ensino Fundamental no Brasil, também permite ao aluno que tem mais conhecimento em uma matéria auxiliar o outro que não apresenta o mesmo avanço.

Os PCNs também sugerem que o ensino seja trabalhado a partir da realidade do aluno. É mais fácil para o aluno aprender a partir de dados que já são do seu conhecimento

. O professor dos novos tempos também vai abordar questões relativas a outras matérias além da sua. É a chamada Interdisciplinaridade.

Ao realizar um trabalho de Ciências sobre a água, por exemplo, os alunos têm de escrever sobre os estados físicos da água, a formação das chuvas e, é claro, se utilizam de conhecimentos da Língua Portuguesa. Podem, ainda, ser indagados sobre onde existe água no planeta, o que envolverá questões de Geografia.

Na tarefa de formar alunos-cidadãos, o professor terá também de despertar atitudes e trabalhar valores éticos. Não por acaso, outra novidade dos PCNs é a inclusão dos Temas Transversais, que demandam do professor novas habilidades e posturas.

E a Prática?

Como se vê, os PCNs propõem profundas alterações no cenário da Educação no Brasil. Eles exigem de todos um envolvimento e um preparo à altura para a sua aplicação.

Embora muitas dessas alterações já viessem ocorrendo em algumas escolas brasileiras, para a maioria delas são novidade ou, pelo menos, oferecem muitas dificuldades na aplicação por falta de condições de trabalho e de materiais de apoio adequados.

O que são Temas Transversais?