Combinar medicamentos entre si ou com certos alimentos pode causar graves efeitos colaterais
A lista de combinações perigosas é extensa (ver quadro). Antiinflamatórios não-esteroidais, como Cataflan e Voltaren, por exemplo, podem provocar hemorragias gastrintestinais e aumentar o risco de irritação estomacal, se ingeridos com álcool ou frutas cítricas. Vasodilatadores como o Nitrostat, indicado para relaxar veias e artérias e reduzir o esforço do coração, podem ter seu efeito neutralizado quando consumidos junto com sal. “Muitos remédios e alimentos têm o poder de potencializar ou bloquear o efeito de alguns medicamentos, e isso quase nunca é bom para o paciente”, explica o farmacêutico Cleber Cunha da Silva, membro do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos. Segundo o especialista, qualquer interferência na função do medicamento é grave, mesmo quando a combinação resulta apenas na diminuição de seu efeito. “Um tranqüilizante com a ação reduzida, em vez de acalmar, pode causar nervosismo e hiperatividade no paciente, o que termina por comprometer todo o tratamento”, exemplifica. |
Entre as substâncias que costumam interferir na ação de um remédio, o álcool é uma das que representam maior perigo. Dependendo do medicamento com o qual interage, pode provocar aumento ou inibição do efeito esperado e até mesmo uma reação tóxica adversa. Misturado com tranqüilizantes, pode diminuir drasticamente a performance mental e motora. Consumido com alguns antiparasitários ou antifúngicos, é capaz de levar a desmaios e convulsões.
Na maioria das vezes, é fácil perceber quando uma mistura não cai bem. Em pouco tempo, surgem dores de cabeça, náusea, queda de pressão e dores de estômago – ou mesmo falta de ar e taquicardia, se a pessoa tiver tendência a problemas do coração. Mas, para ter certeza de que essas alterações estão relacionadas com o medicamento indicado, o melhor é procurar um médico. “Todo efeito adverso que ocorrer durante a utilização de um remédio deve ser comunicado ao próprio médico que o receitou”, aconselha Giane Santana Oliveira, coordenadora-executiva da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos. “Ele é a pessoa mais indicada para diagnosticar corretamente o problema e encaminhar a melhor solução”. |