A Psicomotricidade a Favor do Educador

Programa de Assessoria à Prática Educativa ajuda educadores a melhorar sua qualidade profissional

 

 

Formação pedagógica não é tudo. Hoje em dia, o profissional de Educação precisa se preocupar, também, com o corpo, não no sentido estético, mas, como linguagem. Quem faz esta afirmação é Ricardo Carlos Santos Alves, psicomotricista especializado em Terapia Psicomotora pelo Centro de Estudos Regina Morizot, no Rio de Janeiro, e mestre em Educação pela Universidade de Havana, em Cuba. Para ele, o educador precisa se conscientizar de que, para aprimorar suas habilidades profissionais, deve não só saber ensinar, mas também melhorar sua capacidade de relacionamento com os alunos e as pessoas que o cercam.

Observando a necessidade de aperfeiçoar o relacionamento profissional dos educadores pelos ângulos técnico e pessoal, Ricardo resolveu colocar em prática sua técnica psicomotricista. "A Psicomotricidade não se propõe a trabalhar conteúdos com os educadores, mas, sim, a relação entre eles e, também, o auto-conhecimento" - diz ele. Deve existir uma preocupação de como o corpo do educador é visto pelo aluno e pela escola.

Na busca por esta melhor qualidade da atividade profissional dos educadores, Ricardo desenvolveu um trabalho, com base na Psicomotricidade, que avalia o ser humano em seus movimentos, nas relações internas e externas. O trabalho foi denominado Link. "Escolhi este nome pois link significa 'elo', e esta ligação é fundamental, em uma instituição, para a criação de relações mais prazerosas e satisfatórias no ambiente de trabalho" - explica ele.

O Link é extensivo não só aos professores, mas a todos os funcionários da escola, desde o porteiro até o diretor-geral. Afinal, todos são educadores. Por isto, são convidados e estimulados a participar das atividades desenvolvidas.

O planejamento e a estrutura do trabalho são flexíveis em relação aos interesses da escola, apenas sendo mantida a filosofia do trabalho. Assim, no primeiro contato com a direção da instituição, são discutidos os fundamentos do processo e organizados os grupos que serão formados.

Estes serão divididos de acordo com o perfil de cada participante, estudado com base em sua ficha cadastral. Coordenadas pelo psicomotricista, cada sessão dura, em média, duas horas e é realizada dentro do horário de trabalho do profissional.

As atividades do programa são teóricas e práticas. A teoria é vista em textos que apresentam situações relacionadas à psicomotricidade. Já as atividades práticas são marcadas por dinâmicas em que o eu de cada professor é trabalhado em relação ao outro com quem interage através do objeto (espumas, almofadas, etc). "É importante que haja uma interação entre estes elementos, pois eles são os 'personagens' que regem a Psicomotricidade" - explica Ricardo.

Durante as brincadeiras e sensibilizações, o coordenador estreita relações com o grupo e observa o discurso corporal-verbal de cada um. Segundo Ricardo, estas vivências psicomotoras, além de terem caráter lúdico e recreativo, estimulam o auto-conhecimento, a compreensão do outro e o desenvolvimento do sujeito num contato corpóreo-verbal. "Para lidar com o corpo de tantas crianças, o profissional precisa, antes, aprender a fazer o mesmo com o seu" - diz ele. Assim, nas sessões, fala-se não apenas do aluno, mas também de si, das sensações, dos medos e conquistas de cada um.

O programa não tem uma "receita". As atividades são desenvolvidas de acordo com o que o grupo traz para o psicomotricista - em geral, exemplos de agressividade ou das dificuldades em sala de aula e no relacionamento com os colegas. Depois, Ricardo interage com os chamados objetos facilitadores (cubos de espuma, almofadas, papel, caneta etc) que suscitam as questões que serão trabalhadas. No desenrolar das atividades, ele observa as situações, intervém na dinâmica e procura fazer com que os participantes reflitam sobre o que se está discutindo ou foi visto nos textos. Ao final do programa, os objetivos são alcançados. "Consigo sensibilizar o educador a prestar atenção não apenas ao discurso, mas, também, aos gestos do outro" - garante Ricardo.

O trabalho do psicomotricista Ricardo é, ainda mais importante, pois desencadeia uma relevante mudança de atitude por parte dos professores. "Torna-se cada vez mais clara a necessidade de o educador rever sua postura, sua visão, sua fala, sua relação com o aluno, beneficiando todo o processo, não só do ensino, mas, também, da aprendizagem" - comemora Ricardo. A psicomotricidade pode e deve ser aliada do educador.

 

Ricardo Carlos Alves
Tel.: 613-1598
e-mail: alvesric@urbi.com.br

Veja um exemplo de dinâmica que foi desenvolvida por Ricardo, ao implantar o projeto Link

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