E-BOOK REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 153

5 E-book Revista Appai Educar A especialista em Estudos de Linguagem Fernanda Lessa chama atenção para a retomada das aulas presenciais em 2022, onde os regentes tiveram que lidar com alunos desacostumados com a rotina escolar e com estudantes que apresentaram questões socioemocionais capazes de afetar o desempenho escolar. “Isso acrescido do fato de que a aprovação desses estudantes, por conta da pandemia, teve um resultado negativo, uma vez que uma expressiva quantidade de alunos matriculados em uma mesma turma é dividida entre os três estágios de aquisição da linguagem escrita, a saber: nível pré-silábico, em que as crianças acreditam que se escreve com desenhos; nível silábico, em que elas percebem as incoerências do nível anterior e elaboram a hipótese de que cada sílaba precisa ter uma letra, que normalmente é uma vogal; nível alfabético, onde há uma reformulação da hipótese anterior, fazendo a correspondência relativa entre fonema e letra”, explica Fernanda. Para ela, o desafio de fazer o alunado ler e escrever exige que os professores empreguem teorias que se agreguem às atividades pedagógicas já usadas e que, muitas vezes, se mostram ineficazes. “Reforço que todo o corpo docente, após detectar que a maioria da turma não avança por não ter atingido o estágio alfabético de aquisição da linguagem escrita, precisa, em conjunto, elaborar atividades que consolidem esse processo de aquisição. Não cabe, todavia, apenas ao professor de Língua Portuguesa essa incumbência”, afirma. O que pode ser feito, de acordo com Fernanda, é firmar uma parceria com os professores, a fim de que estratégias pedagógicas sejam apresentadas como auxílio do trabalho que terá de ser feito por todos em prol do avanço dos alunos. “Se assim não o fizerem, o progresso nos estudos não será atingido, e consequentemente a apreensão dos conteúdos não será obtida. Abre-se a possibilidade do emprego de distintas estratégias pedagógicas, tal como o uso de redes sociais, cujo acesso é familiar aos estudantes, já que a linguagem tem uma função social, e a internet é um ambiente frutífero em que circulam infinitos gêneros textuais”, destaca a educadora.

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