Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, na Suíça, em 9 de agosto de 1896. Era filho mais velho de Arthur Piaget, calvinista convicto e professor de literatura medieval, e de Rebeca Jackson.

Desde sua meninice, Piaget mostrou a que veio, pois gostava de observar as coisas a sua volta. Aos 10 anos foi convidado para trabalhar no Museu de História Natural. Sua função era colar etiquetas em coleções de conchas. Certa vez, tendo observado em um parque público um pardal totalmente albino, o menino, com apenas 11 anos, publicou seu primeiro trabalho, um pequenino artigo, mas que é considerado sua primeira produção científica. Sem sombra de dúvidas, era o início de uma vida cheia de descobertas, de que resultariam cerca de 230 artigos e 70 livros.

Em sua adolescência, começou a despertar para estudos acerca de moluscos, fósseis, zoologia, entre outros temas que ao longo dos anos pesquisou. Com todo esse interesse, é claro que o resultado seriam muitos escritos. E foi o que aconteceu: ele começou a escrever artigos diversos sobre estes temas.

Em 1918 começou a se interessar pelas questões psicológicas e filosóficas. Estudou Ciências Naturais na Universidade de Neuchâtel, após terminar o colegial. Mais tarde estudou psicologia na Universidade de Zurique, onde começou a ter contato com a psicologia experimental, que mais tarde seria fundamental para seu trabalho de epistemólogo. Neste mesmo tempo, Piaget se interessa pela psicanálise e vai para a França.

Em Paris, estuda filosofia com André Lalande (1867 – 1936) e trabalha na escola de meninos da Rua “Grange-Aux-Belles”, criada por Alfred Binet (1875 – 1911), psicólogo francês, inventor do primeiro teste de inteligência. A partir daí, Piaget começou a desenvolver uma pesquisa sobre o raciocínio verbal de crianças normais e deficientes.

Piaget publica mais quatro artigos. E um de seus trabalhos neste período foi publicado nos Arquivos de Psicologia, em Genebra. Com isso, Claparède (1873 – 1940), que na época editava seus livros, ficou tão sensibilizado pela escrita tão bem construída, que convidou Piaget a vincular-se, em 1921, ao Instituto Jean Jacques Rousseau de Genebra.
Piaget aceitou e lá começou a investigar a psicologia infantil.

Casa-se em 1923 com Valentine Châtenay, com a qual teve três filhos, Jacqueline, Lucienne e Laurent. Piaget observava e estudava o desenvolvimento de cada um deles desde o nascimento.

Mesmo tendo várias tarefas, nunca abandonou seus estudos sobre moluscos e continuava a publicar importantes artigos sobre o tema. Sem largar de mão sua pesquisa sobre o desenvolvimento infantil no laboratório de Genebra, lecionou até 1929 ministrando aulas de psicologia e sociologia, uma vez que tinha sido nomeado titular de Filosofia em Neuchâtel, alguns anos antes.

Em 1929, deixa as salas de aula para se dedicar exclusivamente à Universidade de Genebra, no cargo de Diretor Assistente, e mais tarde Co-diretor do Instituto Jean Jacques Rousseau.

Neste período começa a realizar conferências em Madri e Barcelona e ganha o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Harvard. Entre 1939 e 1952, ministrou aulas de sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Genebra, onde mais tarde, em 1940, assumiu o cargo de diretor do Laboratório de Psicologia Experimental. Juntamente com André Rey e Lambercier, atuou como editor dos Arquivos de Psicologia.

Em 1950, já bem conhecido, Piaget já havia publicado os 3 volumes de “Introdução à Epistemologia Genética”. Toda a sua idéia de desenvolver uma epistemologia genética consolidada nas ciências se solidificou, quando, em 1955, fundou em Genebra o Centro Internacional de Epistemologia Genética. O objetivo era reunir pesquisadores de diferentes ciências para discutir vários problemas epistemológicos.

Nos anos seguintes, recebeu várias graduações honoráveis, além de homenagens e prêmios no mundo todo. Vale aqui um destaque para um importantíssimo prêmio das Ciências Humanas por ele recebido, o Roterdam. A UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil, lhe concedeu o título de Doutor Honoris Causa, em 1949.

Sua teoria é até hoje fonte de pesquisa em universidades, centros de pesquisas e estudos. Piaget foi, sem dúvida, um dos maiores pensadores de nossa história. Um exemplo de homem estudioso, crítico, pesquisador, professor, pai, psicólogo, entre tantas outras qualidades que poderíamos aqui destacar.

Mesmo com tantas tarefas, não perdia o estímulo de pesquisar cada vez mais e escrever. E a palavra “curiosidade” era peça fundamental não somente no que se refere ao que lemos hoje dele, mas principalmente das suas descobertas. Em qualquer lugar em que estivesse, observava, pesquisava e escrevia.

Em 16 de setembro de 1980, Jean Piaget morre em Genebra, aos 84 anos e cheio de idéias, em plena atividade, com muita criatividade ainda e, o principal, com muita curiosidade e inquietação em descobrir mais coisas e aprofundar suas idéias, como podemos ler no que ele escreve em parte de sua autobiografia.

É importante dizer que Piaget, embora traga muitas contribuições para a educação, não é pedagogo e nunca pretendeu ser. Sua formação foi de biólogo, zoólogo, filósofo, epistemólogo e psicólogo.

Caro leitor, esta matéria sobre a vida e a obra de Jean Piaget continua na próxima edição. Até lá!


Fontes:

1) FERREIRO, Emília. Atualidade de Jean Piaget. São Paulo: Artmed, 2001.

2) LIMA, Lauro de Oliveira. Por que Piaget? – A educação pela inteligência. Petrópolis: Vozes, 1998.

3) PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Trad. Nathanael C. Caixeira. Petrópolis: Vozes, 1971.

4) PIAGET, Jean. Piaget – Sugestão aos educadores. Petrópolis: Vozes, 2001.