Por Wagner Sanchez (*)

O período de matrículas para o ano letivo de 2008 já começou e, com ele, alguns pais enfrentam o dilema: qual a melhor opção de escola para seus filhos. Para aqueles que vão promover a “estréia” dos filhos na escola ou pretendem transferi-los para uma nova instituição de ensino, é preciso atentar não apenas para a estrutura física dos colégios, mas também para o modelo de ensino.

Conhecer previamente o material didático utilizado, se a criança terá aulas extracurriculares, saber quais são os canais de acesso para a coordenação e se são facilitados aos pais são os primeiros passos para a seleção. Da mesma forma, entender a metodologia trabalhada em sala de aula na hora de matricular seus filhos na escola é de fundamental importância. Família e escola devem estar sempre em sintonia para que pais e filhos sintam segurança na equipe que trabalha na escola e confiem no trabalho que está sendo desenvolvido, sabendo que encontrarão as portas abertas no caso de aparecer alguma dúvida. Pesquisar quais livros, que material didático é usado, o número de alunos por sala de aula, o espaço físico da escola e se as aulas ocorrem com freqüência são outros fatores que não devem ser deixados de lado.

Buscar saber como a escola estará recebendo o aluno novo é outro ponto crucial. Nesse sentido a forma como a equipe trabalha deve ser levada em consideração, afinal os educadores devem trabalhar com espírito colaborativo, focando o crescimento de todos os alunos – não apenas os da sua sala –, dando continuidade ao trabalho dos demais professores.

Especificamente para os pais que pretendem mudar os filhos de escola, é recomendável conversar com a criança e explicar a ela qual é o motivo dessa transferência, permitindo que ela também participe de todo o processo de escolha da nova escola. Deixar que o futuro aluno ajude na escolha é importante para que a transferência não seja encarada como uma imposição. Uma transferência de colégio deve ter um motivo: discordâncias com o método pedagógico, falta de adaptação ao ambiente escolar, problemas com notas, entre outros. Se for por conta de mudanças de uma cidade para outra, a família deve procurar uma escola parecida com a anterior para que a adaptação das crianças seja menos traumática.

Já nos casos em que a transferência é feita por questão de adaptação pedagógica ou disciplinar, a procura deve ser baseada na diferença entre as metodologias de ensino de uma instituição para outra. Não adianta mudar a escola se as estruturas que desencadearam a decisão pela mudança permanecerem as mesmas. É preciso mudar também as atitudes e a forma como a família relaciona-se com o ensino do filho. Caso isso não ocorra, independente da troca de escola, os mesmos problemas continuarão se repetindo.

Seja a primeira experiência escolar ou transferência de instituição, pesquisar com pais e alunos que já estudem na escola em que você está pretendendo matricular seus filhos para saber a opinião de quem já conhece aquele ambiente escolar é fator determinante antes de uma tomada de decisão. Mais vale uma boa opinião de outra mãe do que qualquer propaganda. A indicação é a maior prova de confiança, afinal ninguém que não esteja realmente satisfeito indicaria uma escola para outro pai.

Na hora de escolher a escola para os filhos algumas dicas podem ser valiosas:

Educação infantil

• Nessa primeira fase de contato com um ambiente escolar, o espaço físico e o convívio com os colegas têm peso maior. A escola deve ter espaços lúdicos, como brinquedotecas, por exemplo, com atividades que permitam à criança estar em movimento. Os intervalos das aulas e a preparação da merenda precisam de atenção especial.

• A proposta pedagógica deve ser bem definida, mas sem conteúdos sistematizados, com atividades integradas. Se logo de início for muito rígida, a criança pode perder o encanto com a escola e não querer ir mais.

• O professor deve fazer um acompanhamento individualizado dos pequenos alunos (o número ideal é entre 10 e 12 alunos por professor). Ele deve ser formado em Pedagogia, Normal Superior ou, pelo menos, Magistério.

Ensino fundamental

• Nessa etapa, a alfabetização deve ser cuidadosa. Bibliotecas bem equipadas e videotecas fazem a diferença na formação do aluno.

• Tanto o espaço físico quanto a coordenação pedagógica devem permitir um intercâmbio entre as turmas, promovendo a socialização. Atividades que envolvam as classes como se fossem equipes são bem-vindas. Da 1ª a 4ª séries, cada sala deve ter no máximo 30 alunos. Da 5ª a 8ª séries, até 35 alunos.

Ensino médio

• É importante que os professores desenvolvam projetos integrados às áreas de conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade, tão comentada este ano por conta das mudanças no vestibular mais concorrido do país: a Fuvest. Pais e alunos devem verificar o nível de aprovação dos alunos dos colégios nos principais vestibulares.

• O ensino médio é o momento para motivar os jovens para a escolha da carreira. Projetos complementares, ligados às áreas de conhecimento que serão objeto do vestibular, contribuem para a definição de qual carreira seguir. A escola deve conciliar dois propósitos: oferecer uma formação ampla e integral e dar condições para o prosseguimento dos estudos pelo aluno, ou seja, prepará-lo para o vestibular. Para o ingresso na universidade, os jovens precisam desenvolver uma consciência crítica.

• Boas bibliotecas, laboratórios de informática bem equipados e duas línguas estrangeiras são essenciais. O ideal são 35 alunos por sala de aula, mas essa quantidade pode chegar a 40.

Para qualquer fase da educação:

• Informe-se sobre a metodologia utilizada pela escola (se é tradicional, cognitiva/construtivista, socioconstrutivista, interacionista, sociointeracionista...) e o sistema de avaliação (se é mais quantitativo, priorizando o sistema de notas, ou qualitativo, voltado para o desempenho cotidiano do aluno). É preciso que a metodologia escolhida venha ao encontro do tipo de educação que os pais escolheram dar aos seus filhos.

• A escola tem que oferecer disciplinas extracurriculares, oficinas, laboratório de informática, esportes, línguas – contanto que o preço desses produtos e serviços não seja uma surpresa para os pais depois que a criança já estiver matriculada. A criança deve, sempre que possível, fazer uma atividade complementar, e se esta atividade existe dentro da própria escola é muito mais prático para a organização familiar. No caso de alunos que estejam no ensino médio, busque colégios que ofereçam reforço na época do vestibular, atentando para a interdisciplinaridade, os temas transversais, atividades extracurriculares e extraclasse, pois assim teremos alunos formadores de opinião e críticos. As disciplinas extracurriculares são um facilitador para os pais que trabalham fora.

• Busque conhecer a equipe, os professores e a estrutura física da escola; verifique se existem áreas para atividades culturais e esportivas, e se a escola tem projetos inovadores de leitura e debate. Verifique se existe formação continuada dos profissionais da escola.

• A proximidade do colégio da residência ou do local de trabalho dos pais não deve ser deixada de lado. Algumas questões como qual o meio de transporte que a criança utilizará para ir para a escola ou quanto tempo levará para chegar ao seu destino devem ser analisadas com cautela, principalmente para os alunos que irão precisar do transporte escolar. Em alguns casos, a criança passa muito tempo dentro do veículo, o que pode causar estresse e provocar cansaços às vezes inexplicáveis.

• A segurança é outro ponto a observar. Os pais têm que deixar seus filhos na escola e ficar tranqüilos de que eles estarão seguros. Quantas e como são as pessoas que recepcionam as crianças? Quais e como são os procedimentos de retirada dos alunos? Qual o número de porteiros e o número de inspetores em todos os andares? Há segurança interna, catraca eletrônica, câmeras? Visite o colégio durante as aulas e sem prévio aviso para ter noção real da segurança oferecida.

• É importante ainda os pais verificarem se o valor da mensalidade é condizente com o orçamento familiar e quais são os produtos e serviços incluídos. Contratar uma escola é como comprar um serviço. Fique atento a valores, prazos e tenha certeza de que está contratando uma empresa idônea. O valor da mensalidade dependerá do orçamento de cada família. É preciso lembrar que esse será um gasto de longo prazo – pelo menos uns 14 anos – e calcular se os gastos extras com material escolar, transporte, passeios e outros não pesarão no final do mês. O entusiasmo dos pais no primeiro ano pode gerar frustração no aluno que terá que sair da escola porque os pais não conseguem arcar com os custos.


*Wagner Sanchez é diretor e coordenador pedagógico do Colégio Módulo
Ilustração: Luiz Cláudio de Oliveira