O mundo lúdico e a História da Arte completaram-se na Creche Municipal Ernani Amaral Peixoto, em São João de Meriti. Um verdadeiro ateliê de criações infantis e muita diversão com a Literatura em forma de Artes Plásticas. Durante dois meses, o Centro Educacional promoveu trabalhos práticos baseados no livro Traços Travessos – Brincando com arte. O projeto reuniu 175 alunos divididos por faixa etária abordando informações e criando mediante os temas ligados às 20 personalidades das Artes Plásticas escolhidas por Adriana Abujamra e Sylvian Barre (ilustrações) em seu livro.

A metodologia dos trabalhos de Artes Plásticas realizados pelos alunos abrange alguns períodos literários e seus respectivos Mestres da Pintura. Iluminismo (Monet, Degas e Cézanne), Pós-Iluminismo (Gauguin e Van Gogh, Rousseau e Toulouse-Lautrec), Fauvismo (Matisse), Expressionismo (Paul Klee), Cubismo (Picasso e Marc Chagall), Surrealismo (Salvador Dalí, Miró e Magritte), Arte Abstrata (Wassily Kandinsky) e o Pop Art (Warhol). A Arte Brasileira também é contemplada através de Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Aleijadinho (Barroco) e Anita Malfatti. As escolhas dos artistas pelos professores foram criteriosas buscando aproximar as obras da realidade dos alunos.

A Professora Carmem Helena Vianna Vieira trabalhou os artistas Leonardo Da Vinci e Aleijadinho. “O fato de estes dois artistas retratarem em suas obras pessoas, paisagens e objetos permitiu resultados mais concretos. Escolhemos o Leonardo Da Vinci e o Aleijadinho justamente por serem artistas que não apostavam em traços abstratos, o que poderia deixar os alunos confusos”, explica a professora que ficou responsável pelos estudantes na faixa entre dois e três anos. Uma tela alusiva à obra Monalisa foi estilizada sem o rosto justamente para os alunos colocarem suas feições e “caírem na pele” da musa inspiradora do artista italiano. “Foi bastante conveniente a abordagem sobre Monalisa. Os alunos divertiram-se tirando algumas fotos e aplicando o cenário lúdico ao projeto. Quanto ao Aleijadinho e a Monet, produzimos respectivamente objetos de argila e telas ligadas à natureza”.

A Professora Josiane de Almeida Silva, que trabalhou com as crianças de quatro e cinco anos, adotou a filosofia do artista Paul Klee. Através dos traços realizados na tela, criavam a partir das linhas que, segundo ele, era o elemento principal dos artistas plásticos. “Esta experiência tinha como critério vendar os olhos dos alunos para que pudessem realizar os traços com o pincel e a partir dali criar cenários”. O renomado parisiense Claude Monet também foi explorado diante da temática da natureza (Monet passou a tratar a natureza como inspiração de suas obras após conhecer Boudin, artista na época conceituado).

O projeto Traços Travessos foi satisfatório para os alunos que aprovaram a idéia de tornarem-se artistas pelo período de um mês. Inicialmente, as leituras sobre a biografia dos autores fizeram com que todos conhecessem melhor a tendência de cada um deles e a partir daí eles puderam colocar em prática as tarefas. Na última semana do projeto, um workshop realizado no pátio da Creche Municipal Ernani Amaral Peixoto apresentou as obras das crianças.

Aberta à comunidade escolar, pais e ao público em geral a visitação foi um sucesso. Segundo Josiane, a participação dos pais é efetiva, predominando a figura da mãe. “A relação creche/família está bem integrada. Além das exposições dos projetos pedagógicos, os pais participam de festas e conselhos de classe. Os papais podem aparecer também”, explica a professora, complementando que a variação da faixa etária dos pais está entre 26 e 40 anos.

Curiosidades Pessoais e Profissionais de Alguns Artistas:

Claude Monet era uma criança que dava muita dor de cabeça para seus pais e para os professores. Na escola, gostava de desenhar caricaturas dos professores. Aos 15 anos, cobrava 10 francos (moeda da França) por obra. Começou a pintar ao ar livre quando conheceu Boudin. Ao buscar inspiração para pintar em uma praia, Monet foi apanhado de surpresa por uma onda que, além de derrubar o cavalete e estragar a tela, o derrubou também.

Van Gogh, um dos ícones do Pós-Impressionismo, morreu devido a problemas mentais, tendo sido muito marginalizado pela sociedade da época. Quando criança, era uma pessoa introspectiva e séria, que colecionou muitos fracassos e aos 16 anos se interessou a fundo pela religiosidade. Van Gogh trocava confidências com um de seus irmãos, chamado Theo, de quem gostava muito, tendo sido por ele incentivado a envolver-se realmente no mundo das Artes. Cem anos após a morte do artista, em 1990, a tela “Retrato do Dr. Gachet” foi vendida pelo valor de U$ 82,5 milhões. Enquanto esteve vivo, Van Gogh conseguiu vender apenas uma de suas obras, “A Vinha Encarnada”, pelo valor de 400 francos.

Salvador Dalí, nascido na cidade de Figueres, Catalunha, Espanha, realizou sua primeira exposição aos 15 anos no Teatro Municipal de sua cidade natal. A combinação de imagens bizarras dava o tom de suas obras. Dalí também fez muitas experiências com o Dadaísmo. Em 1926, o artista viajou até Paris e encontrou-se com Pablo Picasso, que considerava seu ídolo. Em 1929, o artista colaborou na produção do curta-metragem “Un Chien Andalou” de Luis Buñuel. Seu último quadro pintado surgiu em 1983, com o título de “The Swallow´s Tail”.

Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, foi o ícone do período Barroco no Brasil. Filho de um mestre-de-obra e de uma escrava africana, Aleijadinho (apelido dado após perder os movimentos das mãos, aos 40 anos, devido a uma doença degenerativa) trabalhava com matéria-prima tipicamente brasileira como madeiras e pedra-sabão. Suas obras são as mais representativas do período em que o Brasil era colônia.



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Fotos: Marcelo Ávila