Professora desenvolve modelos concretos
para o ensino do sistema circulatório

Por Tony Carvalho

Durante as aulas de Ciências, todo aluno aprende que o Sistema Circulatório é responsável por conduzir os elementos essenciais para os tecidos do corpo humano: oxigênio para as células, hormônios para os tecidos, condução de CO2 para sua eliminação nos pulmões, entre outras atribuições. Mas transformar o conceito do livro didático numa aprendizagem concreta sempre foi o desafio de muitos professores.

Essa dificuldade motivou a professora de Ciências, Priscila da Silva Padrão, a desenvolver um modelo concreto de aprendizagem do Sistema Circulatório que viesse suprir a abstração dos conceitos científicos. O modelo pode ser utilizado em diferentes faixas de aprendizagem: desde o primeiro segmento do Ensino Fundamental ao Ensino Médio.

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Fluminense, Priscila já tinha, desde os tempos de aluna, a preocupação de criar uma solução que simplificasse o processo de aprendizagem, quebrando o paradigma de que ciências é uma matéria complicada. “O aluno tem dificuldade em fazer uma correlação entre aquilo que está sendo dito e o que realmente acontece. Quando usamos um modelo, o conteúdo estudado torna-se menos difícil e, como os conceitos são apresentados na prática, os alunos conseguem visualizar o que está sendo ensinado”, justifica.

Com o modelo criado por Priscila é possível abordar, durante uma aula, os conceitos e as funções dos órgãos que constituem o sistema circulatório, tais como o coração e os vasos sangüíneos e ainda falar dos nutrientes, dos transportes de gases e da relação desse sistema com os outros sistemas do corpo: o digestório, o respiratório e o excretor. Durante a prática, a professora utiliza dois modelos, sendo um para demonstrar o funcionamento de todo o sistema no organismo e outro para reproduzir o desempenho do coração no processo.

Para a professora Gerlinde Teixeira, coordenadora do curso de Ciências Biológicas da UFF, vivenciar o aprendizado é fundamental. Segundo ela, é importante que os professores desenvolvam modelos que facilitem o entendimento dos alunos. Por isso, completa a coordenadora, a preocupação com a preparação inicial de professores e com sua formação continuada devem ser constantes. Há cerca de 20 anos, ela trabalha com materiais educacionais a partir das dúvidas que os alunos da graduação apresentam. “Transformar o conhecimento abstrato em concreto é indispensável no processo de aprendizagem para que o aluno consiga estabelecer relações. A solução, portanto, passa pelo desenvolvimento de modelos educacionais que demonstrem os fenômenos reais. Contudo, como esses modelos são simplificações, cabe ao professor ressaltar o que não é possível exemplificar". A idéia de usar dois modelos no mesmo sistema, utilizada pela professora Priscila, vem suprir, em parte, essas dificuldades e as restrições que o modelo oferece. “Não usar nada e ficar só na imaginação da criança é muito ruim e leva com freqüência a aprendizagens pouco significativas. Essa é a grande dificuldade no ensino de ciências. Se o professor nunca viu, nunca fez. E, portanto, ele não vai passar do livro texto que a escola oferece. Temos então um ciclo vicioso, em vez de um ciclo virtuoso”, explica.

Priscila já utilizou o modelo em algumas escolas, todas com enorme sucesso. Regularmente, ela também faz apresentações no Espaço UFF de Ciências, em Niterói, para alunos de escolas públicas e particulares. “A apresentação do modelo desperta interesse e aguça a curiosidade, fazendo com que os alunos interajam durante toda a aula”, conta. Mauricio Assis cursa o 7º período de Licenciatura em Biologia. Ele assistiu a uma das apresentações na UFF e gostou do que viu. “Achei bem didática a forma como foi abordado o sistema circulatório. Assim fica simples para o aluno entender como funciona todo o sistema, o que é o sangue, como ele circula e entender a relação do coração com os órgãos como o rim e o pulmão”, afirma.

Rafael Brito, aluno do 6º período de Ciências Biológicas, considera o modelo uma grande ferramenta didática para explicar o sistema circulatório em si e a relação com os outros sistemas. “Com o método, fica muito mais fácil para o aluno entender do que simplesmente desenhando esquemas no quadro”, argumenta.

Logan Armendone, aluno da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Walter Orlandini, em São Gonçalo, achou a aula mais dinâmica e garante que com o modelo empregado pela professora Priscila aprendeu de verdade como funciona o sistema. “Até então, eu só havia visto nos livros e ficava sem noção de como era o funcionamento e essa distribuição do sangue ao longo do corpo. Agora ficou muito mais fácil”, garante.


Espaço UFF de Ciências
Endereço: Rua Jansen de Melo, 174 – Centro – Niterói/RJ
CEP: 24030-221
Tel.: (21) 2697-3743
Idealizadora do Projeto: Priscila da Silva Padrão
Fotos: Tony Carvalho

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