PULMÃO DO MUNDO

O maior e melhor tesouro brasileiro ganha um exército de defensores

Por Wellison Magalhães

Foram meses de preparo, centenas de alunos, dezenas de professores, um número expressivo de projetos apresentados e uma multidão formada por visitantes. Os números refletem bem o que foi a Feira da Cultura, realizada no Colégio Cenecista Capitão Lemos Cunha na Ilha do Governador. O tema Projeto Amazônia, preservar para viver deu a tônica de todos os trabalhos produzidos pelos alunos dos turnos da manhã e da tarde, do maternal ao 3º ano do ensino médio.

O projeto, que faz parte de uma Campanha Nacional de Escolas da Comu­nidade, teve o seu tema dividido por eixos temáticos, e foi distribuído para os alunos da 5ª a 8ª séries. A 5ª série abordou o tema “Guardião das Florestas”, falando sobre como preservar o ambiente e manter o equilíbrio do ecossistema; a 6ª série trabalhou o Ecoturismo, e a importância da Amazônia para este segmento; a 7ª série, o tema “H2O: sambando na Amazônia”, tratando da água como algo raro e que deve ser preservado a qualquer custo para esta geração e a para a geração futura; e a 8ª série trabalhou a história de Chico Mendes e os seringais.

Os estudantes do Ensino Médio tiveram a responsabilidade de abordar temas como “Por uma Amazônia Sustentável”, desenvolvido pela 1ª série. Os da 2ª série falaram sobre a badalada festa realizada no “Bumbódromo” e trabalharam o tema “Amazônia de Parintins”. Já os da 3ª série apresentaram trabalhos que versaram sobre o tema “inse­rir os jovens nesta discussão, fazendo-os não apenas espectadores, mas atores da salvação da Amazônia”.

Andréa Pereira, Orientadora Pedagógica, afirma que o alvo era “sensibilizar os alunos para eles tomarem ciência de tudo que está acontecendo naquela região do país”. Para isso todas as disciplinas foram envolvidas na feira: matemática, inglês, ciências, artes, português e literatura, história, geografia, informática e até educação física. “Trabalhamos sete meses neste projeto. Foram diversas reuniões nas quais dividimos o conteúdo e incentivamos todos a participarem”, afirma Andréa.

Embora a Feira tenha sido aberta oficialmente pela manhã, a orientadora destaca que ela começou dias atrás, com uma palestra para a escola, feita pelo professor de Química Nilsomar Mello. Ele passou 15 dias entre os índios no Amazonas, com uma missão da Fraternidade. No retorno, fotos, vídeos e a experiência ajudaram a contagiar ainda mais a todos para o programa principal. Animada, a orientadora Educacional Conceição Paiva afirmou que, além de intensa, a participação de funcionários, familiares e alunos foi determinante para o sucesso do encontro.

O resultado de tanta preparação e esforço pôde ser verificado nos diversos trabalhos apresentados pelos alunos, espalhados nos corredores, salas e pontos diferentes da escola.

Todos eles tinham a temática na ponta da língua. Para os estudantes, a experiência serviu para aproximá-los do tema, como afirma a aluna Natalia Bastos, 16 anos, da turma M201. Seu grupo trabalhou a festa de Parintins: “Pesquisamos muito. Um trabalho como este é interessante para que não só a gente mas todos possam conhecer um pouco mais da Amazônia”.

No segundo andar da escola, os alunos dos ensinos fundamental e médio dividiram os espaços das salas para trabalhar seus temas e explicá-los às centenas de visitantes que estavam no Lemos Cunha. Estan­tes enfeitadas com muito verde, vídeos diversos e até computadores foram instalados para ampliar a capacidade de informação sobre o tema geral proposto pelo colégio. Assuntos como a pororoca, baía hidrográfica, Chico Mendes, Galvez, recursos minerais, a pesca e os indígenas ocuparam a imaginação fértil dos alunos, e formaram o roteiro de trabalhos bem apresentados. Até um abaixo-assinado virtual, pela preservação da Amazônia, estava sendo feito pelos alunos da M303, capitaneada por Maria da Glória, professora de literatura.

Segundo Ana Carolini, eles gastaram um mês inteiro se preparando para o projeto. A leitura do livro “Galvez, o imperador do Acre”, de Marcio Souza, serviu de base para a realização da atividade. No Ginásio viam-se os trabalhos do ensino infantil à 4ª série. A professora Márcia Cataldo, que é coordenadora pedagógica deste núcleo, era uma das mais entusiasmadas, apesar da preocupação intensa em manter tudo funcionando. “Foi gratificante realizar este evento. Os alunos mergulharam na pesquisa. Eles cresceram com todas as ferramentas que utilizaram”, afirma, lembrando que para o trabalho os alunos empregaram, além dos livros gerais do curso, livros paradidáticos, que fortaleceram a atividade.

As crianças apresentaram seus projetos em pequenas mesas improvisadas em estandes. Maquetes sobre a fauna e flora da região, além de comidas típicas, estavam à disposição dos visitantes. Com tudo na ponta da língua, à medida que um interessado se aproximava, os aprendizes demonstravam o conhecimento adquirido. Foi assim que Marceli, Gabriela e Gabriel, todos com 10 anos, da 4ª série, falaram como preservar a natureza e manter viva a Amazônia.

Aqueles que foram à feira puderam ter em mãos um livro de poesias, preparado pelos alunos da 2402 sobre o tema. Alguns foram premiados no concurso realizado entre escolas cenecistas do estado. Poesias como a da aluna Luma Cristina, de 9 anos, da turma 2402 uniam-se a tantas outras, num apelo pró-natureza. Num dos trechos a estudante diz: “quem dera se a nossa natureza fosse preservada, com sociedade muito organizada. E para terminar este verso, espero que todos possam ter a consciência de não destruir o nosso universo”.

Os pais dos alunos participaram ativamente do encontro. Antonio Serra, pai de Carlos Eduardo da 3ª série do Ensino Fundamental, acredita no desenvolvimento do filho nos trabalhos extraclasse: “cresce a consciência ecológica nele. Ele se torna mais responsável em relação à natureza”, afirma enquanto aguarda a apresentação do filho. O ponto alto das apresentações ocorreu no momento em que a aluna-cadeirante Maria Clara, de 10 anos, juntava-se às outras, numa coreografia que destacou um dos principais elementos da natureza que precisa ser preservado: a água.

Para o diretor geral do Lemos Cunha, Ivan Sampaio, “todos os eventos que a escola realiza são importantes. Trabalhar este tema, entretanto, vai fazer com que eles possam conhecer e ajudar a preservar a Amazônia, também conhecida e tida como pulmão do mundo”, afirma.

 


Colégio Cenecista Lemos Cunha
Estrada do Galeão, S/N – Ilha do Governador – Rio de Janeiro/RJ
CEP: 21931-630
Tel.: (21) 3393-2003
Coordenadora Pedagógica: Andréa Pereira
Fotos: Tony Carvalho