Feira pedagógica surpreende os visitantes e os convida a vivenciar o tema

Por Claudia Sanches

Há sete anos, o professor de História Jonas Vieira, da Escola Municipal Monte Castelo, localizada em Coelho Neto, idealizou a I Feira de História com intuito de tornar as aulas mais interessantes. Esse ano a VII Feira, com o tema O presente à sombra de seu passado, visa fazer uma retrospectiva da história mundial e explicar o contexto atual. Para celebrar o aniversário do evento a equipe pedagógica fez uma exposição dos logotipos das feiras anteriores.

Segundo o professor, hoje o evento é sinônimo de diversão. De lá para cá, professores e estudantes se mobilizam para realizar esse encontro. “O objetivo é mostrar como o passado se reflete no presente e no futuro. Durante o planejamento, as equipes se agrupam por assunto e partem para as pesquisas com ajuda dos professores”, conta Jonas.
As turmas de Educação Religiosa da professora Deise Mara Matos promoveram algumas atividades interativas. Os alunos partiram de uma poesia de Carlos Drummond de Andrade sobre uma pedra no caminho, que simboliza as atribulações da vida. Os participantes apresentavam-se com uma pedra onde estava escrito “Deus pra que?”. E ali refletiam sobre o que significava Deus para cada um. A proposta era uma reflexão sobre a vida.

Quem visitava a sala também participava de uma enquete: “Qual a sua religião e quais eram as coisas mais importantes na vida”. O levantamento dos dados ia sendo feito ao longo do dia com auxílio do professor de Matemática Guilherme Correia. A intenção é fazer as pessoas pararem para pensar em uma vida mais próxima de Deus. O aluno Wendler Ferreira assimilou bem o espírito da “brincadeira”: “As pessoas estão muito materialistas e só procuram Deus para agradecer”.

Em uma das salas de História a turma expôs a Alemanha de ontem projetada para hoje. Os alunos fizeram uma retrospectiva do país antes e depois da queda do Muro de Berlim. Para isso os alunos pesquisaram na Internet e descobriram o Consulado da Alemanha que cedeu bastante material, utilizado para ilustrar o país atual com o projeto de equilibrar a economia dos dois blocos. As maquetes representando o Muro de Berlim desper­tavam atenção dos visitantes.

Na sala História e Geografia os alunos retrataram a vida no campo e nas grandes cidades através de maquetes. De um lado, a vida na favela e o “caveirão” – sempre presente no universo das crianças quando se fala em violência –, e do outro a figura do Jeca Tatu, personagem de Monteiro Lobato, representando o homem do campo com suas peculiaridades. Questões sociais também apareceram nos trabalhos da professora Ademilde da Paixão. Seus alunos fizeram uma retrospectiva da história da mulher, do negro e dos idosos e das conquistas sociais recentes, como o Fome Zero, o Banco Popular, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Bolsa Família e o Estatuto do Idoso. Em Ciências, os alunos fizeram um paralelo entre a evolução tecnológica e a poluição do meio ambiente. A História do avião, que começa com Santos Dumont e o 14 Bis, também é contada até os dias atuais, com a crise aérea mundial.

Eu também faço história

Na sala de Língua Portuguesa, a professora Claudia Alves trabalhou a infância com o tema “Eu também faço história”. O objetivo foi levá-los a ver que eles também são sujeitos dos acontecimentos. Para isso, Claudia e as equipes foram buscar a infância na literatura e conseguiram bastante material. O “Poema enjoadinho” de Vinicius de Moraes, que diz “Filhos, melhor não tê-los, mas se não tê-los, como sabê-lo”, abria a exposição.

Na parede da sala de aula a turma montou um mural com as fotos dos professores do colégio quando eram crianças. Os visitantes tinham que adivinhar quem eram os pimpolhos das fotos. A mesma brincadeira foi feita com as fotografias dos alunos. “Esse trabalho é muito divertido porque mexe com a auto-estima das pessoas e revela que todo mundo traz um pouco do passado no seu presente, e serve para eles se perceberem como agentes da sua história e coadjuvantes da história universal”, explica a professora. Paralelo a isso, os jovens ilustraram com material de revistas e jornais o que acontecia no mundo naquela época.

O evento levou o espectador a fazer uma viagem pela história e refletir sobre nossas ações para construir um futuro melhor. A letra da música “Bola de meia bola de gude”, de Milton Nascimento, que trata muito bem da relação passado e presente, também ficou exposta no mural, e emocionava visitantes de todas as idades e tamanhos, que se reconheciam naquele texto como alguém que já foi ou ainda é criança.


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Fotos: Marcelo Ávila