A história do país vista e revista com mais clareza e entendimento pelos alunos
“...gigante pela própria natureza...”. Os pequenos cidadãos cantam o hino, todas as segundas feiras, com muita consciência
O verso “teus risonhos lindos campos têm mais flores” inspirou kamila na hora de produzir um texto sobre o tema em destaque

Projeto valoriza os símbolos nacionais e desperta o espírito
cívico e patriótico nos alunos

Por Cláudia Sanches

Todas as segundas-feiras, os alunos do Colégio Estadual Bertha D’Alessandro, localizado na peri­feria de Nilópolis, se reúnem para cantar o Hino Nacional Brasileiro. Mas, a partir da culminância do projeto O Hino Nacional: símbolo do Brasil e nosso símbolo também, eles passaram a interpretar o canto solene de uma forma bem diferente: de peito erguido, compreendendo o significado das palavras e com orgulho de serem cidadãos brasileiros.
Segundo a animadora cultural e psicopedagoga Iguacira Rios, o trabalho, desenvolvido com as turmas de 5.ª a 8.ª série, surgiu a partir da constatação de que a clientela da escola não se concentrava durante o hasteamento da Bandeira Nacional. “Quando propus o projeto, a primeira pergunta da aluna Amanda foi: – Quantos pontos eu vou ganhar? E eu brinquei: aonde vocês querem pontos? Na testa? Todos os dias eu ‘roubava’ dez minutos da aula de cada professor para conversar com os alunos sobre o hino nacional”.
No primeiro encontro com as turmas, Iguacira perguntou qual a última vez que eles se lembravam de ter cantado o hino por prazer, e não por obrigação. A maioria fez referência à Copa de 2002, ocasião em que o Brasil conquistou o tetracampeonato. Entretanto, segundo ela, o objetivo da proposta era despertar o espírito cívico e patriótico dos alunos em várias ocasiões, e não apenas naquelas relacionadas ao futebol.

Durante o desenvolvimento do projeto, várias questões foram levantadas e debatidas em sala de aula, dentre elas o fato de muitos jogadores de futebol não saberem cantar o hino de seu país. Esse foi um dos ganchos para que a psicopedagoga começasse a contar a história do hino nacional, que sofreu onze intervenções até chegar à forma atual, e comentar os significados das palavras, muitas delas até então desconhecidas pelos discentes.

Iguacira conta que, à medida que liam os versos e as estrofes, as dúvidas iam surgindo. Nesse momento, brinca a educadora, entravam em cena os professores de Língua Portuguesa, História e Geografia. Na 8.ª série, por exemplo, os professores de Português trabalharam orações coordenadas, sujeito e predicado com os versos invertidos. E, à medida que entendiam o significado, os alunos se empolgavam ainda mais. Nas aulas de Literatura, os estudantes puderam observar a apropriação dos versos da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que exaltam a beleza exótica do nosso país: “Nossos bosques têm mais vida, / nossa vida no teu seio mais amores”.

Na segunda fase do projeto, as turmas se organizaram em grupos para realizar os trabalhos. Um dos principais atrativos foi o fato de cada grupo poder escolher a atividade a ser apresentada de acordo com as suas habilidades.

Na culminância do evento, com o sentimento de dever cumprido, os alunos expuseram suas produções – cartazes, coreografia, jogral contando a história do hino, rap e muito mais. Entre os estudantes, uma parecia ter um motivo a mais para tanta alegria. Durante a apresentação do hino em ritmo de rap, Kamila Neves, da 5.ª série, empolgou e contagiou os colegas com a sua performance. Kamila não esconde: “Quero ser artista e representar meu país no mundo”. Para ela, cantar o hino da sua pátria passou a ser um momento de grande emoção e exercício de cidadania.
Um sucesso! Essa foi a resposta da animadora cultural ao falar da conclusão do projeto. “Hoje, esses estudantes cantam o nosso hino de forma diferente. Eles sabem que essa é uma maneira de representar bem a nossa escola e a nossa nação. Eles se comovem ao ouvir os versos “Ó, pátria amada, / idolatrada, / Salve, Salve”. A composição mostra que temos de valorizar os nossos símbolos para descobrir nossa identidade. Isso significa dar valor à nossa escola, ao nosso bairro e a nós mesmos”, conclui a psicopedagoga.


Colégio Estadual Bertha D’Alessandro
End: Rua Antônio Pereira, s/n.º – Cabuís – Nilópolis/RJ. CEP: 26540-000
Tel (21) 2693-5612
Direção: Márcia Araú


Hino Nacional Brasileiro

Poema: Joaquim Osório Duque Estrada
Música: Francisco Manuel da Silva

Ouviram do Ipiranga
as margens plácidas
De um povo heróico
o brado retumbante,
E o sol da Liberdade,
em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria
nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar
com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito
a própria morte!
Ó Pátria amada, 
Idolatrada,       
Salve! Salve!     
Brasil, um sonho intenso,
um raio vívido
De amor e de esperança
à terra desce,
Se em teu formoso céu,
risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte,
impávido colosso,
E o teu futuro espelha
essa grandeza
Terra adorada,    
Entre outras mil, 
És tu, Brasil,      
Ó Pátria amada!   
Dos filhos deste solo
és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Deitado eternamente
em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz
do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil,
florão da América,
Iluminado ao sol
do Novo Mundo!
Do que a terra
mais garrida
Teus risonhos, lindos campos
têm mais flores;
“Nossos bosques
têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio
“mais amores”.
Ó Pátria amada, 
Idolatrada,       
Salve! Salve!
Brasil, de amor eterno
seja símbolo
O lábaro que ostentas
estrelado,
E diga o verde-louro
desta flâmula
– Paz no futuro e glória
no passado.
Mas, se ergues da justiça
a clava forte,
Verás que um filho teu
não foge à luta,
Nem teme quem te adora
a própria morte.
Terra adorada    
Entre outras mil, 
És tu, Brasil,      
Ó Pátria amada!   
Dos filhos deste solo
és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!