Nos intervalos das palestras, os professores visitaram os estandes de livros montados no hall da escola

 

 

 

 

 

 

 


Alfabetizar não é apenas inserir pessoas no universo diário da compreensão, é esvaziar o mundo dos não-incluídos. Este é o principal objetivo que o educador possui na hora de alfabetizar. E, para o que ensina, nada é melhor do que estar aberto a aprender. Foi considerando isso que o Colégio Souza Lima, loca­lizado em Realengo, promoveu o seu I Encontro de Educadores, como parte comemorativa dos 65 anos de atividades e também como pontapé inicial para o funcionamento da Escola de Professores.
A I Jornada de Alfabetização teve como tema principal Marcar e Construir Histórias. O evento, elaborado e dirigido pela pedagoga Alda Regina, coordenadora-geral da escola, juntamente com a professora Vânia Duarte, coordenadora pedagógica, nasceu com o fim específico de promover treinamento para o educador e abrir um espaço para a reflexão sobre novos métodos de ensino. “Nosso alvo é transformar nossa instituição numa Escola do Professor”, afirma Alda.

Segundo a coordenadora, a escola precisa promover ferramentas para produzir e ampliar sua ação entre os alunos. “O professor-educador é aquele que está sempre aberto para aprender”, explica. Este é o primeiro evento realizado pela escola com uma abrangência tão extensa. Os primeiros encontros foram feitos para pequenos grupos da própria instituição e professores da região.


A arte é uma ferramenta importante para estimular o ensino

Trabalhos manuais ajudam no processo de aprendizagem


Dividido em três partes, o evento foi aberto com as palestras da professora Gilda Rizzo, pedagoga e psicóloga da UFRJ, e do professor Gabriel Perissé, mestre em Literatura pela USP e doutor em Filosofia da Educação pela mesma universidade, seguindo-se de quatro oficinas e fechando com a apresentação da psicopedagoga Glória Maria Knop, diretora adjunta da Escola Municipal Tenente Coronel PM Eduardo Villaça.
Na primeira parte, Rizzo discursou sobre o tema O processo natural de alfabetizar. Em seu discurso, a professora sugeriu métodos como o Vocabulário de Apoio, que expõe as palavras escolhidas para estudo e ilustradas pelos alunos, e vai crescendo até que contenha todos os sons e letras do alfabeto; ou o Sentenciador, no qual cada palavra nova escolhida vai sendo colocada lado a lado, formando frases para que o alfabetizando possa ler. “O desenvolvimento da leitura se dá na busca do reconhecimento das palavras do cotidiano.
O conhecimento do ser humano, aliado a um ambiente favorável, faz com que a criança atinja o aprendizado, porque ela possui uma predisposição para a leitura, é inata”, afirmou.


Por Wellison Magalhães

Logo depois, o professor Gabriel Perissé iniciou dizendo que o aprendizado é descoberta. Toda sua palestra objetivou estimular nos participantes o hábito da leitura. “Se não formos leitores, não cumpriremos nossa tarefa”, afirmou o educador. O discurso de Perissé enfatizou a busca pelo conhecimento através dos livros, para uma absorção crítica e reconstrução da arte do ensino, já que “descoberta se faz a toda hora quando se está com vontade de descobrir”. Contudo, ele foi além e provocou cada professor presente a mudar a forma de enxergar a sala de aula. “Uma aula tem de ser viva, tem que ter bagunça, tem de ser inquieta”, disse Gabriel, que arrancou não apenas risos, mas aplausos de todos.
Denominadas de Vivências Pedagógicas, as oficinas também tiveram destaque no encontro, em que quatro temas foram explorados simultaneamente por profissionais da área de ensino. Dinamizada por Vicente Couto, diretor do projeto Sobrado Cultural, a primeira oficina, que teve como tema O lúdico na Escola é outra História, levou os participantes a pensar a expressão artística como instrumento pedagógico.
A segunda, liderada pela psicopedagoga Sueli da Silveira, discorreu sobre o tempo na aprendizagem. O tema Cada aluno tem seu tempo teve como objetivo reforçar a idéia do aprendizado sem fronteiras, sem preocupação com calendários. “Viver para o futuro faz a gente esquecer do presente, porque projeta o tempo todo”, sentencia.
Já a terceira oficina, que teve o tema Alfabebrincando desenvolvido por Leila dos Santos e Marina Basto, transformou a brincadeira num programa de aprendizado. As duas monitoras estimularam cada um a usar modelos alternativos, como jogos, músicas e danças para criar um ambiente ainda mais favorável à alfabetização da criança.
Por fim, a quarta oficina abordou a temática A Magia do Letramento, cuja dinamização ficou por conta da professora Ester Regina e de Jozeneide C. de Souza, contadora de histórias da Editora Moderna, que debateram a participação de todos em sala de aula e o prazer do ensino nas suas diversas formas, que deve ser o alvo do educador.
O encontro, que reuniu cerca de 100 profissionais ligados à área de educação, teve total aprovação dos participantes. Camila Faria, estudante de pedagogia, confirma: “Foi muito produtivo o encontro. O ensino precisa estar próximo da periferia. Esses eventos precisam atingir professores da comunidade e foi isso que vi aqui”.
Na palestra de encerramento, o tema Desfazendo os Nós, desenvolvido por Glória Knopp, desafiou todos que estavam no encontro a desfazer os nós que impedem o bom desenvolvimento do aprendizado e que limitam o trabalho do professor-alfabetizador. Além de contar suas experiências como educadora e falar das questões que inquietam a profissão, Glória afirmou que “a dificuldade não está na criança, mas no processo que se estabelece com ela” e finalizou seu discurso sugerindo laços na educação, e não nós, pois estes acabam por ser definitivos e prejudiciais.


Colégio Souza Lima – Escola de Professores
Endereço: Rua General Sezefredo, 646 – Realengo – Rio de Janeiro/RJ.
CEP.: 21715-061
Telefones: (21) 3331-0082 / 3336-2131
Direção: Alda Regina
Fotos: Claudemiro Pereira

 


Animada, a diretora Alda Regina participa do show de fantoches

Além de palestras e oficinas, os educadores participaram de diversas dinâmicas e treinamentos sobre novos métodos de ensino