A Série Pedagogos desta edição não falará sobre um teórico que tenha concebido um método ou alguma pesquisa na arte de ensinar, mas trará, para orgulho da gente brasileira, um resumo do perfil biográfico de um educador que viveu uma vida de mestre, ensinando a todos o fundamental para o crescimento do homem: o amor pela Educação.

Darcy Ribeiro foi sempre um apaixonado por gente. Cheirava a povo e partilhava os sentimentos deste mesmo povo, pelo qual não mediu esforços, ofertando a sua contribuição para o desenvolvimento de nossa sociedade, em especial, dos menos privilegiados, a partir de sua luta pelo ensino no Brasil.

Em busca de uma Educação mais justa, pública e de qualidade, idealizando uma igualdade social, Darcy Ribeiro se fez um dos nomes mais importantes deste país.

Nascido em 1922, em Minas Gerais, dedicou sua vida à Educação e à política.
Graduou-se em Ciências Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, especializando-se em Antropologia. Seus primeiros passos, em termos de vida profissional, foi se dedicar aos índios de alguns Estados brasileiros. Nessa mesma época, fundou o Parque Indígena do Xingu e o Museu do Índio, que administrou até 1947.

Por volta de 1955, começou a lutar pela educação primária e superior. Pouco tempo depois, em 1962, almejando uma instituição transformadora, fundou a Universidade de Brasília, da qual foi o primeiro reitor. Foi, também, Ministro de Educação e, logo após, Ministro-chefe da Casa Civil de João Goulart.

Com o Golpe Militar de 64, foi exilado e, tendo vivido em vários países da América Latina, propagou suas idéias e conduziu os programas de reforma universitária. Nesse período, escreveu vários livros sobre antropologia da civilização, foi assessor dos Presidentes Salvador Allende, no Chile, e Velasco Alvorado, no Peru, além de receber o título de Doutor Honoris Causa de várias universidades, inclusive da Sorbonne.

Já de volta ao Brasil, elegeu-se vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, em 1982. E, a partir daí, sua vida pública não parou. Criou a Biblioteca Pública Estadual e a Casa França-Brasil; foi Secretário de Cultura; coordenador do programa especial de Educação com a missão de implementar 500 Cieps; e criou, também, o Centro Infantil de Cultura de Ipanema.

Em 1991, foi eleito Senador da República, passando a defender vários projetos. Em 1966, elaborou e fez com que fosse aprovado o seu principal projeto na área educacional: a promulgação da Lei 9.394/96 – Lei de diretrizes e Bases da Educação (LDB), também chamada de Lei Darcy Ribeiro. Sem dúvida, a partir daí, dava-se início a um processo de mudança na política da educação superior no Brasil.

Darcy, o mestre visionário, morreu em fevereiro de 1997, logo após a aprovação da lei, sem poder implementar e coordenar parte das reformas educacionais por ele elaboradas e convertidas em lei pelo Congresso Nacional.

Darcy Ribeiro era um homem de feitos. Nunca se preocupou em criar teorias educacionais e pedagógicas. O que procurava era um desenvolvimento justo para todos os cidadãos. Afinal, segundo ele, “sem um povo educado, não há como fazer o país crescer”.