Proporcionar aos alunos diversas condições
de aprendizagem, através de uma pedagogia diferenciada,
na qual o conhecimento não é adquirido
de forma padronizada, mas sim construído a
partir de uma necessidade real, estruturando no aluno
um conjunto de competências que irão
capacitá-lo para pensar e transformar o mundo
em que vive.
Esta é uma das
idéias do sociólogo suíço
Philippe Perrenoud (1944) – doutor em Sociologia
e Antropologia, professor da Faculdade de Psicologia
e de Ciências da Educação da Universidade
de Genebra, especialista em Práticas Pedagógicas
e diretor do Laboratório de Pesquisas sobre
a inovação na Formação
e na Educação.
Perrenoud acredita que
quem educa o aluno apenas para que ele passe de ano
não o está preparando para a vida e,
partindo desta premissa, argumenta que os conteúdos
das disciplinas devem estar ligados ao uso prático
desse conhecimento no cotidiano. Afinal, o estudante
precisa saber para que serve o que está sendo
ensinado em sala de aula. De que adianta o aluno aprender
a fazer contas de multiplicação, se
ele não é capaz de aplicar a matemática
no seu dia-a-dia?
Em entrevista concedida
à Revista Nova Escola, Perrenoud afirmou que
competência é a faculdade de mobilizar
um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades,
informações etc.) para solucionar, com
pertinência e eficácia, uma série
de situações.
Segundo o sociólogo,
cada ser humano desenvolve competências adaptadas
ao seu mundo, uma vez que elas estão diretamente
ligadas a contextos sociais, culturais e profissionais.
A escola, por sua vez, deve agir na mediação
desse processo de novas descobertas. Portanto, os
conteúdos a serem explorados dentro das disciplinas
devem estar atualizados e contextualizados.
Hoje, o sistema educacional
preocupa-se muito com a reconstrução
da transposição didática e se
esquece de se “libertar” da sobrecarga
dos conteúdos disciplinares. Para que haja
mudanças, é preciso que ocorra uma reestruturação
dentro do ambiente escolar, a fim de que sobre tempo
suficiente para realizar uma avaliação
formativa e certificada, voltada objetivamente para
as competências.
Nesse processo, o professor
será de grande importância, desde que
repense a sua profissão. Não basta ter
técnicas, é preciso identificar as próprias
competências dentro e fora da sua profissão,
até porque a formação de professores
não se restringe à aquisição
do saber, uma vez que engloba também a sua
transposição. É necessário,
portanto, que o educador tenha a competência
didática, ou seja, a habilidade de traduzir
o conhecimento para seus alunos. Contudo, na maioria
da vezes, a formação do professor se
resume à aquisição dos conhecimentos
e, por conta disso, podemos observar, em várias
escolas, professores mal preparados.
Para que o educador
se torne um bom tradutor de conhecimento, é
necessário que essa competência seja
trabalhada desde o início da sua instrução.
Ainda assim, é possível que, mesmo depois
de concluir “temporariamente” a sua formação,
ele não tenha domínio total desta habilidade,
uma vez que ela se desenvolve ao longo da sua jornada
e de acordo com os obstáculos que surgem.
Segundo o sociólogo,
o professor realmente trabalha as competências
quando desafia seus alunos, sugerindo tarefas mais
complexas, promovendo projetos e avaliando as próprias
competências, entre outras coisas que colaboram
para um aprendizado significativo.
O autor tem vários
livros publicados que podem contribuir para o aprimoramento
do ensino, entre eles a obra As Competências
para Ensinar no Século XXI, na qual aborda
assuntos de alta relevância que possibilitam
tomadas de decisão importantes, se quisermos
que nossa escola fundamental trabalhe de um modo diferenciado
e construtivo.
Perrenoud é,
sem dúvida, um estudioso dessa área
educacional e, embora não seja pedagogo, tem
mostrado grande interesse por este vasto campo de
descobertas.
Na próxima edição,
continuaremos abordando as idéias deste pensador
contemporâneo e daremos ênfase à
escola por ciclos plurianuais, explicando como ela
funciona, qual o seu objetivo etc.
Uma abraço e
até lá!
Fontes:
PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. São Paulo: Artmed.
PERRENOUD, Philippe, GATHER THURLER, Monica. As Competências para Ensinar no Século XXI . São Paulo: Artmed, 2002.
Revista Nova Escola – Edição: Setembro de 2000.
‘‘O aluno acumula saberes, passa nos exames, mas não consegue usar o que aprendeu em situações reais.’’
(Philippe Perrenoud)
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