Mostra serve de estímulo para a
pesquisa escolar 

Por Jaciara Moreira

No livro Sociedade e Espaço (Editora Ática), J. Willian Vesentini defende que “estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo em que vivemos”. Se alguém tinha alguma dúvida sobre esta afirmação, ela caiu por terra no dia 26 de dezembro de 2004.

Graças ao estudo da disciplina, a inglesa Tilly Smith, de 10 anos, salvou aproximadamente 100 pessoas dos efeitos arrasadores da tsunami – onda gigante que, naquela data, atingiu 13 países do sul da Ásia, matando mais de 150 mil pessoas e deixando milhões desabrigadas.

Tilly estava de férias na praia de Maikhao, em Phuket, Tailândia, quando viu o mar recuar. Lembrou, na hora, do trabalho sobre tsunamis que fizera na escola duas semanas antes, durante uma aula de Geografia, e alertou a mãe dizendo que isso acontecia antes da chegada da onda gigante. Junto com os empregados do hotel, a mãe da menina avisou as pessoas que estavam na praia. Resultado: naquele local, graças a Tilly, ninguém morreu.

O estudo de fenômenos atrai o interesse de crianças em todo o mundo. No fim do ano passado, alunos da 5.ª série (turma F1.52) do Abeu Colégios, unidade Belford Roxo, na Baixada Fluminense, deram uma verdadeira aula sobre vulcões durante a VII Mostra Ciência, Tecnologia e Cidadania, realizada na escola.

Vulcão! Que fenômeno é esse? foi o tema do trabalho apresentado pelos estudantes. Quem participou do evento pôde aprender um pouco mais sobre a atividade vulcânica: formação, erupção, origem, localizações, além de descobrir curiosidades como a existência de um vulcão em Nova Iguaçu, fato desconhecido até o fim da década de 70.

O tema, segundo a coordenação do colégio, foi escolhido pelos próprios alunos a partir de uma lista de sugestões apresentadas pelo corpo docente. De acordo com os professores, a informação de que havia um vulcão adormecido em Nova Iguaçu foi um dos principais atrativos para os estudantes.

As crianças costumam mostrar muito mais interesse por aulas cujos temas são fenômenos como, por exemplo, atividade vulcânica, terremotos e maremotos”, ressalta Alda Maria de Araújo, professora de Ciências.

 

Descoberta

O tema, que já tinha sido abordado em sala de aula, ganhou novos atrativos, envolvendo, além da Geografia, as disciplinas de Artes, Português e Matemática. Com a orientação dos professores e a partir de pesquisas em livros, revistas e na internet, os alunos construíram maquetes – em argila, isopor e material reciclado – para explicar aos participantes da mostra todos os detalhes do vulcanismo. Durante os dois dias do evento, todo o material produzido foi exposto em um estande no qual estavam representados diversos vulcões e seus vários aspectos, desde as camadas internas até a erupção. O espaço foi um dos mais visitados.

“Foi a primeira vez em que o tema foi abordado, na mostra, por uma turma de 5.ª série. Foi excelente. O tema já havia sido explorado por alunos de séries mais adiantadas, mas não pelos menores. Eles surpreenderam. Receberam muitos visitantes e elogios”, comemora Alda.

Para a realização do trabalho, a turma, composta por 28 crianças entre 10 e 12 anos, foi dividida em grupos e cada um recebeu a responsabilidade de desenvolver um item dentro do tema. Samanta Fonseca, Raphaella Cristina Vieira, Shaiane Silva Souza e Ana Paula da Silva, por exemplo, reproduziram um vulcão do Havaí que, há 52 anos, não entra em erupção.

“As descobertas foram dos próprios alunos. Eles fizeram várias pesquisas e chegaram a resultados maravilhosos. Na internet, aprenderam até a pôr um vulcão em erupção”, revela a professora.

A façanha foi repetida várias vezes e ressaltada, com orgulho, pelos alunos que, nas buscas virtuais, descobriram que, com uma mistura de vinagre, detergente, fermento em pó, corante vermelho e bicarbonato de sódio, seria possível reproduzir as lavas de um vulcão.

Promover o entendimento desses fenômenos – Como acontecem? Quais são as suas conseqüências? – foi um dos principais objetivos dos professores ao sugerir o tema vulcanismo.

“Levar essas questões para a sala de aula é uma maneira de aproximar os alunos do fenômeno. Existem áreas do planeta com forte incidência desses fenômenos que afetam a vida de milhões de pessoas. Para quem convive com isso, o conhecimento é fundamental. Para os outros, conhecer o tema é também saber que as conseqüências podem nos atingir economicamente, devido à globalização”, defende Leandro Carneiro, que leciona Geografia.

A afirmação vai ao encontro do que diz Vesentini: “Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos afetando de uma forma ou de outra, mesmo que não tenhamos consciência disso. Não vivemos mais em aldeias relativamente independentes, como nossos antepassados longínquos, mas num mundo interdependente em que as transformações se sucedem numa velocidade acelerada. Para nos posicionarmos inteligentemente frente a este mundo, temos de conhecê-lo bem (...). E a Geografia é um instrumento indispensável para empreendermos essa reflexão”.

 

Abeu Colégios – Unidade Belford Roxo
Tel.: (21) 2662-1440
End.: Rua Itaiara, 301 –Belford Roxo/RJ.