“Eu acho que esse projeto nos fez aprender várias coisas. Pessoalmente, eu fiquei impressionado com o resultado. Tarsila, Segall e Portinari agora são meus conhecidos!”, afirma o aluno Gabriel Benício da agrupada IV, com o aval da sua colega de classe Thaís Bahiense. “Foi muito bom conhecer Tarsila do Amaral, Portinari e Segall, foi uma experiência muito educativa, pois todos os alunos compartilharam, cada um com a sua parte. Isso é que é um projeto. Todos têm oportunidade de trabalhar, cada um com o seu talento”.

O sucesso do evento ancorou-se em três vertentes: no aperfeiçoamento das habilidades motoras; na liberdade de expressão; e na valorização pessoal e coletiva do grupo. Durante todo o processo de desenvolvimento do projeto, analisam as professoras, ficou perceptível que, além de favorecer a ampliação das habilidades motoras, sensórias e estéticas das classes agrupadas, o trabalho também ajudou a resgatar a auto-estima dos alunos, uma vez que a autoconfiança revelada pela conquista efetivada impulsionou novos papéis e posicionamentos no grupo como um todo.

 

Aldeia Montessori
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Por Antônia Lúcia

Em lugar de pincel, lápis; de tinta a óleo, giz de cera; de tela, cartolina; de técnica, criatividade. Essas foram as pinceladas iniciais dadas pelos alunos da agrupada IV (3.ª e 4.ª séries), da Aldeia Montessori, no Rio de Janeiro, para se aprofundarem na essência do modernismo e recomporem, com seus próprios traços, as telas de consagrados pintores.

Com base no livro Paisagens Brasileiras da escritora Fátima Miguez, os jovens artistas fizeram uma releitura das obras de Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Lasar Segall, cujo resultado foi um cuidadoso trabalho que substituiu a tinta a óleo por desenhos a lápis e a giz de cera, exibidos durante a exposição Paisagens Brasileiras, realizada na Feira do Livro da escola.

Desenvolvido pelas professoras Virgínia Santiago Lessa e Tânia Regina Amazonas, o projeto Leitura, Pintura e Ternura teve como objetivo principal proporcionar reflexões sobre as obras desse grupo de artistas que marcou uma época e deu início a uma nova tendência ligada à realidade brasileira, tendo como marco a Semana de Arte Moderna de 1922.

De acordo com as professoras, todos os anos a equipe pedagógica desenvolve projetos transdisciplinares tomando como base os trabalhos elaborados por ícones da literatura nacional e internacional, ilustradores e contadores de história. Neste evento, a convidada foi a escritora Fátima Miguez, que emprestou o título do seu livro Paisagens Brasileiras à exposição.

Antes de darem os primeiros passos em direção à composição dos desenhos, toda a classe leu e releu os poemas do livro Paisagens Brasileiras, os quais – inspirados nas obras dos artistas Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Lasar Segall – retratam o Brasil, seu povo e suas tradições. Em seguida, as turmas começaram a realizar pesquisas, em várias mídias, sobre a vida desses expoentes da arte moderna, fazendo uma retrospectiva histórica do Brasil da época e investigando as diferenças e semelhanças entre os traços, as cores e as formas utilizadas por eles.

Divididas em grupos e contando apenas com a ajuda das professoras de sala, ou seja, sem a participação de um especialista da área, as turmas da agrupada IV precisaram de apenas vinte dias para colocar em prática, ou melhor, no papel, toda a sua veia artística. Tempo suficiente para preparar as 12 telas pintadas com giz de cera e lápis de cor.

Os trabalhos apresentados foram Boneca, Menino com Tabuleiro, Perfil de Zulmira, A Cuca, Paisagens Brasileiras, Bananal, Pau-brasil, Morro Vermelho, O Mamoeiro, Meninos Brincando, Futebol e Palmeiras. Segundo as professoras Tânia e Virgínia, o resultado não poderia ter sido melhor. “Em pouco tempo, os desenhos foram criando vida e as cores tomando seu espaço. Os mais habilidosos trocavam os seus trabalhos com os que apresentavam um grau maior de dificuldade. À medida que as telas ficavam prontas, algumas crianças se surpreendiam com a beleza do trabalho que construíram”.

Para a comunidade escolar da Aldeia Montessori, a arte é muito mais do que a criação individual e coletiva. A arte, segundo eles, é um importante caminho educativo que leva o aluno a descobrir suas possibilidades de expressão criativa, com a utilização de diferentes ferramentas, pois estimula a inteligência e contribui para a formação da personalidade do indivíduo.