Por Antônia Lúcia
Em lugar de pincel,
lápis; de tinta a óleo, giz de cera;
de tela, cartolina; de técnica, criatividade.
Essas foram as pinceladas iniciais dadas pelos alunos
da agrupada IV (3.ª e 4.ª séries),
da Aldeia Montessori, no Rio de Janeiro, para se aprofundarem
na essência do modernismo e recomporem, com
seus próprios traços, as telas de consagrados
pintores.
Com base no livro Paisagens
Brasileiras da escritora Fátima Miguez, os
jovens artistas fizeram uma releitura das obras de
Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Lasar
Segall, cujo resultado foi um cuidadoso trabalho que
substituiu a tinta a óleo por desenhos a lápis
e a giz de cera, exibidos durante a exposição
Paisagens Brasileiras, realizada na Feira do Livro
da escola.
Desenvolvido pelas professoras
Virgínia Santiago Lessa e Tânia Regina
Amazonas, o projeto Leitura, Pintura e Ternura teve
como objetivo principal proporcionar reflexões
sobre as obras desse grupo de artistas que marcou
uma época e deu início a uma nova tendência
ligada à realidade brasileira, tendo como marco
a Semana de Arte Moderna de 1922.
De acordo com as professoras,
todos os anos a equipe pedagógica desenvolve
projetos transdisciplinares tomando como base os trabalhos
elaborados por ícones da literatura nacional
e internacional, ilustradores e contadores de história.
Neste evento, a convidada foi a escritora Fátima
Miguez, que emprestou o título do seu livro
Paisagens Brasileiras à exposição.
Antes de darem os primeiros
passos em direção à composição
dos desenhos, toda a classe leu e releu os poemas
do livro Paisagens Brasileiras, os quais – inspirados
nas obras dos artistas Tarsila do Amaral, Cândido
Portinari e Lasar Segall – retratam o Brasil,
seu povo e suas tradições. Em seguida,
as turmas começaram a realizar pesquisas, em
várias mídias, sobre a vida desses expoentes
da arte moderna, fazendo uma retrospectiva histórica
do Brasil da época e investigando as diferenças
e semelhanças entre os traços, as cores
e as formas utilizadas por eles.
Divididas em grupos
e contando apenas com a ajuda das professoras de sala,
ou seja, sem a participação de um especialista
da área, as turmas da agrupada IV precisaram
de apenas vinte dias para colocar em prática,
ou melhor, no papel, toda a sua veia artística.
Tempo suficiente para preparar as 12 telas pintadas
com giz de cera e lápis de cor.
Os trabalhos apresentados
foram Boneca, Menino com Tabuleiro, Perfil de Zulmira,
A Cuca, Paisagens Brasileiras, Bananal, Pau-brasil,
Morro Vermelho, O Mamoeiro, Meninos Brincando, Futebol
e Palmeiras. Segundo as professoras Tânia e
Virgínia, o resultado não poderia ter
sido melhor. “Em pouco tempo, os desenhos foram
criando vida e as cores tomando seu espaço.
Os mais habilidosos trocavam os seus trabalhos com
os que apresentavam um grau maior de dificuldade.
À medida que as telas ficavam prontas, algumas
crianças se surpreendiam com a beleza do trabalho
que construíram”.
Para a comunidade escolar
da Aldeia Montessori, a arte é muito mais do
que a criação individual e coletiva.
A arte, segundo eles, é um importante caminho
educativo que leva o aluno a descobrir suas possibilidades
de expressão criativa, com a utilização
de diferentes ferramentas, pois estimula a inteligência
e contribui para a formação da personalidade
do indivíduo.
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