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Não compartilhe objetos que vão à boca.
Oriente as crianças a não tomarem no mesmo copo dos amigos e dos irmãos.

Algumas mães têm o hábito de mastigar alimentos mais resistêntes, como carne, para amaciá-los para as crianças. Não haja assim em hipótese alguma.
Escolha escovas de dentes de cores fortes para cada membro da família. Assim, a criança não corre o risco de se enganar.
Beijo na boca é para adulto. Não dê bitocas nas crianças.
Dê muita água. Ela ajuda a diluir o ácido gástrico.

Corte os alimentos que irritam o tubo gástrico.
Refrigerantes, café, chás e condimentos picantes devem ser abolidos da dieta.

Ofereça seis refeições leves por dia: café da manhã, colação (lanche da manhã), almoço, lanche, jantar e ceia.
Não aumente a ingestão de leite. Ele estimula a produção de ácido.

Hábitos quase inocentes estão expondo crianças a um risco. Especialistas em gastroenterologia pediátrica alertam que está aumentando o percentual de crianças infectadas pelo Helicobacter pylori, a bactéria que causa gastrite e úlcera péptica. Estima-se que, no Brasil, 10% dos bebês de até um ano de idade já tenham o microrganismo no estômago. As taxas aumentam com o passar do tempo na proporção de 5% a cada ano de vida e, ao atingirem a idade escolar, cerca de 30% dos pequenos estão contaminados. A transmissão da bactéria ocorre por via oral-oral e fecal-oral e os médicos dizem que os pais são os principais responsáveis pela proliferação do H. pylori.

O uso compartilhado de objetos que vão à boca como talheres, canudos e copos, além de hábitos como sapecar beijinhos na boca das crianças são comportamentos que devem ser banidos, dizem os médicos.

“Essa é uma doença que se pega dentro de casa. E temos identificado a bactéria em crianças com mais freqüência. No entanto, é bom lembrar que esse crescimento se deve, em parte, ao fato de que as bactérias de rastreamento estão mais acessíveis” – explica Antônio Calçado, chefe do serviço de gastroenterologia pediátrica da UFRJ, destacando, porém, que nem todo portador de H. pylori desenvolverá doença gástrica. Segundo ele, os fatores que levam uma pessoa a desenvolver a gastrite ou úlcera ainda não estão totalmente claros. É possível que fatores genéticos ou ambientais estejam relacionados. No entanto, podemos afirmar que o estresse é apenas um fator associado, e não determinante como se supunha antigamente. A idéia de que a gastrite é uma doença nervosa está ultrapassada.




 


Sintomas são diferentes


A forma como a doença se manifestará também varia.

“Há crianças que têm a gastrite aguda. Outras que não apresentarão sintomas, mas que podem, no futuro, desenvolver uma úlcera ou câncer de estômago. Por isso, é importante tratar a dor e se certificar de que a bactéria foi embora. Se ela não for eliminada, a doença volta” – alerta o especialista.

Pesquisas mostram que a infecção tem relação com o nível socioeconômico. Em países desenvolvidos, a presença da bactéria em crianças com menos de 10 anos varia de 3,5% a 10%, enquanto em adultos entre 40 a 60 anos pode chegar a 60%. Em sociedades em desenvolvimento, os percentuais são tão elevados nas crianças quanto nos adultos e a doença se espalha por várias camadas sociais.

O gastropediatra Silvio da Rocha Carvalho, médico do Instituto Martagão Gesteira, tem observado aumento da incidência de gastrite em menores de 12 aos na rede pública e no consultório particular. Segundo ele, o diagnóstico é feito por endoscopia e a presença da bactéria é descoberta com exames de sangue, fezes e sopro (carbono inalado).

“Mas existem outras situações que levam à inflamação do estômago. Alguns remédios podem levar à gastrite medicamentosa. Tratamentos com hormônios agridem a parede gástrica. Crianças internadas por longos períodos também podem desenvolver a doença – explica.

O médico acrescenta que hábitos alimentares errados agravam o quadro:

“Uma dieta ácida, com refrigerantes, por exemplo, ou rica em gorduras tende a aumentar as dores.”


Gordura deve ser evitada

Ana Aparecida Domingos Tomás, de 2 anos e quatro meses, começou a reclamar de dores de barriga há cinco meses. Como o sintoma não desapareceu, foi submetida a exames de sangue e o diagnóstico mais provável é gastrite.

“Muitas vezes as crianças têm sintomas de dor de barriga e diarréia e o médico acha que é virose. Retirei alguns achocolatados e outros alimentos da dieta da minha filha e houve alívio. O pediatra receitou medicamento para a dor no estômago e ela já está bem melhor” – conta Maria Inez, mãe de Ana.

Segundo o gastropediatra Gustavo Sobral da Silva, do Hospital Doutor Balbino, o tratamento infantil é igual ao do adulto:

“Quando a bactéria é encontrada, prescrevemos antibiótico durante sete ou 14 dias e, por mais dois meses, uma medicação de controle. Se não há bactéria, usamos antiácido.”

Para ele, frutas ácidas como laranja e limão não interferem na dor.

“Não há qualquer problema em oferecer sucos naturais às crianças” – garante o gastropediatra.


Obs.: Matéria cedida pela revista O Globo
Autor: Antônio Marinho
(Edição n.º 9 – Setembro / 2004).
Ilustração: Luiz Cláudio