![]() |
|
|
"O
que a criança pode fazer hoje com o auxílio dos adultos
poderá fazer amanhã por si só." Essa é
a visão de uma mente brilhante que, em tão pouco tempo
de vida, nos deixou uma reflexão que vem sendo trabalhada
por nossos educadores e continuará por muito tempo em nosso
campo educacional. |
Ele
até aceitava a idéia da plasticidade do homem mediante
as influências da cultura, porém, era bem crítico
à abordagem de Pavlov, uma vez que os seres humanos não
podem ser analisados apenas em função de suas reações
ao ambiente exterior. Na verdade, o que deve ser levado em conta é
a maneira como os sujeitos criam o seu ambiente, dando origem a novas
formas de consciência. No Brasil, estudamos a teoria do psicólogo russo há pouco mais de uma década. Sua obra começou a ser divulgada nos anos 80, época em que a linha educacional construtivista se espalhava, direcionada por Emilia Ferreiro, discípula de Jean Piaget. Apesar de terem vivido na mesma época, Piaget e Vygotsky não tiveram contato. No entanto, Vygotsky teve acesso aos trabalhos de Piaget produzidos na década de 20 e reconheceu a grandeza do método clínico sobre o estudo do Processo Cognitivo Individual e a semelhança de interesses no estudo da Gênese dos Processos Psicológicos, defendido por Piaget. Mesmo reconhecendo a riqueza do trabalho, Vygotsky fez críticas em relação à interpretação entre pensamento e linguagem. Na teoria desse brilhante educador, fica em evidência a importância do envolvimento ambiental no desenvolvimento da criança e no processo de formação da mente. Para ele, outro aspecto importante é o fato de que o amadurecimento do pensamento acompanha o desenvolvimento da criança em suas diversas etapas de interação social. Socioconstrutivismo Quando falamos em Construtivismo, imediatamente nos vem a memória o epistemologista Jean Piaget. Dessa mesma forma, ao falarmos em Socioconstrutivismo, é inevitável lembrarmos de Vygotsky, que ressalta a importância das contribuições dos meios social e histórico no desenvolvimento mental, uma vez que o indivíduo não pode crescer fora de um ambiente cultural. Gestos, hábitos, costumes, linguagens... Desde o nascimento, o bebê se integra a uma comunidade que orienta os rumos do desenvolvimento infantil. Uma poderosa "ferramenta cultural" é a linguagem, pois ela é capaz de modificar os rumos do desenvolvimento mental que é adquirido pela aprendizagem nas relações com os outros. Para Vygotsky, as crianças nascem apenas com as Funções Psicológicas Elementares como, por exemplo, a atenção involuntária e os reflexos que estão também presentes nos animais mais desenvolvidos. Só com o decorrer do aprendizado cultural é que algumas dessas funções básicas transformam-se em Funções Psicológicas Superiores como, por exemplo, a tomada da consciência, a deliberação e o planejamento - características do homem. |
A
evolução intelectual, propiciada pela mudança
de um nível de conhecimento para outro, só ocorre através
do processo de relação do indivíduo com seu ambiente
sociocultural e com a ajuda de outros indivíduos mais experientes
- que podem ser o professor ou qualquer aluno de sua classe Esses
indivíduos podem ser chamados de mediadores. Zona de Desenvolvimento Proximal Com a finalidade de explicar como ocorre esse processo entre o Desenvolvimento Real - que se refere àquilo que o indivíduo pode fazer sozinho - e o Desenvolvimento Potencial - que se refere àquilo que o indivíduo ainda não domina -, Vygotsky desenvolveu o conceito de ZDP - Zona de Desenvolvimento Proximal. Embora, em princípio, esse termo pareça complexo, na realidade é de fácil compreensão, pois traz a idéia de que aquilo que a criança faz hoje com o auxílio de outros, amanhã, ela fará sozinha. A aprendizagem interage com o desenvolvimento e, com isso, cria-se uma abertura nas Zonas de Desenvolvimento Proximal (distância entre aquilo que o aluno já sabe e o que ele é capaz de aprender com o auxílio de mediadores). Sendo assim, não podemos esquecer que a aprendizagem ocorre pela assimilação consciente, ou seja, pela interiorização gradual da ação exterior. É através do processo de internalização da interação social com materiais oferecidos pela cultura que se produz o desenvolvimento cognitivo, o qual se constrói de fora para dentro. O conhecimento se dá através de interações intra e interpessoais, pois é através da troca de experiências que o sujeito consegue formar um conhecimento. A intervenção pedagógica interacional que propicia o processo ensino-aprendizagem ocorre na escola. Nela, o professor interfere nesse processo provocando em seus alunos avanços intelectuais como o auxílio da Zona Proximal. O aluno deixa de ser meramente um espectador de sua aprendizagem e passa a interagir com o meio, inicialmente com a formação de conceitos espontâneos e, depois, com os conceitos científicos que são adquiridos pelo ensino. Fontes: VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987. VYGOTSKY, Lev. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1988. REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995. ANTUNES, Celso. Vygotsky em minha sala, quem diria? Petrópolis: Vozes, 2002. |