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Trabalho com material reciclá­vel: a professora de Artes, Sandra Maria dos Santos, ao lado de um tapete feito com chapinhas de refrigerantes

Alunos do 1.º ano do Ensino Médio apresentam o mapa do Brasil destacando a quantidade de lixo produzido, por região, e o percentual coletado

O trabalho com material reciclado: um novo destino para o lixo que polui o Rio Guandu

Em outra maquete, os estudantes enfocam os problemas ambientais do bairro e elegem a escola como o ponto de partida para uma mudança de comportamento

Alunos do 1.º ano do Ensino Médio reproduziram o ciclo da água para abordar questões ligadas à ecologia, ocupação urbana e saúde da população. A construção da maquete envolveu as disciplinas de Biologia, Geografia e História

Nos trabalhos de história, a importância da água para os descobridores

A proximidade da escola com o Rio Gandu motivou os professores a discutir com os alunos os aspectos sociais e ambientais do local

Localizada numa região com graves problemas de saneamento básico, a Escola Estadual São Francisco de Paula, localizada em Nova Iguaçu, vem desenvolvendo, há alguns anos, atividades que apostam na conscientização da comunidade para mudar essa dura realidade.

Recentemente, professores e alunos estiveram envolvidos no projeto Corredor Ambiental: as águas vão rolar, com o propósito de discutir a relação da comunidade com o Rio Guandu e seus afluentes. “A atividade é desdobramento do projeto político-pedagógico da escola, que este ano está enfatizando questões referentes ao uso responsável da água. Aproveitamos a proximidade com o Guandu para enfocar os aspectos sociais e ambientais do local. Os professores foram orientados a desenvolver trabalhos transversais, conciliando o conteúdo da disciplina com o tema", explicou o professor de Geografia e Educação Ambiental Jorge Luiz Ribeiro de Lima, coordenador do projeto.

 

Durante a culminância do evento, foram realizadas exposições, palestras, debates e paródias de músicas. Entre os palestrantes convidados estava o engenheiro da Cedae, Nélio Lopes Rodrigues, responsável pelo gerenciamento de mananciais e educação ambiental. Segundo ele, a companhia nunca teve uma preocupação maior com o meio ambiente, apenas com o abastecimento de água potável. No entanto, o engenheiro garante que isso já começou a mudar com a implantação de uma gerência exclusivamente voltada para tratar do assunto.

As estudantes universitárias Janete de Sousa Silva e Luciana Machado estiveram presentes nos debates, a convite da escola. As duas cursam Geografia e lançaram mão de indagações polêmicas aos palestrantes, contribuindo para o desenvolvimento crítico dos alunos da escola. “Esse comportamento faz parte do projeto político-pedagógico do curso. Ele nos ensina a ser críticos e observadores. Em um evento desse tipo,
tentamos passar esse perfil para os alunos. Como futura profissional de educação, pretendo fazer com que o aluno não apenas detenha o conhecimento, mas que também o transmita para a comunidade onde vive”, diz Janete. Para Luciana, o evento foi válido, mas ela acredita que, além da escola, as entidades ligadas, de alguma forma, ao problema ambiental da comunidade deveriam ser mais transparentes e discutir com a população as soluções mais adequadas.

Dos trabalhos expostos, um dos destaques foi a maquete produzida pelos alunos do 1.º ano do Ensino Médio, que envolveu as disciplinas de Biologia, Geografia e História. Eles reproduziram o ciclo da água sob os aspectos da ocupação urbana populacional e industrial da região, levantando questões sobre ecologia, saúde, saneamento e resíduos industriais.

“Nesse projeto, abordamos a poluição provocada com a condensação da água da chuva, os agrotóxicos e os resíduos químicos que terminam por poluir os lençóis freáticos”, explica a professora de Biologia Maria Aldenora. Em outra maquete, os alunos reproduziram as etapas de filtração e decantação da adutora do Guandu, localizada a 1 km da escola.

Segundo Maria Zélia Nascimento, professora de Artes, os alunos abordaram, nesse trabalho, os contrastes de um bairro que, embora abrigue um reservatório de tratamento de água, ainda possui várias ruas que não recebem saneamento de esgotos.

 


A também professora de Artes Sandra Maria dos Santos produziu com os alunos do 1.º ano do Ensino Médio um tapete gigante, aproveitando as chapinhas de refrigerantes. “Essa foi a forma que encontramos para contribuir com a limpeza da escola”, conta. Nas aulas de Matemática, o conteúdo da disciplina foi aplicado em gráficos que demonstram o consumo de água por região e o percentual de lixo coletado. “Diariamente são produzidas, no Brasil, 80 mil toneladas de lixo e apenas 50% são coletadas. Os outros 50% vão para rios e lixões a céu aberto”, explica Priscila dos Santos, aluna do 1.º ano do Ensino Médio que, juntamente com mais cinco colegas, confeccionou um mapa do país denunciando esses números.

Ana Cláudia Reis, professora de Língua Portuguesa no Ensino Médio, trabalhou inicialmente, em sala de aula, com livros que abordam temas ligados ao meio ambiente. Posteriormente, instigou a criatividade dos alunos ao lançar o desafio de criar paródias de músicas com as quais eles mais se identificam.

“Procuramos despertar o potencial criativo dos alunos com uma série de atividades. Somente na etapa final do projeto é que partimos para a construção de letras abordando temas ligados à preservação, poluição e desmatamento. O envolvimento das turmas foi gratificante. Nas nossas atividades diárias, até mesmo durante a aplicação do conteúdo curricular, buscamos plantar em cada um dos nossos alunos a semente da conscientização da realidade em que eles vivem, mostrando que a mudança começa na escola e no lar, para, depois, florescer no seio de toda a comunidade”, enfatiza.

Para o diretor adjunto José Luis da Costa, a escola está fazendo o seu papel: “Tentamos implantar o sistema de interdisciplinaridade em torno de um tema que faz parte da vida do aluno que mora na comunidade. A escola vem desempenhando a sua missão de formadora de opinião. A solução virá a longo prazo, mas os resultados já começam a aparecer”, garante.


Escola Estadual São Francisco de Paula
Tel.: (21) 2764-4034 / 4054 / 4262.