<%@LANGUAGE="JAVASCRIPT" CODEPAGE="1252"%> Untitled Document
A arte como ferramenta de transformação: para o professor Adilson Sarti, as atividades da oficina melhoraram a aouto-estima dos alunos e fazem com que eles descubram seus potenciais
O desfile de Moda e Literatura foi uma das atrações da Oficína de Artes
Arte, Literatura, e Língua Portuguesa reunidas em enquetes teatrais

A aluna Kelly Regina, durante encenação de uma peça que
ela mesma escreveu

A Oficina de Artes também contou com uma exposição de trabalhos artesanais à base de material reciclável

 

Arte, Literatura e Língua Portuguesa. Há seis anos consecutivos, o professor Adilson Sarti vem conciliando o conteúdo dessas disciplinas para realizar um projeto que tem produzido muitos frutos. O resultado desse trabalho interdisciplinar é a Oficina de Artes, um dos eventos mais aguardados pela comunidade escolar do Colégio Estadual Alfredo Backer, localizado em Imbariê, Duque de Caxias.

Durante uma semana, todas as turmas, dos três turnos do colégio, encenaram peças teatrais, apresentaram recitais, coreografias e jograis. Este ano, os homenageados foram o poeta Álvares de Azevedo e o compositor Renato Russo. A partir de suas obras, os alunos deram asas à imaginação e protagonizaram belos esquetes literários. “A escola é um celeiro de artistas que pintam, cantam, tocam e interpretam. Eles só precisam de incentivo para aflorar todo esse potencial. E cabe a nós, professores, darmos o impulso necessário”, garante Adilson.

Tudo começou em 1999, nas aulas de Literatura e Língua Portuguesa, quando Adilson, ao indicar a leitura de livros para os alunos, teve a idéia de criar um espaço para a produção de atividades literárias. “Acredito na arte como grande ferramenta de transformação. As minhas aulas passaram a ser muito mais consistentes na medida em que procurei unir o conteúdo pedagógico tradicional às atividades de arte.

A partir de então, passamos a obter resultados mais ricos”, diz. Após a definição do conteúdo literário a ser explorado, os alunos participaram da escolha das atividades artísticas que seriam elaboradas em equipe. Durante os preparativos para a Oficina, cada professor cedeu um pouco do seu tempo de aula para os ensaios e tentou, de alguma forma, inserir o conteúdo da sua disciplina em atividades artísticas.

“O segredo é que esse trabalho não é resultado apenas das aulas de artes ou das aulas de Literatura. O professor pode lançar mão de artifícios que unam várias disciplinas sem comprometimento do conteúdo curricular. Por que não aprender Matemática com poesia?”, desafia.

Para cada atividade de artes plásticas, os alunos desenvolveram um texto literário, como pôde ser visto nas exposições de aquarelas e máscaras e, também, nas releituras das obras de Portinari que irão emoldurar o auditório recém-inaugurado. São 14 telas feitas de mosaico que retratam bem o nível atingido pelos alunos. O professor Adilson especializou-se em arte-educação e tudo o que aprendeu em um ano está sendo repassado agora para os demais professores da escola. A Oficina também expôs uma série de trabalhos artesanais produzidos à base de material reciclável, resultado da parceria entre os alunos do terceiro turno e um artista plástico.

No entanto, foi no auditório que o evento mostrou toda a sua versatilidade. Enquanto alguns alunos do 1.º ano do curso Normal apresentaram o espetáculo lítero-musical “O Julgamento de Álvares de Azevedo”, outros da mesma série encenaram a fábula “O Pássaro e a Flor”. Já os estudantes do 3.º ano abordaram, em um jogral, os “Estatutos do Homem”, de Thiago de Mello.

Uma das turmas do 4.º ano produziu um desfile de Moda e Literatura, enfocando os estilos de cada época e suas influências em prosa e verso. A outra turma encenou a bem-humorada peça “Tio Tonico II: o céu não pode esperar”, uma sátira ao filme Titanic. A aluna Kelly Regina escreveu a continuação do texto original de Ângelo Pessoa, premiado no Festival de Teatro Amador de Friburgo.

Em 2002, eles já haviam apresentado a peça na escola e a repercussão positiva entre os alunos motivou Kelly a escrever a segunda parte da história. “Ela é uma aluna bastante criativa e com muito talento para escrever. Espero que continue explorando todo esse potencial”, afirma, orgulhoso, o professor Adilson.

Para ele, os trabalhos apresentados na Oficina de Artes estão atingindo um patamar quase profissional, graças ao apoio de todos, inclusive de alguns pais, como é o caso de Maria da Conceição Berto, mãe da aluna Ellen e responsável pela confecção de quase todo o figurino usado nas apresentações. “É gratificante presenciar esse momento mágico e participar, de alguma forma, do crescimento de todos esses jovens”, declara.

Durante a Oficina, o professor Adilson realizou outro sonho: o lançamento de seu livro “A Menina que Vendia Bala no Trem”, uma história que o remete à infância, quando viajava diariamente no trem que fazia a linha Gramacho-Raiz da Serra, o qual passava ao lado da escola onde hoje ele trabalha. “A vida é cheia de desafios e precisamos ser instigados a superá-los. Ultrapassar obstáculos e mudar a realidade é possível, basta trabalharmos para isso. Aqui na escola, todos nós acreditamos que estamos no caminho certo”, encerra.



Colégio Estadual Alfredo Backer
Tel.: (21) 3661-7311