<%@LANGUAGE="JAVASCRIPT" CODEPAGE="1252"%> Guanabara

Título: Projeto de História Local
Subprojeto: O que é que a Baía tem? O que é que a Baía tinha?
Introdução: A necessidade de preservação e despoluição da Baía de Guanabara.
Objetivo: Resgatar a história da escola e do bairro e proporcionar aos estudantes conhecimento afetivo da região em que vivem, de um ponto de vista interdisciplinar.

Além de curtirem a beleza local, os estudantes
conheceram de perto os pontos turísticos e históricos da região

“Precisamos preservar a Baía de Guanabara!” Essa foi a afirmação dos alunos das turmas de 6.ª, 7.ª e 8.ª séries da Escola Estadual de Ensino Fundamental Henrique Lage, localizada no Barreto, em Niterói, depois de participarem do primeiro passeio da classe à Baía de Guanabara – um dos mais belos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, terceira maior do mundo em volume d’água e domicílio de aproximadamente 80 ilhas de rara beleza, formatos e tamanhos.

A partir da reestruturação do projeto piloto da escola, denominado Projeto de História Local, a professora de História Janete Ribeiro realizou, durante o 1.º semestre deste ano, o subprojeto O que é que a Baía tem? O que é que a Baía tinha?, cuja proposta foi mostrar e resgatar a história da escola e da área na qual os alunos vivem. “A idéia foi proporcionar aos estudantes conhecimento afetivo da área ao redor da escola, de um ponto de vista interdisciplinar”, esclareceu a professora.

Segundo ela, o projeto piloto começou em 1999, com a equipe de História, na comemoração de aniversário da escola. Na ocasião, os alunos da 7.ª e 8.ª séries fizeram um levantamento sobre a história da Estadual Henrique Lage e do bairro. A pesquisa propunha-se a estabelecer as relações entre passado e presente. Na época, lembra Janete, os grupos fotografaram os bairros próximos à escola, registraram os problemas existentes e realizaram entrevistas para saber em que região havia maior concentração de estudantes.

“A partir deste primeiro levantamento, percebemos que não podíamos parar. Descobrimos que a maioria de nossos alunos residia em São Gonçalo, daí a relevância de conhecermos o entorno da Baía de Guanabara e ampliarmos a participação de outras disciplinas escolares. Então, reestruturamos o Projeto de História Local e passamos a contar com o apoio das Faculdades de Educação e História da UFF, através de seus respectivos laboratórios”, explicou a professora.

Em conjunto com os professores de Geografia, Português, Ciências Natu rais e Técnicas Comerciais, Jane­te começou a discutir cada etapa do subprojeto. Em seguida, foram ela­borados roteiros significativos à compreensão do espaço e reflexão
acerca das mudanças ocorridas ao longo dos últimos 500 anos no entorno da Baía.

De acordo com o cronograma, traçado pelos professores, a primeira aula extraclasse aconteceu na Baía de Guanabara. As outras aulas-passeio foram realizadas na Ilha Fiscal, no Pão-de-açúcar, nos pontos históricos de São Gonçalo, em Niterói e na Reserva Florestal da região.

Para a aluna Pamella Ellen, 13 anos, os passeios serviram para conscientizar a turma da necessidade de preservação da Baía. “Antigamente, além das matas que a cercavam, havia também uma fauna abundante. Hoje, essas belezas naturais estão sendo destruídas pela presença do lixo, do óleo, da contaminação quími­ca e microbiana da água e pelo as­sorea­mento desenfreado”.

Os alunos Mário Luiz, Nayara Souza, Monique Silva, Mariana Bauerfeldt e Larissa Pessa­nha, da turma 801, dividem a mesma opinião acerca da importância de despoluir a Baía. “Este projeto es­tá contribuindo para a formação de opinião sobre a situação atual da Baía de Guanabara e para a conscientização sobre o que devemos fazer para melhorar a qualidade de vida de várias cidades que são banhadas pela Baía. Talvez, um dia, todos tenham consciência de que poluir a Baía não é uma coisa boa”.


Já os alunos Jhonatan e Ricardo, da turma 705, fizeram um apelo em forma de protesto. “A Baía de Guanabara está morrendo e, junto com ela, as praias de Niterói e São Gonçalo. Algumas parecem esgoto de tão poluídas. Mas se todos se unissem e ajudassem a preservar esse bem nacional, nós conseguiríamos mudar essa triste realidade”.

Para melhor embasamento dos temas debatidos em sala de aula – Baía de Guanabara, trabalho, industrialização, meio ambiente, cidadania, urbanização, construções históricas e patrimônios em decomposição, histórias de vida da comunidade escolar, espaço geográfico, diversidade cultural e ética –, as turmas foram estimulas a realizar pesquisas em bibliotecas e levantamentos sobre as igrejas católicas do bairro, as personalidades enterradas no cemitério do município, os patrimônios tombados da região, a história da escola e das ONGs que trabalham em prol da valorização da Baía de Guanabara.

Em sala de aula, nas disciplinas de História e Geografia, os alunos traba­lharam o resgate da memória do bairro, seu espaço geográfico e suas mudanças. As sugestões e soluções dos estudantes para os problemas da Baía de Guanabara também foram explicitadas através de raps, paródias etc. Em Técnicas Comerciais, o foco ficou centrado no estudo das atividades primárias, secundárias e terciárias do entorno da Baía.

Já as aulas de Português serviram de laboratório para a elaboração de toda a produção textual do projeto. Nas aulas de Ciências, o desmatamento, a poluição e suas conseqüências para o homem e o meio ambiente foram alvos de discussão entre os educandos. Em Educação Artística, os conhecimentos foram aplica­dos na reprodução das paisagens dos locais visitados, na produção dos painéis e das fotografias.

Para que os acontecimentos dos pas­seios não se perdessem na memória de cada um, os alunos criaram o Diário de Bordo. Esse diário, explica a professora, além de registrar os passeios educativos, com fotos e imagens, serviu de estímulo para a produção de textos e para a ordenação linear de idéias no tempo e espaço.

O trabalho foi finalizado com uma mostra de toda a produção textual elabo­rada pelos alunos, além da apresentação do primeiro capítulo do Diário de Bordo e da exposição de fotos e desenhos dos lugares visitados. Para Janete, a culminância foi o coroamento de todo o esforço da comunidade escolar.

Segundo a professora de História, a partir da elaboração de roteiros educativos, o processo de ensino-aprendizagem tornou-se mais atraente. “Nós percebemos que, ao final de cada aula-passeio, eles traziam na bagagem ‘novas rotas de descobrimento’ e se sentiam mais estimulados a expor suas idéias, escrever seus textos, trocar e-mails, enfim, participar. É esse retorno que nos impul­siona a buscar ferramentas para ajudá-los na aquisição do conhecimento”, finaliza.


Escola Estadual de Ensino Fundamental Henrique Lage
Tel.: (21) 2463-7378