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A estudante Giselle Santos de Paula, 11 anos, mora no Jardim Carioca, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Na verdade, conforme define a própria Giselle, o local poucas características tem de um jardim. A violência também já chegou por lá e os tiroteios são constantes. A realidade entristece a menina, que, além de conviver com o medo, enfrenta o preconceito daqueles que acreditam que na comunidade só vivem bandidos.
Giselle decidiu colocar sua indignação no papel e foi a vencedora, na categoria opinião, da segunda edição do prêmio Escrevendo o Futuro, criado pela Fundação Itaú Social, com o texto “O lugar onde vivo”:
“No morro não tem só bandido. Subindo a ladeira, ouvi uma frase de um grupo de jovens que desconhece o meu lugar, dizendo que no morro só mora bandido. Isso não é verdade. Acredito. Isso é preconceito”, diz um trecho da redação de Giselle.
Mais adiante, ela escreve: “No lugar onde vivo, quase todo dia, tem tiros que podem ser confundidos com barulhos de fogos. O céu, à noite, fica iluminado pelas balas...
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Parece uma festa junina, mas não é. Se fosse festa se chamaria Festa da Desesperança: são bandidos e policiais trocando tiros, esquecendo-se da comunidade assustada, que não tem nada a ver com a guerra que tira vidas de pessoas inocentes”.
E completa: “Moro na Messina, no Jardim Carioca. Na verdade, não parece um jardim. O lugar é triste, doloroso e medonho; é como um beco sem saída e sem esperança. A comunidade só mora aqui porque não tem dinheiro para morar num lugar melhor...".
Lançado em 2002, o prêmio Escrevendo o Futuro tem o objetivo de estimular a escrita e é voltado para estudantes de 4.ª e 5.ª séries do Ensino Fundamental das escolas públicas. Em 2004, participaram 10.544 instituições em todo o país, o que representou mais de um milhão de alunos.
Para concorrer ao prêmio, as crianças escreveram textos sobre o tema “O lugar onde vivo”, em três categorias: Poesia, Opinião e Memória. Em outubro, Giselle foi a finalista, entre os participantes do Rio e Espírito Santo,
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no gênero opinião. Da região, saíram três finalistas que disputaram a grande final do prêmio, em dezembro, na cidade de São Paulo, com mais 18 finalistas de outras regiões do País.
Além de Giselle, que concluiu a 4.ª série na Escola Municipal Alice Tibiriçá (Ilha do Governador), se classificaram os cariocas Bruno Márcio Moura dos Santos, 11 anos, da Escola Municipal Pintor Lasar Segall – na categoria poesia – e Melissa Isadora Miranda Pinto, 10 anos, da Escola Municipal José Emygdio de Oliveira – na categoria Memória.
Cerca de mil escolas de 143 municípios do Rio e Espírito Santo se inscreveram no prêmio. Deste universo, saíram 18 semifinalistas, seis por categoria. E, entre eles, foram selecionados os três trabalhos que disputariam a final nacional. Os vencedores do Escrevendo o Futuro 2004 foram anunciados em cerimônia realizada no dia 6 de dezembro no Memorial da América Latina, em São Paulo.Na categoria poesia, o ganhador foi Euler Júnior Machado, de Santo Antônio do Amparo, Minas Gerais. Já no gênero memória, o prêmio ficou com Tairine Silva Ribeiro, de São João de Iracema, São Paulo.
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com orientações sobre a escrita de cada um dos gêneros propostos para o prêmio (Poesia, Opinião e Memória).
São realizados ainda encontros e oficinas com os educadores que farão parte das comissões avaliadoras para orientá-los a selecionar as produções que melhor atendam às normas do prêmio. No ano passado, o programa trouxe novidades: a premiação regionalizada; o acompanhamento, in loco, das atividades realizadas pelos professores nas escolas e a formação a distância, via Portal EducaRede, com oficinas virtuais de Opinião, Poesia e Memórias.
O Escrevendo o Futuro tem coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e é realizado pela Fundação Itaú Social em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e o Canal Futura. Além disso, conta com o apoio do Ministério da Educação (MEC) e do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed).
“Nosso grande desafio com esse prêmio é a capacitação dos professores. Por isso, para a próxima edição, esperamos contar com um número ainda maior de escolas. Das que participaram da primeira edição (2002), 77% se inscreveram este ano. Isso é um ótimo sinal, já que os grandes incentivadores e divulgadores do prêmio são os próprios profissionais”, afirma Ana Beatriz Patrício, superintendente da Fundação Itaú Social. |
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Objetivos do Prêmio
- Estimular o desenvolvimento de habilidades para a leitura e a escrita entre estudantes de 4.ª e 5.ª séries do Ensino Fundamental das escolas públicas;
- Promover o exercício da cidadania;
- Incentivar o aumento da escolaridade;
- Contribuir para a formação dos educadores e para a melhoria da rede pública de ensino;
- Favorecer a produção de novos conhecimentos.
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