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A colunista da Série Pedagogos, Rebeca Carvalho, com o educador Fernando Hernández no II Congresso Internacional sobre Projetos, realizado em São Paulo, em Agosto de 2004
 

 


Organizar o currículo através de projetos e trabalhar a partir de pesquisas, em vez das disciplinas tradicionais, promovendo, assim, a atuação conjunta entre alunos e docentes. Isto é o que defende o educador espanhol Fernando Hernández, que se baseia nas idéias de John Dewey (1859-1952) acerca do conceito de “experiência”, no qual a escola é o espaço ideal para que se manifestem as experiências que as crianças já possuem e o ambiente propício para elas incorporarem novas experiências. Afinal, quando um aluno chega à escola, ele não chega vazio, mas, sim, com a experiência de que já dispunha anteriormente.

Hernández começou a trabalhar com o projeto de trabalho no ano de 1982, quando conheceu alguns docentes – que davam aulas para crianças de oito a dez anos de idade – os quais o questionaram se a escola ajudava o aluno a estabelecer relações. Mediante isso, o educador deu início a um trabalho, nessa escola, que durou cinco anos e, a partir dos resultados, decidiu, juntamente com os demais professores, organizar o currículo através de pesquisas de projetos de trabalho.

Tal estrutura sugere que o professor renuncie a função de “transmissor de conteúdos” e passe a ser um pesquisador. Em contrapartida, o aluno passa a ser co-autor de sua aprendizagem, uma vez que deixa de ser apenas um receptor passivo para se tornar o sujeito do processo.

É preciso levar em conta algumas situações como, por exemplo, determinar um assunto, levantar dúvidas e definir os objetivos da aprendizagem, não havendo assim nenhuma metodologia a seguir, até porque, o projeto de trabalho permite que se construa uma condição de


aprendizagem na qual os próprios alunos participem do processo de criação.

Afinal, a busca de respostas para suas dúvidas propicia um envolvimento através do qual os alunos conseguem expedir juízo de valor pessoal e coletivo, desenvolvendo um pensamento crítico, porém, flexível.

Ao trabalhar com o projeto de trabalho, o professor precisa ter a consciência de educar para o presente, aguçando a curiosidade dos discentes e levantando questionamentos, de forma a alterar significados das informações e contextualizá-las, relacionando os conteúdos com os objetivos, estabelecendo limites e metas para que seja realizada a finalização do trabalho proposto, garantindo, assim, um aprendizado significativo.

Há muitas maneiras de afiançar a aprendizagem, e trabalhar com projeto é apenas uma das opções, garante Hernández, ao afirmar que é necessário que os estudantes tenham aulas expositivas, participem de seminários, trabalhem em grupos e individualmente.

Segundo o educador espanhol, o desafio maior é fazer com que os alunos construam sua história de vida, já que têm sua condição social predefinida, lembrando ainda que o objetivo não é somente ensinar, mas dar sentido às coisas. E sentido não é universal, é cultura, embora a escola tente universalizar e se acomode em uma única resposta.

Professor, não podemos pensar em uma escola na qual o aluno não tenha voz nem autonomia, que não apresente espaço para a “tão falada” construção do conhecimento e cujo currículo seja elaborado sem levar em conta os desejos,


interesses e expectativas dos alunos.

O que precisamos fazer?

Ir além de nossas estruturas e romper com paradigmas educacionais que focam apenas o processo de ensino, desafiando a fragmentação dos currículos disciplinares, os quais, muitas vezes, são conduzidos por comissões e comissões, por programas de livros didáticos ou por um simples caderno. Precisamos desmitificar a idéia de que numa aula realizada dentro de um supermercado, por exemplo, não possa haver aprendizado, apenas por esta não se dar na tradicional sala de aula.


Fontes :

  • HERNÁNDEZ, Fernando – Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Artmed, 1998.
  • Palestra de Fernando Hernández no II Congresso Internacional sobre Projetos, realizado em São Paulo, em agosto de 2004.
  • Site : www.centroreferencial.pro.br
  • Site : www.novaescola.com.br