<%@LANGUAGE="JAVASCRIPT" CODEPAGE="1252"%> Untitled Document
 

Os pais também deram sua contribuição.
Um deles orientou a escovação

 

Ajudar as crianças a se conhecerem e a se descobrirem, contribuindo para o processo de socialização de cada uma delas dentro dos diversos espaços sociais a que pertencem. Este foi o principal objetivo do projeto pedagógico Identidade – Quem Sou Eu?, desenvolvido pelas professoras da Escola Municipal Classe em Cooperação Frei Orlando, situada na Vila Militar, em Deodoro.

O projeto foi elaborado para as turmas do grupo II (5 anos) e para os alunos portadores de necessidades educativas especiais integrados nessas turmas. No entanto, acabou envolvendo toda a escola – cerca de 300 alunos de 3 a 6 anos.

“Nossa proposta inicial era mostrar aos alunos que cada pessoa tem um nome, uma imagem, uma história e ajudá-los a se identificar como ser, no mundo e no ambiente familiar. E, a partir daí, mostrar a eles o que é estável (nome, filiação, data de nascimento etc.) e o que é circunstancial (idade, peso, altura etc.) em uma pessoa”, explica a professora Márcia Regina de Oliveira Dias. “O resultado foi tão bom que tivemos ainda a possibilidade de passar para as crianças valores, idéias, costumes e papéis sociais”, completa.

O projeto começou a ser ampliado quando Márcia Regina teve a idéia de fazer a carteira de identidade dos alunos. Inicialmente, as crianças seriam levadas ao Detran, que atualmente é um dos órgãos responsáveis pela emissão do documento. Quando a proposta foi apresentada ao diretor do posto da Vila Militar, veio a surpresa: ele sugeriu que a equipe fosse até a escola para fazer o cadastro dos pequenos cidadãos. Como poucos dias depois seria comemorado o 34.º aniversário da unidade, as professoras decidiram incluir a visita do Detran na programação e convidarem outros parceiros.

A festa foi transformada em uma Ação Solidária, com a participação do TRE (urna eletrônica); da Delegacia Regional do Trabalho (Carteira de Trabalho); do Hospital Albert Sabin (acuidade visual); do Hemorio (divulgação); do Sest-Senat (estande da saúde); da Secretaria Municipal de Saúde (Programa Dentescola); de Escoteiros (divulgação), da Universidade Castelo Branco (teste de estresse e terapia ocupacional), do Detran, do Coral e do grupo de dança da escola. A partir daí, o projeto passou a envolver toda a escola, embora as principais atividades de sala de aula continuassem focadas nas turmas do grupo II.

Utilizando recursos de livros, revistas, embalagens, sucatas, argila, documentos, jogos e CDs, a equipe docente desenvolveu vários trabalhos com estes alunos. Entre eles bingo, desenhos, rimas e montagem com os nomes próprios (com letras soltas, recortes de jornais, rótulos de embalagens etc.), acrósticos (com os nomes e as virtudes de cada um), sonoridade do nome (falar devagar, cantar, falar em voz alta) e história do nome e dos apelidos.

As professoras reuniram ainda, com a ajuda dos pais, dados importantes sobre as crianças como cópia da certidão de nascimento, peso, altura, fotos dos alunos hoje e quando bebês, informações sobre os irmãos, além das características (principais virtudes). Com o material foi produzida uma pasta de Identificação para cada aluno. “A fonte original da identidade está no círculo de pessoas com quem a criança interage no ínício da vida. Em geral, a família é a primeira matriz de socialização”, ressalta Márcia.

E, para enfatizar a importância da família, as professoras criaram até uma atividade para incluir os pais no projeto. Em junho, durante a reunião de encerramento do primeiro semestre, eles participaram de uma dinâmica chamada “Colcha de Retalhos”, na qual cada um resgatou os momentos mais marcantes de sua infância. No segundo semestre, a colcha continuará a ser “emendada”, desta vez com os melhores momentos da relação pai e filho. O resultado final será apresentado na culminância.

 

A professora Márcia coordenou a simulação do
voto eletrônico. A urna do TRE foi a sensação
entre os alunos

 

 

Outros universos sociais também foram explorados no projeto. Festas, igrejas, clubes e a própria relação dos alunos com a Pátria serviram de temas para atividades de classe.

Com figuras geométricas, eles montaram a Bandeira Nacional, mapas dos Brasil e do Rio de Janeiro, figuras humanas, a paisagem que viam da janela dos seus quartos, a cidade e outras imagens que retratavam o “mundinho” de cada um.

 

 

 

 

 



“Uma das particularidades da sociedade brasileira é a diversidade étnica e cultural. Essa diversidade se apresenta com características próprias segundo a região e a localidade. Ao retratar o seu universo, a criança identifica e compreende sua participação nos diversos grupos e percebe a diversidade que compõe cada um”, justifica Márcia Regina.

Neste segundo semestre, o trabalho de identificação dos diversos ambientes sociais irá retratar os meios de transportes, começando pelos aviões. A variedade de atividades, segundo a coordenadora pedagógica da escola, Janice Reis, tem a função de envolver e atrair a atenção dos alunos para o projeto.

“Nós utilizamos recursos da música, do teatro e de livros. Com pelo menos um desses segmentos o aluno vai se identificar e é isso que vai estimulá-lo a participar do projeto”, defende a coordenadora.


A Escola Municipal Frei Orlando atende a 30 crianças portadoras de necessidades educacionais especiais, divididas entre o pólo de bebê (de 0 a 3 anos e 11 meses), classe de CT (Condutas Típicas – autismo e síndromes diversas) e as turmas convencionais. Um dos motivos que levou a equipe a criar o projeto Identidade foi a possibilidade de integrar ainda mais esses alunos à comunidade escolar.

“Nós acreditamos que, quando um grupo aceita uma pessoa com sua diferença, está aceitando-a também em sua semelhança. No caso das crianças especiais, embora elas tenham recursos diferenciados, possuem, como qualquer criança condições próprias de interagir com o meio”, explica Márcia Regina.

O objetivo foi alcançado. Segundo os professores, a integração foi total. “Em nenhum momento os alunos com necessidades especiais se sentiram inferiores. Nós não os tratamos como diferentes. Eles participaram de todas as atividades e também fizeram suas carteiras de identidade”, comenta Janice. “A maneira como cada um vê a si próprio depende também do modo como é visto pelos outros”, conclui.

Outro aspecto importante do projeto destacado pelas professoras é que a integração não foi apenas dos alunos especiais. Todas as crianças, na avaliação da equipe, saíram ganhando, já que, além de aprenderem as diferenças que constituem a sociedade, eles também aprenderam que os seres humanos são diferentes.

“O objetivo não é integrar somente agora. Mas para sempre. Se um dos nossos alunos não portador de necessidades especiais se tornar um engenheiro, por exemplo, certamente ele vai se lembrar do colega deficiente e, na sua obra, vai construir uma rampa de acesso”, avalia a professora Márcia, acrescentando que a escola tem uma visão sociointeracionista da Educação.


Escola Municipal Classe em Cooperação Frei Orlando
Tel.: (21) 2457-5497


 
Além de aprederem mais sobre cidadania, as crianças participaram de várias recreações