Atividade lúdica ajuda alunos a entender o seu papel transformador do meio social

Por Cláudia Sanches

A professora entra na sala de aula de uma turma de Educação Infantil, cumprimenta os alunos e faz a seguinte pergunta: “Para vocês, o que é o meio ambiente?” Com os olhinhos arregalados e um sorrisinho desconfiado, de início, as crianças ficam em silêncio. Mas, em seguida, incentivadas pela professora, começam a dar as primeiras respostas. “Professora, pra mim, meio ambiente são... as árvores. Do outro lado, um dedinho levantado pede a vez e responde: “Pra mim, são as flores”. No cantinho da sala, ouve-se uma voz dizendo: “são os bichos..., as florestas...”, enfim, a natureza ganhou disparada.

Depois de ouvi-las e parabenizá-las pelas respostas, a professora anunciou que, no dia seguinte, os alunos fariam um passeio, ou melhor, uma viagem bem diferente. Para a surpresa de todos, a viagem seria feita através das suas próprias bolsas. “Ah, professora, viagem pela mochila?”, retrucou um aluno.

“A princípio, eles não entenderam bem a relação entre o meio ambiente e suas mochilas e ficaram desapontados. Mas a seqüência de atividades revelou que o trabalho era bem mais interessante do que se imaginava. A brincadeira foi a seguinte, relata a coordenadora pedagógica Valéria da Conceição Querido: “Todos retiraram o que tinham nas mochilas, mostraram um para o outro e escreveram ou desenharam os objetos que possuíam. Ao final, eles se divertiram muito ao ver o que saía das bolsas”.

“A partir daí, iniciamos uma discussão sobre higiene pessoal, porque muitos alunos fazem da sua mochila um depósito de coisas dispensáveis, esquecendo que o meio em que vivemos faz parte do meio ambiente, por isso ele deve estar sempre limpo e arrumado”, explicou a coordenadora Valéria Querido.

A partir dessa suposta viagem às mochilas, teve início o subprojeto Oswald Está no Ar, Para Conhecer e Preservar, desenvolvido com alunos da Educação Infantil à 4.ª série, tendo o meio ambiente como tema central. Segundo Valéria Querito, o objetivo do trabalho está inserido na proposta de despertar nas crianças o senso crítico, a fim de que elas entendam o seu papel de transformadoras do meio e tenham consciência de que tudo depende de suas ações.

A idéia da equipe pedagógica é sair do chavão de que Ecologia significa apenas salvar a Floresta Amazônica e levar um conceito de preservação mais amplo e concreto: “Se a criança aprende a olhar em torno dela e a cuidar do que está próximo e do que vê, essa idéia se amplia e ela vai olhar para o outro”, acredita a coordenadora. O feedback dos alunos foi imediato No dia seguinte, eles chegaram na aula com um outro olhar, reclamando da sujeira do bairro e dos municípios vizinhos. Esses questionamentos, segundo Valéria, são todos aproveitados pelo projeto e transformados em conhecimento e desafios.

Muita produtividade

A segunda etapa do projeto foi marcado por muita produção. A aula-passeio, que começou nas mochilas, se desmembrou numa volta em torno da escola. Numa segunda etapa, as professoras pediram que os pequenos prestassem atenção nos pátios, corredores e muros, que contassem as latas de refrigerante e os papéis encontrados pelo caminho e que observassem o número de latas de lixo no percurso. Depois, o material encontrado foi classificado em orgânico e inorgânico.

Essas informações anotadas foram levadas para sala de aula e serviram de material não só para discutir as condições do meio ambiente, mas também para trabalhar Matemática, Língua Portuguesa, Ciências naturais e sociais. A partir daí, os alunos leram livros que falam sobre a natureza como A Limpeza de Teresa e O Tamanduá, produziram textos, murais com sugestões de conservação da limpeza e de boa convivência, esculturas e livros – que são editados pelos professores e alunos e apresentados na Bieninha – versão escolar da Bienal do Livro.

Segundo a coordenadora, ano passado, durante a II Bieninha, professores e alunos editaram mais de 800 livros e, esse ano, Valéria pretende refazer a terceira edição do evento com o tema atual. A culminância do projeto será a apresentação da produção do bimestre aos pais e à comunidade. Durante esses encontros, os professores convidam os pais para participar produzindo algum tipo de obra de arte ou apresentando qualquer outra atividade artística.

Investir na formação dos educadores

A diretora da escola Vânia Machado explica que a meta da escola é oferecer uma educação de qualidade. Para isso, a equipe escolheu o enfoque da arte e da literatura para abordar qualquer disciplina ou assunto. Na busca pela excelência, a equipe definiu estratégias para trabalhar. Segundo Vânia, o trabalho com arte e poesia permite conhecer melhor a clientela.

“A arte revela o lado afetivo da criança, canaliza e extravasa emoções e revela talentos. Tudo aqui acaba em poesia. A escola faz jus ao seu nome. O nosso diferencial está na qualidade”, conclui a educadora.

Ciep Oswald de Andrade/ Parque Anchieta
Tel.: (21) 2455-648