
Através de histórias em quadrinhos alunos aprendem o Ciclo da Água
Por Jaciara Moreira
Nem sempre o melhor lugar para ensinar e aprender é a sala de aula. Em tempos em que se busca a melhoria da qualidade de ensino e a elevação dos índices de aprendizagem na Escola Pública, não faltam exemplos de experiências bem-sucedidas de propostas pedagógicas que utilizam espaços alternativos para passar aos alunos lições do dia-a-dia.
A coordenadora pedagógica da Creche Comunitária Lizete Maciel, localizada em Niterói , Iara Amaral Lomônaco, escolheu a praia para explicar o Ciclo da Água às turmas do 2.º e 3.º períodos. Inspirada no tema da Campanha da Fraternidade 2004 – Água Fonte da Vida – e em homenagem ao Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, a pedagoga criou um projeto para passar aos pequenos alunos noções de tratamento de água, cuidados com o meio ambiente e a trajetória da água, desde o rio até as torneiras das casas. O cenário escolhido foi a prainha de Itacoatiara, na Região Oceânica de Niterói . Com sucatas, Iara e as professoras montaram uma caixa de projeção através da qual foi exibido o teatrinho.
A História do Ciclo da Água
“Criamos uma espécie de história em quadrinhos, em que a personagem principal era uma gotinha d’água que narrava sua viagem do mar até a torneira de um tanque de roupas e depois a volta da torneira para o mar, mostrando, assim, o Ciclo da Água. Cada etapa desse ciclo representava uma cena do nosso teatrinho”, explica Iara.
Enquanto as professoras passavam as cenas do teatrinho, a coordenadora lia a história, elaborada em linguagem e vocabulário próprios para a faixa etária da platéia – de 4 a 6 anos: “Numa bela manhã, eu boiava tranqüila sobre as ondas do mar, sem ter a mínima idéia do que logo iria acontecer...De repente, puft! O sol brilhava tanto que me fez evaporar: subi para o céu transformada em vapor de água!” dizia um trecho.
“...Indo em frente com minhas companheiras, desci pela barragem. Uma a uma, saltávamos sobre as turbinas que produzem energia. Que orgulho! Graças a nós, toda a região teria eletricidade..”, mostrava outro trecho, fazendo referência à chegada da gotinha a uma Usina Hidroelétrica.
Assim, pouco a pouco, cena a cena, as professoras apresentaram todo o Ciclo da Água para os alunos. No total, 72 crianças participaram do passeio educativo. Para facilitar o processo de ensino-aprendizagem, os alunos foram divididos em três grupos e a saída foi realizada em três datas diferentes.
“Preferimos formar os grupos para que cada aluno pudesse tirar o maior proveito daquele dia especial, além do mais praia requer muito cuidado e não seria aconselhável levarmos muitas crianças juntas. Todos foram com a roupa de banho do uniforme para evitar serem confundidos com outros banhistas”, comenta Iara.
Além das informações sobre o ciclo da água, os professores aproveitaram a oportunidade para trabalhar com as crianças funções específicas da Educação Infantil como a linguagem, o esquema corporal, a orientação espacial e temporal, a lateralidade e a percepção. Para mostrar a diferença entre água doce e salgada, por exemplo, elas levaram amostra de água filtrada comum e temperada com sal e distribuíram provas entre as crianças, explicando que a água daquela praia em que eles estavam era tão salgada quanto a que eles provaram. Já a água comum (ou doce) era a utilizada pelas famílias.
“Muitos pais pensam que o filho vem à creche simplesmente para brincar. Mas não é bem assim, em cada brincadeira e em cada atividade, há uma proposta pedagógica, um objetivo a ser alcançado”, ressalta a pedagoga.
O projeto incluiu ainda atividades internas, produzidas nas salas de aula, como o recorte e a colagem de figuras alusivas ao tema (mar, rios, cachoeiras, torneiras, chuva etc.). No fim do mês, foi montado um mural na creche com os trabalhinhos produzidos.
Novas tarefas
Feliz com o resultado do projeto, a coordenadora pedagógica da creche preparou novos passeios. Um deles, também ligado ao meio ambiente, enfocará as matas e florestas. “No dia 5 de junho comemoramos o Dia do Meio Ambiente, então iremos aproveitar a data para fazer uma nova atividade externa para explicar o que é desmatamento, queimada e passar conceitos sobre preservação ambiental, plantio etc.”, antecipa Iara, acrescentando que ainda não escolheu o local para a nova expedição, mas já sabe que será uma das áreas verdes de Niterói.
A creche Lizete Maciel é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Niterói, a Associação de Moradores do Jacaré e um empresário da região. A unidade atende cerca de 120 crianças da comunidade e bairros vizinhos.
Creche Comunitária Lizete Maciel
Tel.: (21) 2608-2722
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Numa bela manhã, eu boiava tranqüila sobre as ondas do mar, sem ter a mínima idéia do que logo iria acontecer...
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De repente, puft! O sol brilhava tanto que me fez evaporar: subi para o céu transformada em vapor de água!
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Lá em cima, encontrei milhares de outras gotinhas evaporadas: irmãs, amigas, a turma toda! |
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Fazia frio e a gente foi se juntando até...
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...formar uma nuvem fofa redondinha. |
Quando a nuvem estava carregada de gotas d’água, plaft! |
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Despenquei com tudo ... |
...e fui cair bem na testa de um marreco. |
Do marreco para o chão foi um pulo só. |
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Aterrissei sobre um gramado verdinho e macio, junto a uma árvore enorme. |
Depois de curtir a sombra, comecei a afundar lentamente no solo. Atravessei camadas de terra, areia, pedras e... |
Surpresa! Encontrei água debaixo de tudo! Plim! Caí direto naquela deliciosa piscina...
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Era um rio subterrâneo. Seguindo suas águas, logo avistei o céu. Viva o ar livre!
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Estava agora bem na nascente de um pequeno riacho, que corria cada vez mais depressa. |
Ops! Caí numa cachoeira... |
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Mas o susto durou pouco. O riacho foi se acalmando e encontrando outros riachos. Juntos, formaram um rio tranqüilo... |
Já estava ficando cansada de nada acontecer, quando cheguei a uma represa. O que vivi em seguida foi emocionante! |
Indo em frente com minhas companheiras, desci pela barragem. Uma a uma, saltávamos sobre as turbinas que produzem energia. |
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Que orgulho! Graças a nós, toda a região teria eletricidade... |
Segui meu caminho, assim bem feliz, até uma estação de tratamento, uma espécie de casa de banho das águas.
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Lá passei por filtros. Fiquei limpíssima! E adeus micróbios! Nenhum sobreviveu aos produtos de beleza que me ofereceram. |
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Já pronta, fui aspirada para uma caixa d’água. Ela ficava num lugar alto, para facilitar a ida da água para a cidade. |
Não parei ali muito tempo: parti para uma longa viagem. Percorri quilômetros de canos, até que...plim! |
Saí por uma torneira e caí num tanque de lavar roupa. |
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Depois de quase virar espuma de sabão. |
Fui direto para o esgoto. |
Não gostei nada dessa parte do passeio. Foi duro ficar tanto tempo suja, no meio daquela água mais suja ainda. |
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Por sorte cheguei à outra estação de tratamento. Esta tão moderna. |
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Que conseguiram a proeza de me deixar limpa de novo... |
Fui, então, lançada num rio de águas puras. Aí, soltei-me na correnteza e cheguei à foz onde o rio encontra o mar. |
Que prazer... Durante muitos meses fiquei por ali mesmo, na maior, descansando de minha emocionante viagem... |
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FICHA TÉCNICA:
AUTORA DA HISTÓRIA: IARA LOMONACO (COORDENADORA PEDAGÓGICA E PSICOPEDAGOGA)
ILUSTRAÇÕES: MARCOS DINIZ
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Certa tarde, finalmente, o sol estava tão forte que evaporei. Achei bom, pois já sentia saudades do pessoal. |
No fundo eu sabia que este era o começo de uma nova aventura... e que, a qualquer momento, eu estaria de volta ao mar! |
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