Edição 38 - Xeque-Mate O Xadrez nas Escolas

Por Comte Bittencourt*

O Estado do Rio de Janeiro não pode abrir mão de sua vocação para a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico, sob pena de perder a posição de pioneiro e produtor de novas inteligências para o país. De que adianta sermos um Estado detentor do maior parque tecnológico do Brasil se ainda existem questões básicas a serem resolvidas como a democratização do acesso à educação básica e ao ensino.

Como deputado estadual, líder da bancada do PPS na Assembléia Legislativa, sempre tive como prioridade o debate político sobre as imensas carências no setor da ciência e da tecnologia do Rio. Tanto que me propus a presidir a Comissão de C&T da Assembléia, com o objetivo de buscar dinamizar o debate e buscar alternativas para o Estado.

Mantivemos uma discussão de alto nível com os diversos órgãos e entidades que compõem o quadro da C&T no Rio e os resultados, embora ainda tímidos, começam a surgir como esperança de um novo tempo. Um dos principais aspectos políticos de nossa proposta tinha como meta promover a inclusão digital no Estado como forma de diminuir a exclusão social e as grandes diferenças existentes entre os cidadãos das diferentes classes sociais.

Esta casa onde se faz as leis que regem a vida de todo o povo fluminense precisava abrir o debate sobre a utilização da tecnologia digital como processo a serviço da qualidade de vida dos cidadãos. Programas assistencialistas, adotados por alguns governos ao longo dos anos, não contribuem para que um estado possa promover a inclusão social. Como líder do PPS e Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, resolvi incluir recursos destinados exclusivamente para este fim no orçamento do governo estadual para 2004.

Uma destas emendas trata da inclusão digital nas escolas como forma de combater a exclusão social e frear o atraso tecnológico na rede estadual de ensino. Minha proposta foi a de aumentar de R$ l00 mil para R$ 15 milhões o montante dos recursos previstos pelo governo para a gestão do ensino na rede pública estadual, apesar de entender que mesmo este número ainda será insuficiente para atender a todas as demandas das escolas. Mesmo assim, acredito que os valores propostos nesta emenda ao orçamento poderiam equipar cada escola da rede estadual com hardwares e softwares suficientes para dar início a um trabalho mais consistente nesta área.

A idéia é que cada uma das 1.980 unidades escolares pudesse ter um computador com informações administrativas em rede. Uma das principais conclusões dos debates realizados no prédio da Alerj é a de que o governo aplica mal os recursos destinados ao desenvolvimento da tecnologia digital no Estado, a começar pela verba prevista no orçamento de 2004.

Para se ter uma idéia, existe o projeto da criação da Infovia que, uma vez adotado pelo governo, poderia interligar não somente a rede estadual de educação, como todos os órgãos públicos do Estado numa grande rede de computadores que em muito contribuiria para o progresso tecnológico do Estado. Estamos falando de um projeto de enorme alcance social e que poderia ser efetivado com recursos da ordem de cerca de R$ 55 milhões, uma parcela pequena do montante do orçamento total do Estado.

O governo ainda não foi sensível a estes apelos da comunidade científica e tecnológica do Estado, pois muito pouco foi mudado na proposta do orçamento para 2004. Nossa esperança é que, em 2004, possamos alcançar nosso objetivo que é tornar o Rio um Estado forte e com melhor qualidade de vida para todos os cidadãos que aqui vivem.

(*) Comte Bittencourt é Deputado Estadual, líder do PPS e Presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia.
E-mail.: comtebittencourt@alerj.rj.gov.br