
Atividade
realizada em sala de aula dispensa o uso de laboratório
Por Daniella Lapidus
Aproximar a Química
da realidade dos alunos, tornando mais atraente o aprendizado. Esta pode
ser uma fórmula interessante para acabar de vez com o tabu que elevou
a disciplina à categoria de vilã. Aliás, uma injustiça, se considerarmos
que aprender Química é muito mais do que decorar cálculos e fórmulas.
Para que a matéria caia nas graças do eleitorado, é preciso mostrar ao
estudante que ela está mais perto do nosso cotidiano do que se imagina,
seja no ar que respiramos, nos alimentos que ingerimos ou nos equipamentos
que manuseamos. E é na 8.ª Série do Ensino Fundamental que se inicia o
primeiro contato com este universo, etapa em que o programa é mais leve,
com abordagens mais simples, facilitando a assimilação de conceitos básicos.
Cabe, portanto, ao professor preparar o terreno para os conteúdos programáticos
que serão aprofundados no Ensino Médio.
Partindo dessa
premissa, o professor Emerson Valim do ABEU-Colégios, Unidade Nilópolis,
encontrou uma forma diferente de trabalhar alguns temas com a 8.ª Série,
como, por exemplo, o estudo de ácidos e bases. Buscando inspiração no
extrato de repolho roxo, o educador elaborou um concentrado caseiro capaz
de testar acidez e basicidade nas substâncias.
O preparado substitui os indicadores usados pelos químicos nos laboratórios,
evitando o contato com elementos tóxicos. E utilizá-lo na escola oferece
algumas vantagens: a primeira, como não poderia deixar de ser, é pedagógica,
pois facilita a construção do conhecimento; a segunda é ecológica, já
que não contamina o meio ambiente ao ser descartado; a última é econômica,
uma vez que o teste pode ser feito em escolas que não dispõem de laboratório
de ciências.
Segundo Emerson, o aluno precisa experimentar para aprender. Afinal, conhecendo
os compostos químicos, o estudante será mais criterioso na escolha dos
produtos consumidos em sua própria casa e, conseqüentemente, isso trará
melhor qualidade de vida para ele.
Reunidos em grupos,
os jovens analisaram, separadamente, pequenas amostras de sabão em pó,
vinagre, detergente, água sanitária, refrigerante, abacaxi, entre outros
itens, adicionando a cada um água e gotas do extrato de repolho roxo.
Esta solução muda de cor conforme a acidez ou basicidade da substância
testada. A tabela de coloração vai desde o vermelho, que indica muita
acidez, até o verde-amarelado, que sugere uma base forte. No caso do vinagre,
por exemplo, a solução adquiriu tom rosado, revelando acidez moderada.
Já o líquido com o sabão em pó ficou verde, uma constatação de que o produto
é uma base fraca, muito empregada pela indústria para dissolver gorduras
e eliminar sujeira.
Já deu para
notar o caráter interdisciplinar de uma experiência como esta. Afinal,
sem querer, o aluno abre a despensa de casa e começa a ver química por
todos os lados - prova de que a Ciência está afinada com outras áreas
do conhecimento como a Saúde Pública e Ambiental, sem esquecer da Economia
Doméstica."
O experimento também serviu de alerta para os estudantes. Ernesto de Lacerda,
13 anos, vai aconselhar a mãe a proteger as mãos com luvas na hora de
usar o detergente. Já Diego Silva, 16 anos, afirmou que, da próxima em
vez que for ao supermercado para sua mãe, vai evitar produtos com fórmulas
muito fortes. E não faltaram alunos interessados em abraçar a carreira.
Lorena Alves já decidiu: quer cursar Química na universidade.
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A
iniciativa do professor Emerson Valim faz parte da proposta pedagógica
do Colégio. Segundo Valéria Teixeira Cunha de Carvalho, coordenadora
do 2.º segmento do Ensino Fundamental, a instituição valoriza o conteúdo
sem esquecer de preparar o jovem para a vida. "Nosso objetivo maior
é instrumentalizar o aluno. É na prática que ele vivencia e aprende
com mais facilidade", disse a coordenadora, fazendo referência à dinâmica
proposta pelo professor de Química.
Emerson foi elogiado pela Direção por conta das estratégias apresentadas
durante suas aulas para motivar os estudantes. "Valorizar o profissional,
oferecendo a ele oportunidade de crescimento, é um dos pontos altos
do colégio", destaca Valéria.
Aplausos à
parte, só o docente sabe o quanto é difícil aprimorar seu desenvolvimento
diante do corre-corre da vida moderna. Para ser criativo, é preciso
disposição. O profissional pode lançar mão, por exemplo, de fontes de
pesquisa para tornar o conteúdo mais atrativo, encontrando idéias que
ajudem no planejamento da aula. "A mídia hoje é uma forte aliada do
professor de Química, graças ao crescente número de publicações especializadas
em matérias científicas", afirma o educador, ressaltando a importância
de o professor buscar ferramentas para recriar a química em sala de
aula.
ABEU-Colégios - Unidade Nilópolis
Tel.: (21) 2691-3334
Como preparar o extrato de repolho roxo
Você
vai precisar de:
-
Três folhas de repolho roxo
- Uma
panela pequena
- Uma
peneira pequena
- Um
copo com água
- Um
conta-gotas
Coloque
numa panela as folhas de repolho roxo cortadas em pedaços
bem pequenos. Adicione a água na panela e leve ao fogo,
deixando-a ferver por alguns segundos. Retire a panela do fogo
e deixe esfriar. Coe o líquido fervido com a ajuda de uma
peneira e despeje num vidro. Este extrato pode ser conservado
por muito tempo na geladeira.
Experimentando
Separe
alguns produtos como sabonete, água boricada, detergente,
vinagre, sal de cozinha, bicarbonato de sódio, suco de
limão, abacaxi, desinfetante e refrigerante. Coloque uma
amostra de cada substância num copinho separadamente e acrescente
água até a metade. Pingue, em cada copo, algumas
gotas do extrato de repolho roxo. Observe as variações
de cores e compare-as à tabela abaixo:
COR |
CARÁTER
DA SOLUÇÃO |
VERMELHA |
ÁCIDA
FORTE |
ROSADA |
ÁCIDA
MODERADA |
ROXA |
ÁCIDA
FRACA |
AZUL |
NEUTRA |
VERDE |
BASE
FRACA |
VERDE-AMARELADA |
BASE
FORTE |
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