Jogos e desafios facilitam o aprendizado

Por Daniela Lapidus

Torcida organizada com direito a gritos e palavras de ordem, muita animação e dois times defendendo suas cores. Parece cena típica de qualquer quadra de esportes, mas nem bola rola nesta competição. Trata-se de uma verdadeira olimpíada só que de... Matemática. A idéia partiu de Ilma Clécia Alexandre Bicalho, professora das turmas de 5.ª e 6.ª séries do Ensino Fundamental do Colégio Itapuca, em Niterói, quando ela percebeu o interesse dos alunos em participar de um evento desta natureza. Assim que as inscrições começaram, os mais entrosados com a disciplina reservaram seu lugar convencendo aqueles que torciam o nariz para os números. Resultado: 130 inscritos para surpresa da professora."Eu digo aos alunos que a Matemática não é um bicho-de-sete-cabeças. Eu procuro inseri-la no dia-a-dia deles para que ela se torne mais agradável", afirma Ilma, que encontrou, na olimpíada, uma forma lúdica de estimular o raciocínio.

A intenção do trabalho era fazer o jovem usar a inteligência. Para alcançar este objetivo, as tarefas foram elaboradas de modo a instigar o uso do pensamento lógico. Nada de resolver equações ou problemas com muitos cálculos. A finalidade era lançar desafios fazendo o aluno perceber que Matemática também se aprende brincando. A professora realizou a atividade com as turmas de 6.ª série divididas em duas equipes, cada uma defendendo a cor de uma bandeira: branca e azul.

Num cavalete, as questões eram afixadas e cada equipe destacava um grupo de quatro alunos por vez para respondê-las. Como todo jogo tem regras, ficou decidido que haveria um revezamento entre os estudantes a fim de que todos tivessem a oportunidade de participar. O mesmo aconteceu depois do recreio com as turmas de 5.ª série.

Para começar, uma brincadeira que todo mundo gosta: a forca. Sem perder o vínculo com a matéria, a professora utilizou palavras do vocabulário matemático como álgebra e sêxtuplo. Depois, complicou para descomplicar. Por exemplo, quem saberia responder o que acontece a uma moça depois dos quinze anos? Espere aí, isso é Matemática? É puro raciocínio porque a única coisa lógica que pode acontecer depois que ela completar seus quinze anos é fazer 16! Imagine a quantidade de respostas inusitadas que surgiram entre os adolescentes! Não faltaram também atividades que exigiam noções de perspectiva, e a Geometria, por sua vez, forneceu elementos interessantes na formação do pensamento. Entre uma e outra novidade, alguns exercícios para colocar o cálculo em dia, como, por exemplo, descobrir quantos tijolos faltavam na parede de uma fortaleza atingida por um canhão ou, ainda, contar os possíveis nós que se formarão depois de se esticar uma corda enrolada.

A Olimpíada terminou em clima de confraternização geral com direito ao refrão que os jovens criaram para homenagear a professora, chamada carinhosamente de "poderosa". A aluna Luiza Siqueira Martins, da 5.ª Série, disse que se divertiu muito. Lucas Rangel, da mesma turma, concluiu que brincando também se aprende. Já Antônio Augusto da Silva Araújo, da 6.ª Série, classificou o evento como uma alternativa para quem não participa das olimpíadas esportivas realizadas na mesma semana pela escola. O objetivo da professora foi alcançado, como podemos observar em opiniões como a de Carolina, aluna da 6.ª série: "Ela incentiva a gente a aprender Matemática." A professora Ilma confirma o sucesso da empreitada: "Provamos que não existem alunos bons e ruins. O que existe é o raciocínio", finalizou.

Atividade reforça as relações interpessoais


No evento em que a Matemática era a estrela do espetáculo, outras disciplinas também tiveram seu momento de fama diante da multiplicidade de interesses que se configuram numa atividade como esta. Palavras cruzadas, caça-palavras e outras brincadeiras remetem às aulas de Língua Portuguesa, sem falar na contribuição desta matéria para grande parte das questões que envolvem leitura e interpretação. Saber interpretar o enunciado é o ponto de partida para se chegar a uma conclusão do que está sendo solicitado. Outra característica deste trabalho é a sua capacidade de agregar questões mais subjetivas como a socialização, transcendendo as expectativas de uma competição tradicional cuja finalidade maior é conhecer o time vitorioso.

A Olimpíada de Matemática pode ser uma forte aliada no processo de integração quando trabalha valores como respeito, solidariedade e espírito de equipe. Segundo a orientadora educacional do Ensino Fundamental da escola, Maria Luiza Righi, mesmo quando era preciso se ausentar para beber água, os alunos voltavam rapidamente, numa demonstração de fidelidade à torcida. Para ela, a experiência contribuiu para fortalecer conceitos como liberdade e responsabilidade: "Se eles aprendem a ter compromisso com sua equipe, estão dando um grande passo na construção de sua cidadania", conclui.

Colégio Itapuca IV
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