Pedro Demo nasceu em Pedras Grandes, Santa Catarina, em 1941, onde fez a escola primária. Com nove anos entrou no Seminário dos Franciscanos, em Rodeio/SC, e depois em Rio Negro/PR, para, em seguida, cursar até o Segundo Grau em Agudos/SP. Em 1963, graduou-se em Filosofia pela Faculdade dos Franciscanos, em Curitiba. Fez três anos de Teologia em Petrópolis e estudou Música, de 1964 a1966. De 1967 a 1971, fez o curso de Doutorado em Sociologia, na Alemanha. Sua tese recebeu a nota máxima, foi premiada e publicada, em alemão, em 1973, pela Editora Anton Hain. Cursou o Pós-doutorado na Universität Erlangen-Nürnberg (Alemanha) e na University of California at Los Angeles (UCLA). Atualmente, é professor titular da Universidade de Brasília, onde atua desde 1982.

Defensor da educação reconstrutiva, Pedro Demo assegura que o "nível educacional se atinge quando aparece um sujeito capaz de propor, de questionar". Para despertar esse espírito na criança, ele receita muita pesquisa e incentivo à elaboração própria de cada aluno. Nesse cenário, a aula tem papel coadjuvante. Indispensáveis mesmo, só a orientação e o acompanhamento atento do professor.

Pedro Demo é categórico ao afirmar que não há educação em ir para a escola, assistir a aulas, ser avaliado e tomar notas no final do bimestre. A isso ele chama ora de instrução, ora de transmissão de conhecimento. Pior: para instruir, os professores seriam dispensáveis. A eletrônica cumpriria esse papel sem maiores problemas.

Fundamentos da Aprendizagem Reconstrutiva

A terminologia "construção do conhecimento" é mais conhecida por conta da teoria de Piaget, que leva o nome de "construtivismo". No entanto, ela não é adotada aqui para não insinuar que a aprendizagem reconstrutiva só poderia ser feita através das idéias de Piaget e, também, para não reforçar uma certa tendência excessivamente rigorosa ou menos hermenêutica, a saber: normalmente reconstruímos conhecimento, porque partimos do que já conhecemos, aprendemos do que já está disponível na cultura. A construção do conhecimento também pode ocorrer, mas é um passo de originalidade acentuada, dificilmente aplicável ao dia-a-dia.

Entende-se por aprendizagem reconstrutiva aquela marcada pela relação de sujeitos e que tem como fulcro principal o desafio de aprender, mais do que de ensinar, com a presença do professor na condição de orientador "maiêutico". Este tipo de aprendizagem tem como contexto central a formação da competência humana, de cunho político, certamente instrumentada tecnicamente, mas efetivada pela idéia central de formar sujeitos capazes de história própria, individual e coletiva. Assim, quando se aproxima este tipo de aprendizagem do saber pensar e do aprender a aprender, a diferença substancial frente às idéias "escolanovistas" ou da assim chamada "qualidade total" está no fato de o propósito ético-político se constituir na razão de ser do processo, permanecendo o manejo do conhecimento e a referência ao mercado como meio. Ou seja, a qualidade política prevalece sobre a qualidade formal, ainda que uma não substitua nem se desfaça na outra. Ao mesmo tempo, a presença do professor é considerada componente intrínseco da aprendizagem, por ser esta uma habilidade humana e social, não eletrônica ou apenas técnica.

Por outro lado, o desafio da aprendizagem reconstrutiva se alimenta igualmente de certas linhas de pensamento do conhecimento pós-moderno, sobretudo frente à problemática da incerteza, da complexidade do real e da interdisciplinaridade. Essas teorias reforçam a aprendizagem como processo de formação da competência humana política, mais do que apenas o substrato técnico-instrumental. São menos teorias de como ensinar, do que de como aprender. Chama muito a atenção a convergência formidável das várias teorias, sobretudo daquelas com origem fora das ditas ciências sociais e humanas, além de sua tendência interdisciplinar.

"A criança é um grande pesquisador."

"Se a criança é levada a buscar seu material, a fazer sua elaboração, a se expressar argumentando, a buscar fundamentar o que diz, a fazer uma crítica ao que vê e lê, ela vai amanhecendo como sujeito capaz de uma proposta própria."

Fonte: www.senac.br