Este texto teve sua origem na necessidade de responder a duas perguntas:
qual a razão e a finalidade de o professor planejar suas aulas? O lugar
que pertence ao aluno e ao professor, o papel que cada um vai desempenhar
na sala de aula está relacionado ao entendimento de como ocorre a aprendizagem
por parte do aluno. Se concebida numa perspectiva teórica construtivista,
a aprendizagem é compreendida como um resultado do esforço de atribuir
e encontrar significados para o mundo. Esse esforço exige construir e
revisar hipóteses sobre o objeto do conhecimento. Na escola, o aluno compara,
revisa e constrói esquemas de conhecimentos sobre os conteúdos escolares. |
Considerando
o que foi dito, é possível afirmar que o professor tem um papel ativo
no processo de aprendizagem do aluno. Planejar intervenções é competência
do professor. Intervenções adequadas são aquelas que permitem ao aluno
fazer muitas relações.
Ao definir e articular conteúdos, objetivos e a forma de ensino que põe o aluno em relação com o conhecimento, o professor está organizando suas intervenções e planejando suas aulas. É necessário escrevê-las, para que as decisões sirvam de guia para a ação em sala. Para adotar uma forma de provocar a relação do aluno com a informação e com o conteúdo, de modo que ele possa transformá-lo em conhecimento, o professor precisa estar ciente de que a organização do ensino é delineada com base no conhecimento do nível de desenvolvimento do aluno e em seus conhecimentos prévios, no contexto em que atua, nos objetivos pretendidos, na natureza do conteúdo e em suas concepções de educação, de homem, de sociedade, de como o aluno pensa e aprende. A forma de intervir basear-se-á em propostas, situações, atividades, conversas, argumentações, tarefas, jogos etc. que exigirão do aluno, entre outras coisas, a proposição de hipóteses, a resolução de problemas, a análise de acontecimentos, fatos, fenômenos, a classificação, ordenação, a leitura, a escrita, a interpretação, o estabelecimento de relações etc. Essas ações estão implícitas nas propostas do professor, de tal modo que é o aluno quem estrutura a solução mediante sua atividade física e mental. O adequado é organizar uma seqüência de ações, situações e atividades que serão desenvolvidas durante os encontros com os alunos, porque o processo de estabelecimento de relações para elaborar conhecimento é organizado, contínuo e dinâmico, como uma espiral. Se o objetivo é que o aluno aprenda, planejar aulas é um compromisso com a qualidade das intervenções realizadas em sala de aula. Célia Maria Guimarães, mestre e doutora em Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), é professora do Dept.º de Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da mesma universidade. Ministra aulas no curso de Pedagogia, na habilitação para o magistério em Educação Infantil, no curso de pós-graduação “Formação de Professores”, em nível de mestrado, e coordena o curso de pós-graduação (lato sensu) “Formação de Recursos Humanos para a Educação Infantil”. OBS.: Matéria Cedida pela revista Páginas Abertas. |