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Ser verdadeiro - Isto é, possuir um lastro de idoneidade, uma correção científica, uma hipótese aceitável ou uma qualidade atribuída pela unanimidade. Ainda que a verdade mude com os tempos e o que é verdadeiro agora não o era necessariamente há décadas atrás, ainda assim, considerando sua contextualização espacial e temporal, é essencial que o conhecimento bom seja diferenciado do conhecimento mítico, da crendice ou tolice que se afirma verdadeira por esconder interesses ilusionistas; Ser crítico - Ser constituído de uma matéria-prima que se distancie do conformismo e imediatismo, mas que se insurja como forma desafiadora de pensamento, que clama pela coerência e serve de ferramenta para questionar generalizações ou afirmações minimalistas. Nenhum conhecimento escolar pode distanciar-se da criticidade e da busca de lógica, se esta parece lhe faltar ou de seu questionamento, caso sua lógica pareça indiscutível; Ser significativo - Que possa permitir a todo aluno a contextualização à realidade de seu corpo, suas emoções e seu entorno. Que possa ser aplicado ou transferido para outras situações, recriando-se ao sabor da realidade na qual se vive e se busca conviver. Não é mal que se aprenda o ontem, desde que sirva para o agora, não existe crítica em se saber o distante, mas não por apenas se saber, mas, para desse saber, fazer a vida ilustrar-se no cotidiano. Ser globalizante - Globalizante no sentido de não ser restrito a limites provincianos, a estender-se a relações da biosfera, mostrar-se, dessa forma, capaz de incorporar o apreendente a uma visão de mundo que o transforme em pessoa de seu tempo, percebendo, sentindo e acompanhando outros lugares a partir de seu lugar. E finalmente: Ser sistêmico - Dessa maneira, distanciar-se de uma visão unilateral, prisioneira de limites pontuais e estreitos e assim se insurgir como uma vontade de ver o todo nas partes, o integral no parcial. Um conhecimento sistêmico é um "conhecimento de corpo inteiro" que integra o ontem no agora, o particular no geral. Tal como uma folha viva, pode ser fragmento, mas integra e simboliza uma árvore inteira. Reunindo todos esses atributos, esse conhecimento será bom, sobretudo se guardar respeito a interdisciplinaridade e dessa forma, conquistado através desta ou daquela disciplina, possa integrar o ecossistema da cultura e o universo do tempo em que se vive. Assim, pois, uma aula de uma disciplina qualquer pode tratar qualquer informação, dela fazendo um mau ou imperfeito conhecimento ou, através do mesmo, buscando pelo que se ensina atribuir insubstituível dignidade à aula. Celso Antunes é escritor, pesquisador, especialista na área de Inteligência e Cognição e autor de vários títulos na área da Educação. Contato com o autor: cantunes@santana.br |