Feira interdisciplinar discute aspectos da realidade social do país

Em um país de tantos contrastes sociais, a fome é um tema sempre presente em todos os debates que se propõem a encontrar soluções para o problema. Os alunos da Educação Infantil ao segundo segmento do Ensino Fundamental do Centro Educacional Saviani, localizado no bairro Almerinda, em São Gonçalo, abordaram a realidade nua e crua da fome durante a IV Finterc - Feira Interdisciplinar de Ciências. A Feira discutiu desde a necessidade orgânica de nos alimentarmos até os aspectos da fome social, da busca de oportunidades iguais para todos. Os estudantes trabalharam a parte técnica e crítica do problema, focaram o desperdício de alimentos, a miséria e o antagonismo com a imensa área produtiva.

As turmas da 1.ª Série do Ensino Fundamental trabalharam a questão do não- desperdício dos alimentos. A professora Iara Teles abordou o reaproveitamento de cascas de banana, cenoura e abacaxi como fonte de vitaminas. Os alunos apresentaram trabalhos que incentivam as pessoas a evitar o desperdício, aproveitando os nutrientes de frutas e legumes que normalmente são considerados lixo. A 2.ª Série levantou o papel nutritivo dos alimentos, descrevendo a pirâmide alimentar: os estudantes destacaram os alimentos construtores, os reguladores e os energéticos, que contêm açúcares, proteínas e vitaminas.

Já a 3.ª Série abordou a alimentação indígena, apresentando propostas de medicina alternativa através de alimentos naturais. "Reconstituímos, em sala de aula, o habitat indígena, retratando a caça, a pesca, a coleta de frutos e as ervas medicinais. Falamos sobre alguns chás que são principais fontes de cura e que hoje utilizamos na nossa mesa também", conta a professora Marta Andrade. Os alunos trouxeram verduras e cereais, confeccionaram miniaturas de animais, utilizando argila, e, para decorar o cenário, ainda cataram folhas de bananeiras e coqueiros.

Com a 4.ª Série ficou a responsabilidade de tratar, de uma forma crítica e reflexiva, a indústria da fome. Numa exposição de artigos e fotografias, os alunos abordaram as ações de solidariedade e o lado político-econômico do problema, estimulando o visitante a pensar sobre o assunto. "A idéia foi despertar a consciência dos estudantes para o mundo que está à sua volta. Aproveitamos também para colocar em pauta a declaração dos direitos universais do homem e os contrastes entre o que está no papel e o que é colocado em prática", define a professora Márcia.

 Para a coordenadora Saionara Teles Menezes, a mostra permitiu aos alunos refletir sobre a realidade em que vivem. "Um dos objetivos da feira é aprofundar a reflexão sobre a classe dos desfavorecidos, tanto do bolso quanto do estômago. A indústria da fome e da miséria é o modo perverso de dividir o mundo em dois, construindo um grande Apartheid. O Brasil possui um dos maiores PIBs (Produto Interno Bruto) do mundo e, em contrapartida, um índice de pobreza espantoso", afirma.

Os alunos criaram o túnel da fome, um corredor escuro que os visitantes percorrem e se chocam ao ver imagens que batem forte na consciência de todos nós. "Assim como, num parque de diversões, nos assustamos no trem fantasma, o túnel da fome nos apresenta os fantasmas reais", completa a coordenadora.

No segundo segmento do Ensino Fundamental, os alunos da 6.ª série puseram em debate a pouca utilização das áreas produtivas do país. Na área de Ciências, os estudantes trataram a complexidade do aparelho digestivo de uma forma lúdica. Eles criaram jogos de perguntas e respostas, além de simular a montagem do corpo humano. As turmas de 7.ª e 8.ª séries apresentaram estudos sobre a fome nos continentes. Eles expuseram dados estatísticos dos centros urbanos e rurais no Brasil, enfatizando o projeto Fome Zero, do Governo Federal. O ponto culminante foi a apresentação teatral abordando o êxodo da população residente nas regiões semi-áridas, que sai em busca de trabalho nas grandes cidades.

A IV Finterc também abriu espaço para a comunidade do bairro, que teve acesso à prestação de serviços sociais, como aplicação de flúor e teste de glicose.

Para a diretora da Escola, Elvira Márcia dos Santos Faria, a Feira Interdisciplinar atingiu em cheio os seus objetivos ao inserir o aluno no contexto sociocultural do país, levando-o a participar ativamente da gestão do seu conhecimento. "O nosso intuito foi o de mostrar aos nossos alunos, os adultos de amanhã, que esta questão sociopolítica pode ser resolvida. Depende de todos nós a mudança dessa realidade, fazendo do Brasil um celeiro de alimentos para todos, saciando não apenas a fome do estômago como também a fome social", define.

Educação Infantil


A Educação Infantil apresentou uma atividade paralela: a Feira de Criatividade, com apresentações teatrais.

Para Claudia Mota de Araújo, coordenadora da Educação Infantil, as peças teatrais ajudam a desenvolver as potencialidades das crianças. "Este tipo de atividade ajuda a desenvolver a expressão corporal e a autonomia, estimulando a percepção, a imaginação, e a sua sensibilidade", explica. As crianças, na faixa de dois a seis anos, apresentaram quatro peças: A Linda Rosa Juvenil (Maternal e Jardim I); Emília na Casa dos Brinquedos (Jardim II); A Doença da Terra (Jardim III); O Poder das Vitaminas (Classe de Alfabetização).

Centro Educacional Saviani
Tel.: (21) 3606-2950