Edição 35 - A Gente Não Quer Só Comida

“Muito freqüente entre mulheres, os problemas referentes à tireóide, glândula que controla o metabolismo do corpo, podem ser bastante graves, podendo, inclusive, evoluir para um câncer”.

O que é Tireóide?

Conforme explica o médico endocrinologista Dr. Guilherme R. G. Silva, de Porto Alegre, tireóide ou tiróide é o nome de uma pequena glândula com “formato de borboleta” que se localiza na região anterior do pescoço, logo abaixo do, popularmente conhecido, “pomo de Adão”. Essa glândula possui um importante papel no controle do metabolismo do organismo. Numa linguagem bastante simples, pode-se dizer que os hormônios tireóideos dizem ao corpo quão rápido trabalhar e como usar a energia.

Ao estabelecer uma comparação para facilitar a compreensão dos mecanismos de funcionamento, o Dr. Guilherme diz: “A glândula tireóide trabalha como um ar-condicionado. Se há suficiente hormônio tireóideo no sangue, a glândula pára de produzir hormônio (como um aparelho de ar condicionado se desliga quando o ar da sala está suficientemente frio). Quando o corpo necessita de mais hormônio da tireóide, a glândula recomeça produzindo-o novamente”.

Tireoidite

A inflamação da glândula tireóide é a mais comum causa de hipotireoidismo. Segundo o endocrinologista Doutor Guilherme, quando pacientes com tireoidite apresentam alguns sintomas, estes são, usualmente, os mesmos sintomas do hipotireoidismo. Também é comum apresentarem uma tireóide aumentada de tamanho que pode retrair com o tempo. A forma mais freqüente de tireoidite, advertem os médicos, é a Tireoidite de Hashimoto, uma doença indolor do sistema imunológico e que ocorre em famílias inteiras. A Tireoidite de Hashimoto afeta cerca de 5% da população adulta, aumentando sua incidência nas mulheres proporcionalmente ao aumento de sua idade.

Outra forma de tireoidite afeta mulheres que tiveram filhos recentemente. É a chamada tireoidite pós-parto, que ocorre em 5-9% das mulheres logo após darem à luz. Especialistas destacam que a doença se trata de uma condição temporária. Além dessas, sabe-se que infecções virais e bacterianas também causam tireoidites.

Bócio

O bócio trata-se de um aumento anormal de tamanho na região anterior do pescoço causado por uma tireóide aumentada. Este problema ocorre em, pelo menos, 5% da população em todo o mundo. A causa mais comum é a falta de iodo, componente químico que a tireóide usa para produzir hormônios. Novamente, na opinião de especialistas da área, aproximadamente cem milhões de pessoas não têm iodo suficiente na sua dieta.

Esse problema, no entanto, tem sido resolvido pela adição de iodo ao sal de cozinha. Todavia, mesmo com a quantidade adequada de iodo, a glândula tireóide pode aumentar de tamanho, criando um bócio. Isso pode ocorrer em várias doenças da tireóide, como hipertireoidismo, hipotireoidismo, tireoidites e câncer de tireóide. Os médicos alertam para o fato de alguns bócios se desenvolverem com níveis hormonais normais e não requererem tratamento.

Câncer

O câncer de tireóide é mais comum em pacientes que sofreram algum tipo de radiação para a cabeça ou pescoço. Um nódulo de tireóide pode tornar a voz rouca ou pode fazer a respiração ou a deglutição tornarem-se dificultosas. Todavia, ele usualmente não produz sintomas e é descoberto acidentalmente pela própria pessoa, através de auto-exames, ou pelo médico, em exames de rotina.

Como em qualquer enfermidade, é importante que as pessoas fiquem atentas para os sinais iniciais apresentados pelas doenças de tireóide. Entretanto, apenas os médicos podem firmar o diagnóstico de uma doença dessas. Os especialistas podem medir a quantidade de hormônio no sangue e determinar a estrutura e função da glândula. Caso um nódulo seja encontrado, será testado para que se verifique se ele é canceroso.

Em relação ao diagnóstico dos cânceres de tireóide, os radiologistas cariocas afirmam que a maioria dos pacientes apresenta queixas de nódulos, geralmente achados no auto-exame, e que a ultra-sonografia é o melhor método para determinar o número, tamanho e conteúdo dos nódulos tireoideanos.

Hipertireoidismo

O organismo fica “acelerado”, em função do excesso de hormônio tireóideo no sangue. Esses casos são, aproximadamente, dez vezes mais freqüentes nas mulheres, afetando cerca de 2% delas no mundo inteiro. A doença de Graves, manifestação bastante comum da doença, é causada por problemas do sistema imunológico, com maior prevalência em famílias que já apresentaram casos. Nos Estados Unidos, a doença atinge, aproximadamente, 2,5 milhões de mulheres.

São sintomas comuns do hipertireoidismo: o aumento da freqüência cardíaca, nervosismo, irritabilidade, fraqueza muscular, sudorese, perda de peso, tremores, mudanças na pele, diminuição do fluxo menstrual, bócio, queda de cabelos e intolerância ao calor. Convém destacar que os sintomas não ocorrem simultaneamente e que devem ser diagnosticados por especialistas.

Hipotireoidismo

O hipotireoidismo faz com que o organismo trabalhe devagar. Isso ocorre quando há quantidade insuficiente de hormônio tireóideo no sangue. Os sintomas mais comuns são: batimento cardíaco lento, apatia, sonolência, falta de memória, raciocínio lento, dificuldade de concentração, cansaço físico e mental, fraqueza muscular, ganho de peso, voz grave e rouca, queda de cabelo, pele seca, unhas enfraquecidas e maior sensibilidade ao frio.

Tratamento

De acordo com especialistas em endocrinologia, existem inúmeros tipos de tratamentos: o Iodo Radioativo é usado para diminuir uma glândula tireóide que se tornou aumentada ou é produtora de hormônio em demasia. Ele pode ser usado em pacientes com hipertireoidismo, bócio ou em alguns casos de câncer.

Já a cirurgia é usada, habitualmente, para remover cânceres e, também, para remover bócios de proporções grandes. A utilização de hormônio tireóideo (em comprimidos) é comum para o hipotireoidismo, para pacientes com bócio e para aqueles que sofreram cirurgia da tireóide. Nestes casos, a ação dos remédios fornece ao corpo a quantidade certa de hormônio tireóideo.

Fonte: http://boasaude.uol.com.br