Edição 35 - A Gente Não Quer Só Comida


"O ensino on-line pode inicialmente ser muito assustador para o professor acostumado a dar aulas à maneira tradicional, face a face. Mas ele também pode ser muito gratificante quando o mestre percebe que conseguiu estabelecer uma intensa rede de relacionamentos, e todos os aprendizes estão envolvidos no ensino."

Existem várias mudanças no ofício do professor. Algumas são difíceis de serem percebidas – envolvem mudanças nos desejos dos alunos, no conteúdo das matérias, na forma de ensinar. Outras mudanças estão em nossa cara, alteram a forma de dar aula.

Outras alterações são mais visíveis, como o crescimento do ensino on-line. Cada vez mais ele se apresenta como uma grande oportunidade de trabalho e reconhecimento para o professor. Porém, como toda nova tecnologia, ela traz mais dúvidas do que acertos.

É o que Victor Mirshawka e Victor Mirshawka Júnior mostram em seu livro O Boom na Educação – O Aprendizado On-line, ou seja, como o professor pode entrar nessa área sem cometer erros e ganhando o máximo em exposição e oportunidades de trabalho.

Tipos de cursos:

Existem quatro tipos de cursos a distância por computador que podem ser ministrados:

1- Centrado no professor – É o mestre que organiza o curso, o conteúdo e as atividades de aprendizado. Esse enfoque pode ser útil quando existe uma quantidade específica de conteúdo que interessa aos estudantes sobre o qual sua influência é praticamente nula. Em um ambiente on-line, isto é obtido freqüentemente através de páginas feitas com muito conteúdo e ferramentas particulares de avaliação, como testes e exercícios.

2- Centrado no aluno – Aqui, cabe ao professor a responsabilidade de fornecer a estrutura do curso, mas deve dotá-lo de grande flexibilidade e capacidade de negociação. Aqui entram as salas de bate-papo, e-mail e outras formas de comunicação de alunos entre si e com o professor.

O educador torna-se membro do grupo, com função de dissecar informações e abrir caminho para o diálogo e exercícios.

3- Centrados em uma comunidade de aprendizado – Reconhecem e enfatizam a importância da sociedade. Apesar de serem on-line, há a preocupação em deixar os alunos trabalharem em conjunto, integrando suas experiências de vida. Exercícios em grupo feitos entre pessoas que não se vêem pode ser um pouco complicado e demorar mais para dar resultado, mas vale a pena.

4- Orientado pela tecnologia – É uma das escolhas mais comuns, ou seja, primeiro o curso virtual consegue um programa e um sistema de computador, depois vê o que aquela tecnologia permite que seja feito em sala de aula. Não é a opção mais perfeita do mundo, pois cerceia os desejos do professor; entretanto, muitas vezes, é a que demanda menos investimentos e que pode ser implantada mais rapidamente.


Restrições – Existem certas restrições que podem surgir enquanto se cria um curso on-line :

Medo da tecnologia – Algumas pessoas adaptam-se facilmente às novidades, outras (tanto professores e alunos) resistem. Por isso, procure simplificar ao máximo o visual e a operação de seu curso.

  • Diferentes níveis de aptidão tecnológica – Algumas pessoas aprendem mais rápido do que outras.
  • Acesso ao computador e à Internet – Essa é, talvez, a grande barreira à popularização dos cursos on-line. Assegure-se de que seu público-alvo tem acesso à rede.
  • Fusos horários – Dependendo do curso que você criar, terá alunos do Acre e do Rio Grande do Sul, ou seja, que pertencem a Estados com diferentes faixas de horários. Deixe claro a hora em que se iniciará seu curso.

    Equipe – Uma vez decidido o foco que será dado ao ensino via Internet e qual material será usado, é hora de montar a equipe. Não basta haver o professor e o aluno. Em volta de um computador gravitam outras profissões, como:

  • Webdesigner – Responsável pelo visual da sua página. Todo conteúdo deve ser facilmente encontrado e utilizado.
  • Webmaster – A grosso modo, é o responsável pelo bom funcionamento do site. Pode ter ajudantes que garantam a segurança dos dados, a disponibilidade do sistema etc.

    É importante cercar-se desses competentes profissionais, pois a Internet tem um ritmo e dificuldades próprias. No mundo real, pouco importa se você chega na escola de carro, ônibus ou a pé. Na Internet, dois computadores diferentes já causam diferenças e problemas.


Avaliação – Da mesma forma, a avaliação do aluno on-line sofre alterações. Veja alguns exemplos:

  • Testes e questionários – Podem ser colocados em sua página da Internet ou serem enviados aos alunos via e-mail ou pelo correio normal.

  • Elaboração de composições ou ensaios curtos – É mais adequado para fazer com que os alunos aprendam e reflitam sobre a matéria, por ser superior aos questionários de “certo/errado”.

  • Uso de portfólios – O portfólio é uma compilação de dados desenvolvidos pelo aprendiz nos quais ele demonstra o que sabe e pode fazer.

    Evidencia o esforço que o aprendiz fez para estudar, seus avanços e evolução. Um portfólio pode conter ensaios, dissertações, entrevistas, pesquisas e o que mais o professor desejar.

  • Diários – Os diários são registros que os aprendizes elaboram à medida que lidam com alguma experiência de aprendizado. Por exemplo, os aprendizes em um curso orientado para o processo podem precisar adquirir uma aptidão (desenho, manuseio de equipamento etc.)

  • Fazer a montagem de seu próprio Website – Você pode encorajar seus discípulos a montarem seu website para: educar uma audiência-alvo no seu campo profissional; executar um trabalho; apresentar os fatos; ensinar conceitos/definições; mostrar procedimentos (como isso funciona?); e outros.

  • Diferenças fundamentais – É verdade que as mudanças no ensino e aprendizado on-line ocorrem tão rápido que é impossível estar a par de tudo. Portanto, o professor não deve ficar tenso e sentir-se ultrapassado. A partir do momento que você e sua escola escolherem um método para ensinar a distância, pode ter certeza de que, em uma semana, aparecerá algo mais novo e avançado. Ótimo, bom para eles, concentre-se em tirar o máximo do programa que você tem em mãos.

    Contudo, isso não significa que o educador deva se acomodar. Aprender e desenvolver-se deve ser algo feito a uma velocidade cada vez maior.

    O ensino on-line pode inicialmente ser muito assustador para o professor acostumado a dar aulas à maneira tradicional, face a face. Mas ele também pode ser muito gratificante quando o mestre percebe que conseguiu estabelecer uma intensa rede de relacionamentos, e todos os aprendizes estão envolvidos no ensino, o que é difícil de alcançar no ensino tradicional.

    Persista. Os resultados vão valer a pena.

    Colaboração: Brasílio Neto
    OBS.: Matéria cedida pela Revista Profissão Mestre
    Site: www.profissaomestre.com.br