Trabalho
aborda diversos tipos de "fomes" geradas no seio da modernidade
Por
Andréia Brilhante
“Brasil, você
tem fome de quê?” A pergunta foi tema de um projeto pedagógico desenvolvido
com alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Nicarágua, localizado em
Realengo. No trabalho, que teve a interação de várias disciplinas, foram
abordados diversos tipos de “fomes” geradas no seio da modernidade, como
a fome de conhecimento, de carinho, de justiça e de prazer, que são necessidades
básicas inerentes ao ser humano.
A idéia foi conscientizar os alunos de que eles não precisam só de alimentos
para o corpo, mas também para a alma, uma vez que o corpo não necessita
apenas de comida, mas também de sonhos e ideologias. Com poemas, poesias,
dramatizações, cartazes, músicas, paródias e outras atrações, as turmas
mostraram-se muito à vontade para falar sobre um dos maiores problemas
do Brasil: a fome de comida e de valores.
Em uma das encenações, os alunos falaram da precariedade alimentar de
uma nação que ocupa um significativo quinto lugar em extensão territorial,
com mais de 8 milhões de hectares de terras, e está entre uma das maiores
potências na produção de grãos. Parece ser contraditório, mas, na prática,
vemos que não é, haja vista o empenho do atual governo em priorizar o
programa Fome Zero, que tem por objetivo garantir quantidade, qualidade
e regularidade no acesso à alimentação, dando segurança alimentar para
46 milhões de brasileiros que hoje dispõem de menos de US$ 1 por dia para
sobreviver.
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Já
a fome de valores, que aflige grande parte da população brasileira, foi
marcada pela subjetividade do poema “Os Pobres”, de Olavo Bilac: “Aí vem
pelos caminhos, descalços, de pés no chão, os pobres que andam sozinhos
implorando compaixão. Vivem sem cama e sem teto, na fome e na solidão.
Pedem um pouco de afeto, pedem um pouco de pão...”. Segundo a professora
de Língua Portuguesa Sandra Ramiro, o trabalho enfatizou que não importa
o que somos, mas do que nos alimentamos, e que, dentro desse contexto
– fome de comida e de valores –, a metáfora coração também precisa estar
muito bem alimentada.
No decorrer
do evento, os alunos apresentaram um esquete produzido a partir das músicas
“Brasil”, de Cazuza, e “Comida”, dos Titãs: “A gente não quer só comida,
a gente quer comida, diversão e arte...”. O aluno Patrik Souza de Jesus
soltou a voz e cantou “Fome”, de sua autoria, levantando aplausos do público.
“Quatro letras e uma concepção. Depende de você mudar ou não. Palavra
tão forte, mas também pode levar à morte... o que temos feito para tentar
mudar essa situação?”, questionou a letra da música.
Antes de finalizar o trabalho, os alunos e professores de Física e Biologia
mostraram o valor energético dos alimentos a partir de suas cores. O professor
de Biologia Jorge Antônio Oliveira Campos disse que os alunos viram a
importância dos alimentos verdes como fontes de vitaminas. Houve uma interação
dessa disciplina com a Física, que demonstrou como as cores dos vegetais
são liberadas de acordo com os comprimentos de ondas recebidas por eles.
A culminância do trabalho foi um sucesso de público e, no que depender
do diretor do Colégio Nicarágua, professor Jorge Luiz Portilho, muitos
outros projetos acontecerão. “Queremos resgatar a credibilidade da escola
pública que é vista como sem qualidade. Desde o porteiro ao diretor, o
colégio tem o objetivo único de servir à comunidade escolar com ensino
de qualidade”, finalizou o professor.
Colégio Estadual Nicarágua
Tel.: (21) 2401-5733
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