Alunos do CETETEQ expõem seus projetos baseados em pesquisas científicas

Por Tony Carvalho

Muito mais do que aprender fórmulas ou conceitos, os alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica de Química do Rio de Janeiro praticam a ciência viva, detectando problemas e buscando soluções para atender às necessidades da comunidade. Tendo como base esse paradigma, alunos e professores do CEFETEQ realizaram a XXII Semana da Química.

O evento abriu as portas da escola para mostrar à comunidade externa a produção dos alunos durante todo o ano letivo. Os 16 projetos apresentados refletem bem a cara da instituição, voltada para a formação de profissionais, o que a coloca entre as cinco primeiras instituições no ranking nacional de escolas públicas de nível técnico.

“A linha de projetos é a pesquisa, desenvolvida a partir de um tema. As observações do trabalho de campo são relatadas e também são colhidas amostras. Há sempre a valorização do exercício pedagógico durante o transcorrer do projeto e o professor é um orientador das etapas que serão desenvolvidas pelos alunos”, explica a professora Rosângela Rosa, que integra a comissão de divulgação do evento.

O diretor da unidade do CEFETEQ-Rio, professor Eudes Pereira de Souza Júnior, ressalta que o grande diferencial dos projetos apresentados pela instituição é o caráter de pesquisa científica aprofundada. Não há uma preocupação de produzir algo impactante, em termos de imagem, mas sim o interesse de fazer com que cada projeto tenha possibilidade de ser ampliado, podendo gerar resultados científicos de grande importância.

Ele lembra que, em anos anteriores, projetos apresentados durante a Semana da Química já atraíram o interesse de empresários. “Algumas de nossas alunas desenvolveram uma massa de pizza light, que acarretou enorme repercussão na mídia. Outro projeto que despertou o interesse de muitas empresas foi a farinha feita de semente de abóbora, que pode ser utilizada na fabricação de bolos e pães. Ano passado, um projeto de pesquisa de microorganismos em veículos urbanos foi alvo de muitos elogios, inclusive rendendo premiações para seus autores”, relembra.

O professor Hiram Araújo, coordenador dos projetos, afirma que os trabalhos desenvolvidos este ano podem ser divididos em dois grupos: os didáticos, cujo objetivo é divulgar a ciência; e o grupo dos técnicos, que utiliza uma metodologia para adquirir dados e, com eles, propor solução para um determinado problema.

Para ele, o engajamento do aluno nesses projetos é um passaporte para o sucesso profissional. “Ao expor um projeto, o aluno está desenvolvendo habilidades que normalmente não são desenvolvidas em sala de aula, o que lhe dá um suporte para seguir adiante na sua vida profissional com muito mais chances”, afirma.

Hiram fala do empenho dos alunos em todos os projetos e destaca um deles que promete atrair maior interesse. “Os alunos produziram um hambúrguer com grande capacidade nutricional de absorção do ferro. O nosso organismo não aproveita 100% do ferro ingerido, porque necessita estar em condições adequadas para poder absorver essa vitamina. Os alunos pesquisaram e encontraram uma solução para o problema” diz.

Paula, aluna do quarto período de Alimentos e uma das autoras desse projeto, afirma que a idéia surgiu a partir de uma pesquisa segundo a qual 25% da população mundial sofre de deficiência de ferro. “Acrescentamos brócolis ao hambúrguer de soja e, para que o organismo absorva todo o ferro, adicionamos vitamina C”, revela.

Fernanda, aluna do quarto período de Biotecnologia, realizou um projeto para identificar a relação entre o consumo de soja e a redução das células de câncer de mama. “A reposição de hormônios naturais sem utilizar estrogênios sintéticos reduz o índice da doença. Testamos dois tipos de células tumorais e constatamos que houve uma inibição nas células que receberam a solução contendo substâncias extraídas da soja. Contudo, esse não pode ser o único tratamento, tendo em vista que um outro grupo de células não respondeu satisfatoriamente”, alerta.

Roney, aluno do quarto período do curso de Alimentos, apresentou um projeto de controle microscópico de produtos à base de frutos. “O objetivo é saber se os produtos industrializados que chegam à mesa do consumidor apresentam alguma adulteração ou contaminação. De um modo geral, o padrão sanitário e de qualidade dos produtos é aceitável, já que de vinte amostras analisadas, apenas duas foram reprovadas por adulteração”, explica.

Outro projeto que chamou a atenção dos visitantes foi o da reconstituição, em um aquário, do ecossistema marinho. Os próprios alunos e professores fizeram a coleta do material, realizando mergulhos em alto-mar. O trabalho consistiu em avaliar os fatores ambientais da vida marinha e, depois de estudos pormenorizados, reproduzir esse habitat em um aquário.

Um ensino comprometido com a formação do cidadão, que use os seus conhecimentos para ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas – essa é a grande lição que cada aluno do CEFETEQ sabe de cor. “A nossa preocupação é oferecer um ensino engajado com os problemas e capaz de apresentar, no final, algum resultado ou solução”, completa Rosângela Rosa.

Alguns Projetos apresentados na exposição:

¨ Identificação de aromas natural e artificial em amostras de chiclete;
¨ Avaliação dos teores de cafeína e de outras metilxantinas em alimentos e fármacos;
¨ Química e cotidiano;
¨ Avaliação da quantidade microbiológica de refrescos pasteurizados comercializados;
¨ Elaboração de protocolo para identificação de pacientes com anemias carenciais seguido de tratamento adequado;
¨ Coleta seletiva de lixo no CEFETEQ;
¨ Influência do extrato de semente de soja sobre adesão e proliferação de células de câncer de mama MCF-7;
¨ Controle microscópico de produtos alimentícios à base de frutos;
¨ Probióticos e prebióticos;
¨ Estudos preliminares de otimização da biodisponibilidade de ferro em hambúrguer de soja;
¨ IQTL;
¨ Importância do ecossistema marinho e o controle dos fatores ambientais em sistemas de aquários marinhos;
¨ Aditivos alimentares: ruim com eles ou pior sem eles?;
¨ Tecnologia e saúde;
¨ Limpeza de objetos de prata e procedimentos de prateamento;
¨ Universo da microscopia.

CEFETEQ-Rio – Tel.: (21) 2569-1771