Estudantes passam um dia na minifazenda da Fundação RIOZOO e aprendem várias peculiaridades sobre animais

Por Jaciara Moreira

Há momentos em que a sala de aula parece pequena para tudo o que se quer ensinar. Nessas horas, então, resta ao educador usar a imaginação e buscar em outros espaços as respostas para o questionamento dos alunos. Foi o que fez a professora de Educação Infantil Mirian Vieira, do Ciep Doutor Bento Rubião, localizado na Rocinha, Zona Sul do Rio.

Para mostrar aos alunos as diferenças entre animais domésticos e selvagens, ela recorreu à minifazenda da Fundação RIOZOO, que funciona no Jardim Zoológico da Quinta da Boa Vista.

“A visita à minifazenda funciona como uma aula prática. Na sala, estamos trabalhando os animais domésticos com base em pesquisas e, aqui, os alunos tiveram a oportunidade de ver o que é mostrado nos livros”, disse Mirian.

Na minifazenda, os alunos aprendem tudo sobre os animais domésticos, desde como eles vivem e se alimentam até as diferenças entre macho e fêmea. Eles ficam sabendo, por exemplo, que o pato possui uma substância que impede que suas penas grudem quando ele mergulha, por isso, ao contrário da galinha, ele consegue nadar.

Descobrem, ainda, que os bichos domésticos não são apenas os gatinhos e cachorrinhos que eles têm em casa. O boi, a vaca, o cavalo, o porco, o jumento, a ovelha e todos aqueles outros animais que são úteis ao homem e podem ser criados em fazendas são considerados domésticos. No caso específico da minifazenda da RIOZOO, há uma exceção a essa fauna: uma jibóia. Mansa, ela recebeu o nome de Boazinha e é a grande sensação do espaço. Segundo a coordenadora do projeto minifazenda, Nilcéa Vieira, a cobra foi incluída no projeto como mais um recurso pedagógico.

No início, explica, o trabalho com a jibóia era voltado apenas para crianças portadoras de deficiência visual para ajudá-las a entender melhor as diferenças entre um animal com pelo, pena ou escama (caso da cobra). De acordo com a coordenação do projeto, as explicações dos veterinários para aquelas crianças se tornavam muito subjetivas, conceituais. Por isso, o manejo dos animais passou a ser fundamental na minifazenda. Com a inclusão de Boazinha no roteiro de visitas, os coordenadores buscaram ainda desmitificar algumas crendices que são atribuídas às cobras e ressaltar a importância do animal para a natureza.

Durante a visita, as crianças alimentam os animais e podem tocar neles para sentir a temperatura do corpo e a pelugem, mas sempre sob a orientação dos veterinários, que ensinam aos alunos a maneira correta de se aproximar dos bichos. “Aqui todos são mansos porque são preparados desde cedo para receber o público, mas é importante que os alunos saibam o que o animal gosta, o que ele aceita e o que o faz atacar. Esse contato direto vai ajudá-los no dia-a-dia”, afirma Nilcéa.

A professora Mirian acrescenta que este tipo de atividade também contribui para o desenvolvimento pedagógico da criança, já que ela tem a oportunidade de vivenciar experiências sensoriais e afetivas, além de ter a criatividade bastante estimulada.

Outra experiência interessante vivida pelas crianças na minifazenda é a observação no ovoscópio – uma espécie de microscópio improvisado com tubos de cartolina preta que, colocados sobre uma caixa de madeira com iluminação interna, permitem que as crianças vejam o ovo por dentro e saibam se ele foi, ou não, fecundado. A pequena Miriam Macedo da Silva, de 5 anos, adorou a novidade: “Eu nunca tinha visto um pintinho dentro do ovo. Foi muito legal. Depois da cobra e do coelhinho, foi o que mais gostei”.

Além de animais, a minifazenda conta com uma horta e um minhocário (área para reprodução de minhocas).

Como funciona

Aminifazenda, criada em 1986 e reinaugurada há três anos, possui um roteiro de visitas orientadas para estudantes de 4 a 8 anos. Os professores interessados em incluir o passeio nas atividades pedagógicas devem fazer o agendamento pelo telefone (21) 2567-9732 ou (21) 2569- 2024, ramais: 253/227, com pelo menos um mês de antecedência, e confirmar a ida três dias antes da data marcada. As visitas duram, em média, duas horas e acontecem de terça a quinta-feira, em dois horários, às 10h e às 14h, de março a dezembro, com intervalo em julho. São aceitos apenas 25 alunos por grupo.

Tanto as escolas públicas como as particulares podem participar. A diferença é que para as particulares é cobrada uma taxa de R$ 8 por aluno (R$ 4 do projeto e R$ 4 da bilheteria), enquanto que as da rede pública têm entrada franca. Para elas, são reservadas as duas últimas quartas-feiras de cada mês. Os professores, de qualquer segmento, não pagam.